Levar susto cura crise de soluço? E prender respiração? Pode virar doença?
![Prender a respiração é uma boa técnica para curar uma crise de soluço - iStock](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/85/2021/12/12/mulher-segurando-a-respiracao-soluco-bochechas-cheias-1639328234563_v2_900x506.jpg)
Está com soluço? Experimente levar um baita susto. Mas tem que ser um susto de verdade, daqueles totalmente inesperados, para funcionar. Por mais anedótico que pareça, esta técnica realmente é capaz de curar essas contrações involuntárias do diafragma, que podem durar dias e até mesmo ser indício de algum problema de saúde.
Um soluço acontece quando os músculos diafragma (entre o abdome e o tórax) e intercostais (entre as costelas) se contraem involuntariamente. Ao fazer isso, "puxam" os pulmões para baixo e provocam o fechamento da glote durante a inspiração. Isso gera aquele barulhinho característico que emitimos ao soluçar.
Uma crise de soluço pode começar de várias formas. A mais comum delas vem de uma respiração "errada". Por exemplo: quando choramos por vários minutos seguidos, estimulamos o diafragma em excesso, o que pode levar o músculo a se contrair involuntariamente. Vem daí a expressão "chorar de soluçar".
Bebidas alcoólicas também podem dar início a uma crise de soluços. Quando ingerido, o álcool é capaz de irritar um nervo conectado ao diafragma, o que é suficiente para criar um estímulo nervoso. Mudanças bruscas de temperatura, (como beber algo muito gelado depois de um alimento quente) e intoxicações por substâncias (como o álcool) também provocam crises.
Soluços ainda podem ser sintomas de doenças da caixa torácica ou do tubo digestivo (como refluxo), de estresse e ansiedade, bem como indicar problemas neurológicos ou psiquiátricos. E há as crises que os médicos simplesmente não conseguem identificar como começaram.
Qual o tratamento para o soluço?
Não existe uma cartilha da medicina que indique um procedimento padrão para o tratamento de crises de soluços. Mas os médicos sabem que várias receitinhas populares são, sim, eficazes:
- susto (técnica muito comum em antigos desenhos animados)
- beber água rapidamente
- chupar um limão
- prender a respiração por alguns segundos
- chupar gelo
Algumas dessas manobras atuam no nervo que estimula o diafragma (como chupar limão); outras influem diretamente com a musculatura (prender a respiração).
É possível tentar todas essas manobras gradualmente, até o soluço passar. Também dá para combinar alguns procedimentos, como tapar o nariz com a mão e beber água ao mesmo tempo.
Se os soluços persistirem por muito tempo, é recomendável procurar um médico. Ele poderá receitar medicamentos para o tratamento de enjoos ou outros remédios que podem ajudar a interromper a crise.
Existem três tipos de crises de soluço
Uma pessoa pode soluçar de quatro a 60 vezes por minuto —a frequência varia de acordo com o indivíduo. As crises mais comuns têm curta duração: ocorrem por apenas alguns minutos. São os soluços "episódicos".
Pessoas que soluçam por mais de dois dias seguidos entram no grupo dos "persistentes" e devem procurar um médico.
As origens podem ser diversas: desde um simples refluxo (subida dos ácidos do estômago para o esôfago) a doenças neurológicas (incluindo derrames e alzheimer), passando por estresse físico e até tumores.
Bem mais raros são os soluços "intratáveis", que podem durar mais de um mês. Mas crises superiores a dois dias já podem causar consequências para a saúde, como problemas de nutrição (por não conseguir comer), distúrbios do sono, inflamações no esôfago e arritmias cardíacas.
Em caso de crise persistente, o médico poderá solicitar uma série de exames e, a partir daí, indicar o medicamento mais adequado. Não existe um remédio que sirva exclusivamente ao tratamento do soluço: fórmulas usadas para tratar epilepsia, esquizofrenia, dores crônicas, doenças neurológicas e até anestésicos podem ser indicadas.
Na imensa maioria das vezes, no entanto, os soluços costumam sumir da mesma maneira como surgiram: de repente.
Nas situações em que não é possível encontrar uma causa, que são raras, é comum os médicos tentarem amenizar os sintomas com sedativos e relaxantes musculares.
Fonte: Roberto José Carvalho Filho, professor de gastroenterologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e Sidney Klajner, médico-cirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, especialista em gastroenterologia.
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