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Nova vacina contra dengue: entenda como funciona, quem pode tomar e efeitos

Reuters/Paulo Whitaker
Imagem: Reuters/Paulo Whitaker

De VivaBem*, em São Paulo

03/03/2023 15h30

A Anvisa aprovou nesta quinta-feira (2/3) uma nova vacina contra a dengue, a segunda registrada no Brasil. O diferencial da nova droga é ser destinada a um público mais amplo —pessoas de 4 a 60 anos de idade— e independer de o indivíduo ter tido a doença antes ou não.

Batizado de Qdenga, o produto foi desenvolvido pela farmacêutica japonesa Takeda com eficácia geral de 80,2%. Nos estudos, que incluiu mais de 28 mil crianças e adultos, a vacina preveniu 90,4% das hospitalizações 18 meses após a aplicação.

O imunizante anterior, aprovado em 2015 e feito pela Sanofi, só era recomendado para quem já teve a doença e em um público de 9 a 45 anos de idade. Além disso, seria ministrado em três doses, enquanto a nova vacina será aplicada em duas doses.

Com esses avanços, a Qdenga se mostra mais promissora no combate à dengue, doença que em 2022 provocou 1.016 mortes no país, um recorde, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

"Traz, de fato, uma luz no fim do túnel da população, que vai poder receber uma vacina de controle maior dessa doença, principalmente em relação à gravidade, hospitalização e morte", comenta Lorena de Castro Diniz, membro da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).

Como a nova vacina contra dengue funciona?

  • A vacina da Takeda é composta de versões atenuadas dos quatro diferentes sorotipos do vírus causador da dengue. Ou seja, nela estão vírus vivos enfraquecidos.
  • Depois da aplicação, o sistema imunológico identifica esses sorotipos atenuados como estranhos e começa a produção de anticorpos contra eles.
  • Quando a pessoa for exposta ao vírus, o sistema imunológico vai reconhecê-lo e pode produzir mais anticorpos para neutralizar o agente infeccioso antes que ele cause a dengue.

Diniz explica que a produção de anticorpos demanda tempo, dependendo da replicação viral.

"Depois do quinto dia, começa a produzir anticorpos, chegando ao máximo de 15 dias, e faz um reforço de indução para aumentar os anticorpos após três meses com a segunda dose", afirma.

Quem pode tomar a nova vacina?

  • Pessoas de 4 a 60 anos de idade
  • Indivíduos que já tiveram dengue
  • Pessoas que nunca tiveram dengue

O imunizante é aplicado num esquema de duas doses com intervalo de três meses.

Quem não pode tomar a nova vacina?

A especialista da Asbai diz que, por ser uma vacina de vírus atenuado, ela é contraindicada para pessoas que fazem uso de imunossupressores. Geralmente, são indivíduos que têm doenças autoimunes e usam medicamentos que baixam a imunidade.

Qual é a vantagem da nova vacina?

Além de atingir um público maior, descartar a necessidade de teste para saber se a pessoa já teve dengue ou não é vantajoso. Isso porque o acesso ao exame é difícil, geralmente disponível apenas em rede particular. E se o teste for feito, o resultado pode não ser 100% confiável, principalmente se a infecção ocorreu há muitos anos.

A nova vacina contra a dengue tem efeitos colaterais?

Os efeitos colaterais relacionados ao novo imunizante são comumente percebidos em outras vacinas, como:

  • Dor e vermelhidão no local da aplicação
  • Dor de cabeça e muscular
  • Mal-estar geral e fraqueza
  • Febre

Em 2022, a Qdenga foi aprovada pela agência sanitária europeia, a EMA, que ressaltou que os efeitos colaterais são de gravidade leve a moderada e desaparecem em poucos dias. Eles costumam ocorrer com maior frequência depois da aplicação da primeira dose.

Diniz reforça que a farmacovigilância, que é o monitoramento de medicamentos, nunca termina e adiciona mais segurança ao composto. "Com maior número de pessoas sendo vacinadas, sempre há possibilidade de surgir evento não encontrado na pesquisa, que chamamos de 'supostamente atribuído à vacina', porque nem sempre ela é o fator causal."

A vacina já está disponível?

Com a aprovação no Brasil, ela pode ser comercializada na rede privada e no SUS. O Ministério da Saúde precisa ainda decidir se irá incorporá-la no sistema público.

*Com informações da DW.

Errata: este conteúdo foi atualizado
O texto dizia que a dengue tem alta taxa de mortalidade, mas não tem. A informação foi corrigida.