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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Posso treinar gripado? Veja situações em que você deve ou não se exercitar

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Roseane Santos

Colaboração para o VivaBem

22/02/2022 04h00

Quem nunca usou um "pelo encravado" como motivo para não ir à academia? Pois é, muitas vezes nosso cérebro luta contra a prática de atividade física e qualquer dorzinha no corpo serve de desculpa para ficar no sofá.

Porém, há desconfortos que realmente não devem ser ignorados e, quando surgem, o mais indicado é não treinar ou pelo menos tomar certos cuidados, para que o exercício não agrave o problema e coloque a saúde em risco. A seguir, mostramos condições em que é importante você respeitar seu corpo e deixar de ser exercitar, além de outras em que você até pode ir para academia, mas respeite o corpo.

Febre: não vá treinar

A febre é um sinal de que seu corpo está lutando para combater algum processo inflamatório ou infeccioso (a "invasão" de um vírus ou bactéria, por exemplo).

O médico do esporte Fernando A. Soléra, coordenador do controle de doping da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), diz que nessa situação não é recomendado fazer exercícios pois a atividade física irá obrigar nosso organismo a direcionar para ao treino parte da energia que precisa usar para combater a inflamação ou infecção. Além disso, o exercício físico gera um processo inflamatório e uma redução aguda (em curto prazo) do sistema imunológico, o que também irá prejudicar a ação do organismo contra o causador da febre.

Outro problema é que, durante a atividade física, nosso corpo produz muito calor. Com febre, a temperatura já está acima do normal e o exercício vai fazer com que o organismo aqueça ainda mais. Isso pode gerar falta de força, fadiga precoce e até quadros mais graves, como desidratação severa, tontura e desmaio.

Portanto, em caso de febre, o ideal é não treinar e ficar de repouso até o problema passar.

Gripe e resfriado: pode treinar

Como você viu, não é indicado treinar com febre e esse é um sintoma que costuma aparecer no início de uma gripe. Mas, depois que a temperatura voltar ao normal e você estiver só com sintomas leves (sem fadiga excessiva, dores no corpo etc.), os especialistas dizem que não há problema em fazer exercícios com gripe —ou resfriado, que naturalmente provoca um quadro mais brando.

A prática de atividade física, inclusive, estimula a produção de substâncias que geram bem-estar e vão ajudar a minimizar desconfortos gerados pela gripe ou pelo resfriado e acelerar a recuperação da doença. Por isso, o ACSM (American College of Sports Medicine), uma das instituições mais respeitadas na área de medicina esportiva, defende que o exercício leve a moderado é benéfico quando os sintomas de resfriados ou de gripe estão leves.

Algumas advertências: o treino, como já falamos, tem de ter intensidade leve ou moderada, para não exigir energia demais do corpo e prejudicar a recuperação da doença. Além disso, é importante hidratar-se muito bem durante o exercício e ao longo do dia, já que gripes e resfriados podem favorecer um quadro de desidratação, que é acentuada no treino.

A pandemia do coronavírus também nos ensinou que, ao apresentar sintomas respiratórios (espirros, tosse, coriza), não devemos frequentar locais fechados e com muitas pessoas. Portanto, se for treinar, prefira um local ao ar livre, para não infectar os colegas da academia. E também faça um teste para certificar-se de que está mesmo com gripe ou resfriado e não com covid-19 —que exige isolamento e uma pausa nos exercícios físicos até a recuperação total.

Enxaqueca: depende do quadro

Muitas pessoas confundem esse problema com cefaleia (a "dor de cabeça comum"), mas são quadros diferentes. A enxaqueca gera uma dor moderada a forte, que pode piorar conforme a movimentação do corpo —no dia a dia ou na prática de exercícios.

Além da dor de cabeça, em momentos de crise a enxaqueca pode gerar tontura, formigamento nas mãos, nos pés e nos braços e dificuldade para se movimentar. Se ocorrem durante um treino, esses sintomas podem fazer com que você se machuque —por derrubar um peso no pé ou cair da esteira, por exemplo.

Como a enxaqueca pode durar de quatro a 72 horas —e, quando crônica, permanecer por mais de 15 dias—, cabe a você, com orientação médica, aprender a entender os sinais do corpo para saber quando ir ou não fazer exercícios. "Tenho alunos que conseguem identificar o grau do problema e analisar se naquele dia é melhor ficar em casa para aliviar o quadro ou se há condições de treinar", orienta Marcelo Santana, profissional de educação física pós-graduado em musculação e condicionamento físico pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo.

Santana reforça que, caso você tenha passado por uma crise de enxaqueca e decida ir à academia no mesmo dia, é muito importante informar ao professor, para que ele fique atento, dê todo o suporte necessário e até adeque a rotina e a intensidade dos exercícios.

Dor na coluna: pode treinar

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Nesse caso, o exercício está liberado quando a dor não é totalmente limitante e exige repouso absoluto (algo que só um médico pode dizer).

"O treino será até benéfico, pois a prática regular de atividade física fortalece a musculatura que sustenta e estabiliza a coluna. Muitas vezes, é justamente a fraqueza nessa região que provoca dores nas costas", explica Isadora Vieira, fisioterapeuta das academias TecFit e pós-graduada em saúde pélvica pelo Hospital das Clínicas de São Paulo.

Em caso de dor na coluna, é importante selecionar bem os exercícios que você irá realizar —com orientação de um profissional de educação física— e controlar bem o peso usado, para não gerar uma sobrecarga. Tome também cuidado ao fazer certos movimentos, como pegar um peso no chão ou colocá-lo em um aparelho.