Cientistas brasileiros descobrem como interromper asma alérgica
Um grupo de pesquisadores brasileiros conseguiu impedir que a asma alérgica prosseguisse em uma cultura de células humanas e de camundongos.
Os cientistas responsáveis pelo estudo, que foi publicado no periódico Journal of Allergy and Clinical Immunology, aumentaram a quantidade de uma determinada proteína que bloqueou os linfócitos T CD4 --responsáveis pela produção de citocina, que desencadeia a cascata de eventos que resultam no início e na progressão da doença.
O que atualmente se administra em pessoas com alergia ou asma brônquica são medicamentos como anti-histamínicos, broncodilatadores e corticoides, que inibem sintomas da doença, além de inibir a resposta celular, incluindo a dos linfócitos TH2, de acordo com João Santana da Silva, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e coordenador do estudo.
VEJA TAMBÉM:
- 6 fatores comuns no dia a dia que podem desencadear crises de asma
- Asma é uma doença que causa muitas internações; veja como evitar o problema
- Cura do Alzheimer? Demência em ratos é revertida com droga para asma
“No entanto, as células TH2 levam à produção de substâncias responsáveis pela sintomatologia; então o tratamento é só de sintomas como coriza, dificuldade de respirar, entre outros. O que nós descobrimos é que se forem bloqueados outros linfócitos T, os TH9, a doença vai ter uma resolução efetiva, bloqueando inclusive a produção de substâncias que causam os sintomas”, disse Silva.
Os diferentes ensaios ajudaram a confirmar que quando o gene Blimp-1 é superexpresso há um aumento da proteína que ele produz, de mesmo nome, que por sua vez bloqueia a ação dos linfócitos que produzem uma citocina, a IL-9, que causa a inflamação alérgica das vias aéreas. “O importante é que o bloqueio de IL-9 diminui a resposta TH2 e, consequentemente, a evolução da doença”, disse Luciana Benevides, principal autora do estudo.
Ao analisarem a reação do organismo de dois grupos de animais --um com o Blimp-1 deletado e outro de controle--, os pesquisadores notaram que os camundongos sem o gene sofriam muito mais os efeitos da alergia do que os que tinham o gene.
“Embora ambos os grupos desenvolvam alergia, mostramos que há uma inflamação pulmonar exacerbada nos pulmões dos animais que não têm Blimp-1 no linfócito, comparado com os animais controle”, disse Benevides.
Eles então coletaram amostras de células do sangue de pessoas saudáveis e de portadores de asma alérgica.
As células de sangue receberam um vírus inócuo ou contendo o gene Blimp-1, que passou a fazer parte da cadeia de DNA das células. Tanto nas células de pessoas saudáveis como nas das asmáticas, o Blimp-1 passou a produzir proteína de forma exacerbada e inibiu a produção de TH9, produtor da citocina que causa a inflamação alérgica.
Embora a expressão da citocina tenha ocorrido nas células de pacientes saudáveis e com asma, foi muito maior nas dos asmáticos.
Uso em outras doenças
A equipe ainda pretende desenvolver drogas que possam induzir a expressão de Blimp-1 para controlar as células TH9. “Estamos testando o papel na regulação de células TH9 em outros modelos experimentais, como em tumores, mais ainda é cedo para tirar qualquer conclusão”, disse Benevides.
No caso de tipos de câncer como o melanoma, ensaios preliminares ainda não publicados mostraram que, quando há uma diminuição da expressão do Blimp-1, o aumento resultante do TH9 proporciona uma diminuição do tumor.
Por isso, um eventual medicamento contra câncer advindo da pesquisa inibiria a expressão do Blimp-1, enquanto para asma e doenças autoimunes ele deve aumentar essa expressão.
“A descoberta mais importante é a de uma nova função de um fator de transcrição que já era conhecido, mas que agora sabemos que é capaz também de inibir a diferenciação dos linfócitos T produtores de IL-9. Isso abre uma perspectiva para estudar várias doenças em que as células TH9 estão envolvidas”, disse Benevides.
*Com informações da Agência FAPESP
SIGA O UOL VIVABEM NAS REDES SOCIAIS
Facebook - Instagram - YouTube
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.