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Preparador físico tem dieta à base de carnes cruas; quais os riscos?

Weam Breiche, preparador físico, come carne crua - Reprodução/Instagram
Weam Breiche, preparador físico, come carne crua Imagem: Reprodução/Instagram

Sarah Alves

Do VivaBem, em São Paulo

18/03/2022 17h22

Um preparador físico norte-americano viralizou nas redes sociais ao compartilhar que tem uma dieta baseada em carnes cruas de cortes como fígado, cérebro, rins e testículos.

Weam Breiche, de 31 anos, afirmou em um vídeo que ingere cerca de 4.500 calorias por dia, sendo 90% carnes cruas. Um dos benefícios, segundo ele, é a melhora na digestão. "Com uma refeição assim, você pode comer quase 1.200 calorias e cinco minutos depois ir treinar sem ficar arrotando e sentindo que você não consegue se mover", diz.

A nutricionista Mariana Silva Melendez, doutoranda pela UnB (Universidade de Brasília), explica que isso é falso e que, inclusive, o efeito é contrário. "A carne tem fibras musculares que, ao serem cozidas, são abrandadas e se tornam muito mais digestivas. O que atrapalha a digestão é a forma de preparo, como incluir muita gordura, por exemplo", explica.

Em fevereiro, a atriz Heidi Montag, 35, também defendeu o consumo de carnes cruas em um vídeo no seu Instagram. "Há tantos benefícios para a saúde em comer fígado, órgãos de animais crus", disse.

Heidi Montag comendo fígado cru - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Heidi Montag comendo fígado cru
Imagem: Reprodução/Instagram

Na verdade, comer carne crua pode trazer riscos à saúde, porque cozinhá-las é importante para impedir a ação de micro-organismos. "O processo de cocção ajuda muito a melhorar a qualidade microbiológica dessa carne, ou seja, de impedir que bactérias se multiplicam e causem algum dano à saúde", alerta Melendez.

No caso de quem come carnes cruas também é importante confiar no fornecedor desses alimentos, sobretudo os de cortes incomuns, para assegurar o controle de qualidade. Isso porque más condições de armazenamento, com muita oscilação de temperatura, favorecem a ação de micro-organismos e, assim, aumentam o risco de contaminação em quem se alimentar desses produtos.

Além disso, a especialista também explica que é mito acreditar ser vantajoso comer carne in natura por ela ter mais nutrientes. Segundo ela, o cozimento causa perda nos níveis sem implicação clínica, sendo ainda vantajosa para a saúde.

O preparador Weam Breiche ainda contou que no café da manhã costuma comer cérebro de bezerro e seis ovos, todos crus. O ovo consumido cru —ou até mesmo cozido ou frito com a gema mole— também não é indicado. "Os principais riscos do consumo estão associados à salmonela, e já sabemos que o processo de cocção faz com que ele fique livre desse risco", diz Melendez.