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Estudos avaliam se pressão abaixo de 120 mmHg é benéfico para diabéticos

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Imagem: iStock

Alexandre Raith

Da Agência Einstein

01/05/2021 04h00

As principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo são as doenças cardiovasculares, sobretudo infarto e acidente vascular cerebral. Já a insuficiência cardíaca é a maior responsável por hospitalização em pessoas acima de 55 anos (em um cenário sem covid-19).

"Essas doenças têm um fator de risco comum, que é a elevação sustentada da pressão arterial. Eventos cardiovasculares representam 30% de todos os óbitos, enquanto a elevação da pressão arterial, como fator isolado, 12%. Desta forma, o meio de salvar mais vidas globalmente seria o adequado controle da hipertensão. Assim, o impacto para a saúde individual e coletiva é gigantesco", ressalta Otavio Berwanger, diretor da Academic Research Organization (ARO), unidade de serviços de pesquisas clínicas do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ao levar em consideração que a hipertensão é o grande vilão, o hospital elaborou dois programas de pesquisa de larga escala, em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).

O primeiro deles é o OPTIMAL DIABETES, estudo randomizado que analisa o controle intensivo da pressão arterial para redução de eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes mellitus.

Tradicionalmente, o tratamento se resume em manter a pressão arterial sistólica abaixo de 140 mmHg. "Estamos desafiando o conceito e propondo um nível menor de 120 mmHg, a fim de verificar se há redução de eventos de causas cardiovasculares em hipertensos com diabetes. O objetivo é avaliar 9 mil pessoas, em parceria com 32 hospitais públicos, universidades e centros de pesquisa", explica Berwanger, que lidera o projeto.

Os critérios de elegibilidade do OPTIMAL DIABETES são idade igual ou maior de 50 anos, pressão arterial sistólica entre 130 e 180 mmHg, ter diabetes tipo 2 e ser considerado como de risco cardiovascular elevado. Os integrantes do estudo se dividem em dois grupos, um com meta pressórica abaixo de 120 mmHg e outro, menor de 140 mmHg. Ambos tomam medicações anti-hipertensivas como parte da intervenção. Os participantes serão acompanhados até o final de 2023. A divulgação dos resultados está prevista para logo após a finalização do seguimento.

Já o segundo estudo liderado pelo Hospital Israelita Albert Einstein é o OPTIMAL STROKE, que avalia se o nível de pressão arterial sistólica abaixo de 120 mmHg é benéfico para hipertensos que já sofreram um acidente vascular cerebral isquêmico.

O objetivo é determinar qual o melhor nível, para assim diminuir o número de eventos cardiovasculares. "É uma medida de fácil aplicação. Realizamos apenas com ajustes de dosagem da medicação. E o controle pode ser avaliado em um posto de saúde, de forma que, uma vez confirmado, o benefício do estudo e a aplicabilidade dos resultados é imediata", afirma Berwanger, que também lidera este projeto.

A meta do OPTIMAL STROKE é avaliar 7 mil pessoas. Para isso, participam do projeto, que igualmente é desenvolvido por meio do PROADI-SUS, 25 hospitais públicos, universidades e centros de pesquisa de todas as regiões do Brasil.

Os parâmetros de inclusão de participantes, que são acompanhados por um tempo médio de 42 meses, são idade igual ou maior de 18 anos, pressão arterial sistólica entre 130 e 180 mmHg, história de AVC isquêmico ou acidente isquêmico transitório e ser considerado como de risco cardiovascular elevado. A metodologia utilizada é a mesma do OPTIMAL DIABETES.

Iniciado em 2019, o projeto OPTIMAL AVC fará o acompanhamento da meta pressórica dos pacientes até o final de 2023 e terá os resultados divulgados logo após a finalização do seguimento dos participantes.