Segure a onda: dicas para evitar que o álcool estrague as festas e o verão

Junto com o verão e as festas de fim de ano, vêm aquele clima de oba-oba e confraternização (ou não) tão típicos da época. Nesses momentos de curtição —que envolvem a happy hour da firma, o jantar com os amigos, a ceia com a família, a viagem para a praia, o fim de semana nas piscina e por aí vai— as bebidas alcoólicas entram em cena com força para "alegrar" ainda mais os encontros.

Alegrar entre aspas porque, bom, quem já exagerou na dose sabe que o álcool pode trazer muitos transtornos —tanto para as pessoas ao redor como para a própria saúde, na forma de ressaca (física e moral) no dia seguinte. Então, que tal incorporar os votos de renovação e prosperidade de 2024 e segurar a onda dessa vez?

O que o álcool causa no nosso corpo?

As bebidas alcoólicas fazem parte de celebrações humanas há séculos. Uma das teses, defendida pelo filósofo americano Edward Slingerland (professor da da Universidade de British Columbia, no Canadá), é de que elas foram criadas para ajudar indivíduos desconfiados a serem mais colaborativos na sociedade.

Outros historiadores acreditam que as bebidas agradavam por sua capacidade de alterar a nossa consciência, estimulando assim a criatividade e o desenvolvimento cultural da sociedade.

Isso ocorre porque, uma vez que esteja na corrente sanguínea, o álcool pode provocar diversos efeitos: inicialmente, relaxamento, euforia, prazer e excitação —daí o nosso hábito de sempre incluí-las em festas e outras celebrações.

Por que ficamos de ressaca?

Essa é fácil: porque bebemos demais, sobrecarregando o corpo —que dá sinais disso. Para começar, muito álcool no corpo altera para valer a cognição e reduz a capacidade de concentração, atenção e formação de memórias —daí o famoso esquecimento que ocorre após a alta ingestão de bebida.

Outro ponto é que o excesso de álcool sobrecarrega o fígado, que, sem dar conta de exercer sua função plenamente, não consegue distribuir a glicose (um molécula de açúcar que funciona como combustível para as células do corpo) para tecidos e órgãos. Resultado: você começa a sentir dor de cabeça e uma fadiga enorme, sintomas causados pela hipoglicemia.

Já a irritação causada na mucosa do estômago provoca sensação de náusea e vômitos. O mal-estar generalizado ainda pode ficar pior, já que, como diurético, o álcool faz o corpo perder mais água. Se ela não for reposta, vem desidratação, que também provoca sensação de cansaço e dor de cabeça.

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Misturar bebidas faz mal?

Existe uma lenda urbana que diz que misturar bebidas fermentadas (cerveja, vinho, saquê etc.) com destilados (como cachaça, gim e tequila) pode dar ruim e deixar a pessoa muito bêbada. Mas essa história é só isso mesmo: uma lenda.

Na verdade, pouco importa qual o tipo de bebida ingerida: o que deixa a pessoa muito bêbada (e, consequentemente, com uma ressaca brava) é a quantidade excessiva de álcool consumida, e não a interação entre elas.

Para entender como isso ocorre, precisamos primeiro lembrar que toda bebida tem um teor alcoólico diferente. Nesse sentido, os destilados costumam apresentar teores mais altos do que os fermentados.

Aí é uma questão de matemática: quem tomar uma caipirinha, por exemplo, tem uma margem de segurança menor para tomar uma cerveja sem ficar mal —já que, no saldo final, a ingestão de álcool já estava alta ao fim do primeiro drinque.

Outro fator importante é que alguns destilados, como gim e saquê, têm sabor leve e combinam com drinques adocicados, o que estimula o consumo rápido e em maior quantidade. Só que o gim, por exemplo, pode ter até 40% de teor alcoólico —ou seja, também deixa uma margem pequena para combinar com outras bebidas.

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Como evitar a ressaca e não estragar as festas de fim de ano?

Não tem segredo: basta beber menos ou simplesmente não beber. E sim, é possível aproveitar a confraternização sem álcool. Uma solução é investir em coquetéis sem álcool, geralmente feitos com soda ou água com gás (para o efeito visual das bolhas), fruta e xaropes concentrados.

Se a pedida é manter-se dentro do saudável, a boa e velha água com gás (novamente, o efeito das bolhas de gás é festivo), gelo e limão é infalível. Água de coco, suco de frutas (sem açúcar) e águas aromatizadas com frutas também funcionam bem nessas ocasiões.

E a cerveja sem álcool? Embora o apelo seja grande, ela tem um valor calórico significativo e deve ser consumida com moderação. Mas, se puder, melhor evitar.

Se a ideia é beber pouco, uma forma de reduzir o impacto no organismo é intercalar o (pouco) álcool com água, para não deixar o organismo desidratar. Ingerir carboidratos e manter o estômago cheio também vai ajudar a manter o nível de glicose no sangue e segurar sintomas como náuseas e vômitos.

Fontes: Ana Karla Rodrigues dos Santos, especialista em nutrição da rede de clínicas AmorSaúde de Palmas (TO); Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta, em São Paulo; Saskia Regina Freitas Coppens, médica clínica geral da rede de clínicas AmorSaúde de Itajaí (SC) e de Florianópolis (SC).

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