Topo

Como melhorar a qualidade de vida do paciente durante a quimioterapia

Marcelo Rezende no "Cidade Alerta" - Edu Moraes/Record
Marcelo Rezende no "Cidade Alerta" Imagem: Edu Moraes/Record

Vivian Ortiz

Do UOL, em São Paulo

19/09/2017 15h33

Marcelo Rezende morreu no último sábado (16) devido a um câncer descoberto em maio passado, que atingiu seu fígado e pâncreas. O apresentador seguiu com a quimioterapia até junho, quando usou suas redes sociais para avisar amigos e fãs que havia desistido da medicina tradicional para tratar a doença, após sofrer com os efeitos colaterais. Sua opção foi seguir apenas com um tratamento alternativo, baseado na dieta cetogênica e na fé.

Tem alguma dúvida sobre a saúde do seu corpo? Mande sua pergunta para o e-mail pergunteaovivabem@uol.com.br que nós encontraremos os melhores especialistas para respondê-la.

Basicamente, a diferença entre os dois tipos de terapia é que a primeira passou por estudos em instituições sérias e com metodologias conhecidas, deixando claro ser capaz de beneficiar a maior parte dos pacientes. "Já a versão alternativa ou complementar não passou por essa avaliação para sabermos se é realmente benéfica ou não", explica Clarissa Baldotto, oncologista diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Ela lembra que a quimioterapia é um tratamento amplo e com mais de 100 tipos de medicamentos para este fim, cada qual com seu efeito colateral específico e já previsto pela equipe médica. Sentir ou não esses sintomas depende de cada um. Mas uma coisa é certa: hoje existem remédios que diminuem os efeitos da quimio, como enjoo e vômito, que fazem alguns pacientes desistirem do processo. O tratamento não é mais tão agressivo como antigamente. 

Abaixo, o UOL separou algumas dicas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e da SBOC que ajudam a melhorar a qualidade de vida do paciente durante esse período:

Fraqueza

Este é um dos principais sintomas da quimio. O ideal é que o paciente evite fazer esforço excessivo e ainda aumente as horas de descanso. Também vale dividir as tarefas de casa --e se for o caso, investa em embalagens descartáveis para não precisar lavar louça, além de combinar um melhor horário para continuar trabalhando.

Intestino desregulado

Costuma ser um efeito comum do tratamento. Em caso de diarreia persistente, o melhor é beber bastante água. A comida deve ser ingerida aos poucos, várias vezes ao longo do dia. Dê preferência para frutas como banana, goiaba e melão, além de apostar em caldo de legumes e água de coco para repor o potássio, cuja perda é muito comum na diarreia. Corte temporariamente os alimentos muito fibrosos, como mamão e, se for comer carnes, escolha as com menor índice de gordura, evitando fritá-las.

Emagrecer demais

Quando se está em tratamento, o importante é não perder peso. Deixe as dietas para emagrecer de lado por um tempo. Mas não é para sair comendo qualquer coisa, melhor focar nas calorias saudáveis, que ajudam a aumentar a imunidade. Alimentos como gemadas, milk-shakes, queijo, massas e carnes, ajudam a aumentar o peso, devendo ser ingeridos principalmente no intervalo entre uma aplicação e outra. Também é melhor pegar leve no sal, além de comer mais frutas.

Feridas na boca

Para minimizar esse efeito, o ideal é manter a região sempre limpa, evitando o uso de escova de dentes e prótese dentária nos períodos de crise. O enxágue deve ser feito com água filtrada e uma colher de chá de bicarbonato. Também é aconselhável comer alimentos pastosos, sopas ou sucos. Algo que ajuda a anestesiar a boca são os alimentos gelados, como sorvetes, refrigerantes e gelatinas.

Queda de cabelos e outros pelos do corpo

A situação é passageira, mas pode ser contornada com o uso de perucas, lenços e demais acessórios que ajudam a melhorar o visual. Atualmente, também existe a touca térmica, um aparelho que reduz a queda. Em resposta ao frio (a touca fica com temperatura de cerca de 17ºC), os vasos sanguíneos do couro cabeludo se comprimem e o fluxo de sangue na região diminui. Irrigando menos o couro cabeludo, menores são as chances do remédio chegar até os folículos capilares e fragilizar a região. A touca mais eficaz é a ligada em uma máquina, como se fosse um refrigerador, que resfria o couro cabeludo um pouco antes, durante e pouco depois da quimioterapia, explica Mariana Laloni, oncologista do Centro Paulista de Oncologia.  

Enjoo

Neste caso, o ideal é o paciente comer com maior frequência, mas em pequenas quantidades. Balas à base de hortelã, água mineral gelada com limão, bebidas com gás e sorvetes costumam melhorar este tipo de desconforto.

Vômitos e tonturas

Aqui, vale comer algo bem leve antes da aplicação e dormir após. Tire da dieta os alimentos com muito tempero ou gordura, além de cortar bebidas alcoólicas e tomar os remédios para enjoo e vômito receitados pelo médico. Se este for o seu caso, melhor vir acompanhado para as sessões da quimioterapia.

Importante contar tudo ao seu médico

Mídia indoor, homem, médico, saúde, medicina, computador, mesa, doutor, receita, saudável, tratamento, opinião, prescrição, paciente, hospital, consultório, clínica, cirurgia, intervenção, operação - Shutterstock - Shutterstock
Imagem: Shutterstock

Cristiano Guedes Duque, oncologista do INCA, ressalta a importância do paciente conversar com o próprio médico antes e durante o tratamento, até para saber quais efeitos colaterais esperar.

"Caso a pessoa tenha sérios problemas com isso, existe a possibilidade de pensar em uma mudança no protocolo de tratamento e em medicações para conter esses efeitos. Medidas como essa auxiliam o paciente a não desistir do tratamento". diz.

Também é importante contar durante as consultas quais tratamentos alternativos --desde acupuntura até chá de graviola-- a pessoa está fazendo em paralelo ao tratamento tradicional, tudo para que ajudem, sem interferir, nos resultados da quimioterapia.

Efeitos colaterais que merecem atenção

O paciente deve retornar ao hospital imediatamente em caso de:

• febre por mais de duas horas, principalmente igual ou acima de 38°C;
• manchas ou placas avermelhadas no corpo;
• sensação de dor ou ardência ao urinar;
• dor em qualquer parte do corpo inexistente antes do tratamento;
• sangramentos que demoram a estancar;
• falta de ar ou dificuldade de respirar;
• diarreia por mais de dois dias.