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BH será 2ª cidade no mudo conduzir estudo de nova técnica contra a dengue

Estudo em Belo Horizonte vai avaliar impacto da bactéria Wolbachia, introduzida em mosquistos Aedes aegypti, no combate à dengue - WMP (World Mosquito Program)/Divulgação
Estudo em Belo Horizonte vai avaliar impacto da bactéria Wolbachia, introduzida em mosquistos Aedes aegypti, no combate à dengue Imagem: WMP (World Mosquito Program)/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

27/08/2020 13h42

Belo Horizonte será o primeiro município das Américas a realizar um estudo clínico para avaliar o impacto do método Wolbachia na redução da incidência de casos de dengue. A técnica, que consiste em introduzir a bactéria no mosquito Aedes aegypti, foi estudada em Yogyyakarta, na Indonésia, onde reduziu em 77% os casos.

O método Wolbachia é uma iniciativa do WMP (World Mosquito Program), conduzida no Brasil pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que utiliza a bactéria para o controle de arboviroses, doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, zika e chikungunya.

Conduzido pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o projeto chamado de "Evita Dengue" já foi autorizado pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e terá início ainda neste semestre, segundo a WMP. O método já é aplicado no Rio de Janeiro desde 2015, mas será a primeira vez que um acompanhamento epidemiológico será conduzido nas Américas.

A Wolbachia é um micro-organismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Ele foi introduzido nos mosquitos pelos pesquisadores. Quando presente no Aedes aegypti, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do inseto. Não existe modificação genética neste processo.

Os insetos com a bactéria serão liberados em áreas delimitadas na capital mineira para que se reproduzam com Aedes locais, estabelecendo assim uma nova população de insetos sem potencial de transmitir as doenças.

Os pesquisadores convidaram 60 crianças com idades entre 6 e 11 aos, todas alunas da rede pública municipal da cidade, para participar do projeto. As regiões onde ficam 29 dessas escolas vão receber a liberação do mosquito. Posteriormente, e com autorização dos responsáveis, serão colhidas amostras de sangue das crianças para saber se elas tiveram contato com o vírus.

Em Yogyakarta, onde foi realizado o primeiro estudo, houve redução de 77% nos casos de dengue. Os primeiros resultados foram divulgados ontem. O estudo clínico durou três anos e foi conduzido em uma área que abrange cerca de 321 mil habitantes.