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"Após 3 gestações fora do útero e um aborto, meu 2° filho foi uma vitória"

Carolina Velloso/Arquivo pessoal
Imagem: Carolina Velloso/Arquivo pessoal

Bárbara Therrie

Colaboração para o UOL VivaBem

17/02/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Vanessa Cruz teve várias tentativas frustradas de gestação
  • Os médicos disseram que ela tinha só 3% de chances de engravidar e recomendaram a fertilização in vitro
  • Enquanto juntava dinheiro para o procedimento, ela descobriu que estava grávida de Murilo e realizou o sonho de ter seu segundo filho

Foram três anos de tentativas misturadas a dor, choro e frustração até que o sonho de ter o segundo filho virasse realidade na vida de Vannessa da Cruz, 35. Nesse período, ela teve três gravidezes fora do útero, retirou a trompa direita, engravidou de novo, perdeu o bebê, descobriu que eram gêmeos e havia outra criança, mas perdeu também. 

Eu tentava gerar uma vida, mas ela sempre virava uma estrelinha"

Com apenas 3% de chances de engravidar, ela foi encaminhada para a fertilização in vitro, quando foi surpreendida pela gestação do Murilo: "Foi uma vitória". Leia o depoimento dela:

"Eu e meu marido, o Marcelo, já éramos pais da Melissa quando planejamos ter um segundo filho. Tirei o DIU e três meses depois engravidei, em abril de 2013. Com oito semanas de gestação, tive um sangramento, fiz um ultrassom e não acharam nada no meu útero. O médico disse que haveria três possibilidades: o feto era muito pequeno e não dava para vê-lo, eu havia sofrido um aborto ou era uma gravidez ectópica (quando ocorre nas trompas, no ovário, no abdômen ou no colo do útero).

Senti uma dor forte na região pélvica, do lado direito, fiz um novo exame que confirmou: o bebê estava dentro da minha trompa direita. Ela já havia rompido e eu precisava fazer uma laparoscopia para retirá-la.

No caminho para o centro cirúrgico, passei pelo corredor da maternidade e vi os quartinhos com os nomes dos bebês nas portas. Foi marcante, eu me senti impotente"

Minha recuperação foi dolorida, fiquei uma semana de repouso absoluto. O médico me explicou que mesmo sem a trompa direita, eu ainda teria chances de ser mãe. Ele falou que o raio não caía duas vezes no mesmo lugar e que, dificilmente, eu teria outra ectópica.

"Perdi um bebê e ganhei outro no mesmo exame"

gravidez - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Em setembro do mesmo ano, fiquei grávida novamente. Na primeira ecografia, viram um saco gestacional, mas ele era irregular. Repeti a eco após duas semanas. Foi constatado que o feto estava morto, eu havia sofrido um aborto retido. Nesse mesmo exame, o ultrassonografista viu um outro saco gestacional e ouviu os batimentos cardíacos de mais um bebê. Eu estava grávida de gêmeos. Foi um misto de alegria e apreensão. Fiquei feliz por saber que um filho estava vivo e muito triste pela morte do outro. 

Eu tinha uma viagem marcada para a Disney com a minha família. O obstetra disse que eu podia ir, mas para evitar fazer esforço físico. Aproveitei que estava em Orlando (EUA) e comprei dois enxovais lá, um de menino e um de menina, porque não sabia o sexo.

Quando voltei de férias, tive uma dor no pé da barriga, fiz um ultrassom e recebi a notícia de que havia tido um segundo aborto retido. Fiquei em choque, sem reação, eu me perguntava dentro de mim: 'Por que isso comigo?'. Fiz a curetagem, uma raspagem interna do útero para tirar os restos fetais. Eu me senti frustrada, deprimida e chorava todos os dias. Meu marido me tranquilizava dizendo para eu não ficar preocupada, que uma hora a gente ia conseguir.

Mais duas gestações frustradas

nascimento murilo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal
Eu me restabeleci física e emocionalmente. Então, sete meses depois, em maio de 2014, engravidei novamente. Tive a segunda ectópica, dessa vez na trompa esquerda. Os níveis do hormônio HCG estavam baixos e não acharam nada no meu útero.

Como descobri precocemente, não precisei fazer cirurgia. Tomei uma injeção de quimioterapia para o meu organismo expelir o feto. Tive os mesmos sintomas de quem faz o tratamento contra câncer: vômitos, fraqueza, dor de cabeça, dor nos ossos. Fiquei três dias de cama.

A essa altura, eu já estava muito desgastada com essa situação. Mudei o foco e passei a cuidar de mim. Comecei a fazer academia, a praticar pole dance e me inscrevi no curso de culinária. Não planejava mais ficar grávida, mas também não usava nenhum método contraceptivo. 

Troquei de obstetra e, em abril de 2015, tive a terceira gravidez ectópica confirmada, de novo na trompa esquerda. O médico optou por não fazer nenhuma intervenção, me orientou a esperar o meu corpo reagir de forma natural.

com murilo no colo - Carolina Velloso/Arquivo pessoal/Arquivo pessoal - Carolina Velloso/Arquivo pessoal/Arquivo pessoal
Imagem: Carolina Velloso/Arquivo pessoal/Arquivo pessoal
Após uma semana, tive um aborto espontâneo em casa. Fiquei muito abalada, me fechei e não conversava com ninguém sobre o assunto. Eu tentava gerar uma vida, mas essa vida sempre virava uma estrelinha.

Em maio do mesmo ano, fiz um exame e descobri que minha trompa esquerda estava 97% obstruída e eu só tinha 3% de chance de engravidar do método tradicional. O obstetra me alertou que seria muito difícil eu conseguir, a não ser que eu fizesse fertilização in vitro.

Eu e meu marido começamos a juntar R$ 25 mil para pagar o procedimento. Passados três meses, fiz um exame de urina e deu positivo. Meu marido disse que era impossível, mas algo me dizia que dessa vez ia ser diferente, ia dar certo.

Fiz uma ecografia e o médico encontrou um bebê com batimentos cardíacos. Foi uma emoção, passou um filme na minha cabeça de tudo o que havia vivido"

Familia - Carolina Velloso/Arquivo pessoal - Carolina Velloso/Arquivo pessoal
Imagem: Carolina Velloso/Arquivo pessoal
Fiquei muito feliz. A gestação do Murilo evoluiu e ele nasceu no dia 15 de maio de 2016. Foram três anos de tentativas, perdas, dor, frustração, choro, mas apesar do sofrimento, mantive a esperança.

Eu tinha fé, sabia que Deus não me abandonaria, ele me daria o segundo filho que eu tanto queria. O nascimento do Murilo foi uma vitória. Após essa jornada, aprendi que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, por mais difícil que seja, temos de persistir até o fim." 

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