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Cor do verão? Proibido, bronzeamento artificial faz mal à saúde; entenda

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Imagem: iStock

Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

11/11/2022 04h00

Vem chegando o verão e a vontade de exibir as peles bronzeadas aumenta. Para acelerar o processo, muitas pessoas recorrem às câmaras de bronzeamento artificial. Nas redes sociais, é bem frequente os famosos mostrarem os resultados obtidos após o procedimento.

Contudo, o bronzeamento artificial é proibido no Brasil há quase 11 anos, por meio da resolução RDC nº 56/2009 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de 2009 para todo território nacional, considerando que não existem benefícios que contraponham as ameaças decorrentes do uso dos equipamentos para fins estéticos e, também, as dificuldades de se determinar um nível de exposição seguro.

Apesar disso, muitas clínicas desobedecem à proibição e oferecem o procedimento, cuja luz ultravioleta foi classificada, também, pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer) da OMS (Organização Mundial da Saúde) como agente carcinogênico.

Há ainda um projeto de lei (PL 1285/22) que visa derrubar a resolução da agência reguladora. Na opinião de Taciana Dal'Forno Dini, médica dermatologista e diretora da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica), suspender a proibição pode ser um perigo para a saúde da população e representa um retrocesso.

"As evidências para corroborar os supostos benefícios associados ao procedimento são insuficientes, como a ativação da vitamina D ou de melhora do humor, visto que a relação com a ocorrência do câncer de pele (incluindo os tipos mais agressivos) está amplamente documentada na literatura científica, como a pesquisa Bronzeamento artificial: evidências em torno das alegações de saúde anunciadas, publicada em agosto/2021, que revisou todos os últimos estudos científicos sobre o assunto", afirma.

Mutações nas células e processos cancerígenos

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Imagem: iStock

Uma sessão de meia hora de bronzeamento artificial equivale a várias horas de exposição ao sol forte e as consequências, muitas vezes, são percebidas apenas tempos depois, como manchas, rugas, envelhecimento precoce e outros problemas associados ao excesso de sol.

Além disso, acontecem queimaduras graves em todo o corpo, sintomas sistêmicos típicos de insolação —febre, dor de cabeça e perda de consciência— e até mesmo malefícios aos olhos, em especial, quando há falhas no equipamento.

As câmaras emitem radiação UVA (ultravioleta A) que penetra de maneira profunda na pele, altera as fibras de colágeno e elastina e amplia o risco de câncer de pele, de acordo com Meire Parada, médica dermatologista, presidente da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica).

"Como a radiação UVA não causa vermelhidão, ao contrário do que ocorre com a radiação UVB, muitos adeptos do bronzeamento artificial acreditam que a prática é mais segura e não danifica a pele. Mas, na verdade, é o oposto."

Não existe bronzeado saudável

Qualquer bronzeado é uma reação instintiva da pele em reagir a uma agressão. É uma resposta aos danos causados ao DNA celular pela exposição à radiação ultravioleta, emitida tanto por fontes naturais, como o sol, como artificiais, como as câmaras de bronzeamento.

"O acúmulo modifica o DNA das células cutâneas e leva a mutações que elevam a incidência de câncer de pele", fala Renato Marchiori Bakos, médico dermatologista e coordenador do departamento de oncologia cutânea da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

A recomendação é, além de não fazer bronzeamento artificial, proteger bem a pele com filtro solar e acessórios quando a exposição for mais abundante e, principalmente, evitar o sol nos horários em que a radiação ultravioleta é mais intensa, das 9h às 15h.

Corpo bronzeado - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Algumas lesões são difíceis de reverter e a incidência do câncer de pele cresce de forma exponencial no mundo. Por isso, o autoexame é sempre indicado para identificar algum sinal ou anomalia suspeita. "Manter hábitos saudáveis ao se expor ao sol e ter a pele examinada por médico com regularidade são as melhores formas de minimizar os malefícios", enfatiza Bakos.

As alterações causadas pela radiação ultravioleta são:

  • manchas escuras na pele (melanoses ou hiperpigmentações em algumas áreas)
  • perda do viço pela degradação do colágeno que causa flacidez precoce
  • aparecimento de pintas e variações nas já existentes, com aspecto pré-maligno ou maligno

"A AAD (Academia Americana de Dermatologia) relata que o uso das câmaras de bronzeamento antes dos 20 anos aumenta em 47% a ocorrência de melanoma, o câncer de pele mais agressivo e letal. Os riscos crescem a cada uso", informa a presidente da SBCD.

Além disso, conforme os dados da AAD, eleva em 24% o surgimento de carcinoma basocelular, o tipo de câncer de pele mais comum, e em 58% os índices carcinoma espinocelular, o segundo tipo mais frequente.

"Ambos são menos agressivos e letais que o melanoma, mas são tumores malignos que exigem tratamento. Outros estudos apontam um risco 75% maior de melanoma para quem fizer bronzeamento artificial antes dos 35 anos."

Sem exigir exposição aos raios ultravioleta, as loções autobronzeadoras são cosméticos que reagem na camada mais superficial da pele —a epiderme—, tingindo-a, cujo efeito desbota com o passar do tempo. "O único perigo é a reação alérgica ao produto, por isso é importante testar antes", explica Parada. Maquiagens e bases podem ser uma solução temporária.

Fontes: Meire Parada, médica dermatologista, presidente da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica); Renato Marchiori Bakos, médico dermatologista, coordenador do departamento de oncologia cutânea da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), professor de dermatologia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e chefe do serviço de dermatologia do HCPA (Hospital de Clínicas de Porto Alegre); e Taciana Dal'Forno Dini, médica dermatologista e diretora da SBCD.

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