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Crianças que nascem em maiores altitudes tendem a crescer menos, diz estudo

Choreograph/iStock
Imagem: Choreograph/iStock

Nicola Ferreira

Da Agência Einstein

21/10/2020 15h49

Uso de álcool e drogas pelas mães, desnutrição infantil e sono irregular são alguns fatores já conhecidos que podem comprometer o crescimento infantil. Agora, pesquisadores da Universidade de Addis Ababa, na Etiópia, descobriram que a altitude do local onde as crianças vivem também pode fazer com que elas cresçam menos. Isso porque ela contribui para a hipóxia, que é o volume baixo de oxigênio no sangue.

O estudo contou com informações de crescimento de 964 mil crianças com acesso a um sistema de saúde de qualidade e bom nível educacional dos pais de países classificados como pobres e de média renda dos quatro continentes habitados. A partir desses dados, os pesquisadores observaram que quanto maior a altitude da cidade onde a criança vivia, menor era sua estatura desde o nascimento até os cinco anos de idade. A diferença começa a aparecer a partir dos 500 metros de altitude. Quando a altitude chega a 1.500 metros, o crescimento pode ser até 1 centímetro a menos do que a média considerada ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"É um estudo importante pelo número de crianças analisadas. É relevante para um grupo, já que mostra a prevalência desses casos. Contudo, individualmente a diferença é mínima, já que ela é só de 1 centímetro", afirmou Alexander Jorge, endocrinologista e professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Os cientistas alertaram também aos riscos que esse crescimento mais lento por conta da hipóxia pode trazer. Entre eles estão as deficiências cognitivas e metabólicas. Os dados serão utilizados ainda para informar e requisitar mudanças no protocolo de tratamento e acompanhamento de grávidas que vivem em cidades com altitude superior a 1.500 metros como é o caso de Campos do Jordão, em São Paulo, com 1628 metros. Em 2010, o número de pessoas que viviam em localidades como essa 842 milhões, segundo censo da OMS.

A importância da genética

Mesmo existindo fatores externos que atuem no crescimento das crianças, o principal responsável por determinar a altura de uma criança é a genética. "Em casos onde não houve algum problema na gestação, 80% do desenvolvimento é feito pela genética", conta o endocrinologista da USP