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Doenças renais ocorrem muito em diabéticos, mesmo após controle glicêmico

A elevada ocorrência de doenças renais em diabéticos gera sofrimento e gasto com tratamento - iStock
A elevada ocorrência de doenças renais em diabéticos gera sofrimento e gasto com tratamento Imagem: iStock

Do UOL VivaBem*, em São Paulo

28/11/2018 12h01

Altos níveis de ácido úrico no organismo podem levar a complicações no rim diabético, mesmo que o excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia) esteja controlado, aponta pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.

O objetivo da pesquisa foi entender algumas alterações renais persistentes após o tratamento do diabetes. "Estudos epidemiológicos feitos nas décadas de 1980 e 1990 mostram que quando o diabético é tratado de forma intensiva desde o início da doença, há uma grande diminuição do risco de complicações microvasculares, como a nefropatia ou doença renal.

Já os que permanecem inicialmente hiperglicêmicos e são então submetidos ao tratamento intensivo não experimentam o mesmo benefício", diz a professora Ana Paula de Melo Loureiro, orientadora da tese de doutorado de Antonio Anax Falcão de Oliveira. "Há uma elevada ocorrência de doenças renais em diabéticos, o que gera um enorme sofrimento e gasto com tratamento."

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No estudo, o diabetes foi induzido em ratos para imitar os efeitos de períodos curtos e longos sem tratamento. Um grupo ficou com hiperglicemia por quatro semanas e outro por 12 semanas. Em seguida, ambos foram tratados também por quatro e 12 semanas. Após o tratamento, foram examinados todos os parâmetros convencionais de controle do diabetes e da função renal. Em todos os casos, os indicadores estavam normais, sem indícios de nefropatia.

"Entretanto, quando são focalizados os componentes de uma importante via fibrogênica, um conjunto de moléculas que leva ao enrijecimento do tecido (fibrose) e perda da função renal, foram detectados proteínas e intermediários metabólicos que permanecem alterados mesmo quando os parâmetros convencionais do diabetes e da função renal são estabilizados. A permanente ativação dessa via pode aumentar o risco de dano ao tecido renal", explica o autor da tese.

Os pesquisadores constataram que o ácido úrico proporcionaria uma espécie de ‘memória metabólica’ que induziria à formação de tecido fibroso nos rins - Cecília Bastos / USP Imagens - Cecília Bastos / USP Imagens
Os pesquisadores constataram que o ácido úrico proporcionaria uma espécie de ‘memória metabólica’ que induziria à formação de tecido fibroso nos rins
Imagem: Cecília Bastos / USP Imagens

A proteína AMPK fosforilada, que bloqueia a fibrose, é diminuída durante o diabetes. Quando o tratamento foi aplicado após quatro ou 12 semanas, não houve normalização do nível renal dessa proteína. "Já o TGF-?, proteína que exerce papel central na indução da fibrose, permaneceu aumentado nos animais com hiperglicemia e após o tratamento tardio (12 semanas)", relata Falcão de Oliveira.

Importância do ácido úrico

Na análise dos níveis de ácido úrico no sangue e na urina dos animais foi verificado aumento dos níveis sanguíneos e diminuição dos níveis urinários desde o período mais curto de hiperglicemia, alterações que persistiram após os dois períodos de tratamento. "Há a possibilidade de que o ácido úrico aumentado persistentemente no organismo dos animais, mesmo após o controle do diabetes, leve à diminuição da forma ativa da AMPK, favorecendo o aumento dos níveis de TGF-? e toda a via fibrogênica", observa Falcão de Oliveira. "O ácido úrico proporcionaria uma espécie de 'memória metabólica' que induziria à formação de tecido fibroso nos rins."

Segundo Loureiro, os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de maior investigação dos efeitos do ácido úrico aumentado nos indivíduos com controle do diabetes. "O trabalho reforça a importância do controle precoce da glicemia, e também do ácido úrico", diz. Para o pesquisador, "o ácido úrico é uma peça importante para explicar a 'memória metabólica' no rim diabético, ajudando a entender por que os pacientes de diabetes tratados mantêm o risco aumentado de complicações microvasculares".

*Com informações da Agência Fapesp

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