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Alergia e queimadura: tatuagem de henna não é tão inofensiva quanto parece

Tatuagem de henna: reações alérgicas podem deixar cicatrizes ou marcas mais claras na pele - Getty Images/iStockphoto
Tatuagem de henna: reações alérgicas podem deixar cicatrizes ou marcas mais claras na pele Imagem: Getty Images/iStockphoto

Luciana Cavalcante

Colaboração para VivaBem

04/03/2023 04h00

A tatuagem de henna, comum nas praias durante o verão, não é tão inofensiva quanto se pensa. Nas últimas semanas, relatos de queimaduras e reações alérgicas após a tatuagem chamaram a atenção para os riscos do desenho temporário na pele.

Especialistas ouvidos por VivaBem fazem o alerta e indicam cuidados.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, não há dados sobre o número de problemas com a tatuagem de henna, mas atendimentos nos consultórios são mais comuns nesta época do ano.

O problema não é a henna em si, mas outros produtos que são adicionados a ela e que podem provocar reações alérgicas e até queimaduras, explica a médica dermatologista Rosana Lazzarini.

A tatuagem utilizada nas praias não é feita exclusivamente de henna. Ela contém um pigmento para mantê-la na pele por mais tempo. É o mesmo usado nas tinturas de cabelo, a parafenilenodiamina. É um alérgeno [causador de alergia] forte e capaz de induzir reações alérgicas no local onde foi aplicada a tatuagem
Rosana Lazzarini, dermatologista

Os sintomas podem ocorrer em pessoas de qualquer idade que tenham predisposição à dermatite alérgica de contato, com risco de causar problemas mais graves.

O risco está ligado ao sol? Não necessariamente. Ainda segundo Lazzarini, sozinha a tatuagem de henna já pode causar prejuízos à pele, independente se também houve exposição solar, uso do protetor solar ou contato com frutas cítricas.

"Algumas vezes essas reações são intensas chegando ao ponto de levar à formação de bolhas e o quadro pode evoluir com prurido local (coceira)", ressalta.

As reações alérgicas podem deixar cicatrizes ou marcas mais claras na pele, explica a médica.

A dermatologista pediátrica do hospital Albert Einstein e presidente do Departamento de Dermatologia na Sociedade de Pediatria de São Paulo, Selma Furman Helene, reforça os riscos de outros componentes desconhecidos pelos usuários.

Na análise da especialista, os riscos são maiores para peles sensíveis como de crianças e idosos.

Henna - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Tatuagem de henna: problema é maior em peles sensíveis
Imagem: Getty Images/iStockphoto

"Isso pode ampliar o risco e agravar os quadros pela origem duvidosa deste e outros produtos adicionados à tatuagem", afirma.

Segundo Renata Magalhães, professora de dermatologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o local onde a tatuagem é feita também influencia. Em indivíduos que têm predisposição à reação ao produto e em locais onde a pele é mais fina, a reação pode ser mais intensa e duradoura.

Isso pode durar horas, dias depois da aplicação ou até semanas até sarar completamente. Em casos mais agudos, a pele pode ter vermelhidão, coceira, formação de bolhas, crosta e, depois que o pigmento é eliminado, podem vir as lesões residuais. Dependendo da intensidade, podem ficar alterações na cor da pele, esbranquiçado ou amarronzado, até cicatrizes mais profundas.
Renata Magalhães, professora de dermatologia da Unicamp

Água salgada e areia pioram

Magalhães cita ainda alguns agravantes para quem faz uso do produto na praia. O contato com a água salgada ou a areia, por exemplo, podem acentuar o caso se já existe uma irritação no contato com a tatuagem de henna.

Todos os especialistas ouvidos por VivaBem orientam que, em caso de alguma reação, o indicado é que o paciente procure um dermatologista para uma avaliação do caso.

"Os tratamentos podem variar desde uma limpeza local com produtos anti-inflamatórios, corticoides tópicos, antialérgicos orais. Mas, quem apresentar uma reação indesejada deve procurar um dermatologista, que vai prescrever o tratamento tanto na fase aguda, como na lesão residual, se houver manchas ou cicatrizes", explica Magalhães.