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Estudo mostra que gordura abdominal pode aumentar risco de câncer

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Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

28/08/2017 15h03

A ciência já descobriu que a obesidade é um dos fatores que podem contribuir para o risco da pessoa ter um câncer no futuro, mas ainda não se sabe como isso acontece exatamente. Um novo estudo, da Michigan State University (EUA), traz uma luz sobre o assunto, revelando que aquela sua gordurinha extra na barriga--conhecida como gordura visceral--pode ser mais perigosa do que você pensava.

Os pesquisadores descobriram que determinada proteína, liberada pela gordura no corpo, causaria uma célula não-cancerosa, mas com chances de se transformar em câncer. E a camada inferior de gordura abdominal, quando comparada com a gordura apenas sob a pele, é a culpada mais provável, pois libera ainda mais essa proteína e estimula o crescimento de tumores.

"Embora tenham ocorrido diversos avanços no tratamento do câncer e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, o número de novos casos continua a aumentar", diz Jamie Bernard, autora principal e Professora Assistente em Farmacologia e Toxicologia. "É importante entender a causa para que possamos fazer um melhor trabalho na redução desses novos casos apenas com modificações dietéticas ou intervenções terapêuticas."

IMC pode não ser melhor indicador

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A obesidade tem sido associada a diversos tipos de câncer--incluindo mama, cólon, próstata, uterina e rim, mas Bernard avalia que apenas o excesso de peso não é necessariamente a melhor maneira de determinar qual é o risco que a pessoa tem de desenvolver tumores.

"Preferimos apontar para a obesidade abdominal e, ainda mais especificamente, aos níveis de uma proteína chamada fator de crescimento de fibroblastos-2, que podem ser um indicador melhor do risco de as células se tornarem cancerosas".

Basicamente, são duas camadas de gordura abdominal. A camada superior, conhecida como gordura subcutânea, fica logo abaixo da pele. Já a camada embaixo desta, conhecida como gordura visceral, é a mais prejudicial,.

Para obter tais resultados, Bernard e seu co-autor, Debrup Chakraborty, alimentaram ratos com uma dieta rica em gordura. E descobriram que esta camada de gordura visceral produzia quantidades maiores do fator de crescimento de fibroblastos-2, ou FGF2, quando comparada à gordura subcutânea. E o FGF2 estimulou certas células que já eram vulneráveis ??à proteína, estimulando o crescimento de tumores.

Os pesquisadores também coletaram tecido adiposo visceral de mulheres submetidas a histerectomias--retirada do útero--e descobriram que quando as secreções de gordura possuíam mais proteína FGF2, mais células formaram tumores cancerosos quando transferidos para ratos.

"Isso indicaria que a gordura, tanto dos ratos quanto de humanos, poderiam transformar uma célula saudável em uma cancerígena", disse Bernard. Ela acrescentou que existem vários outros fatores fora a gordura, incluindo o hormônio estrogênio, que podem influenciar o risco de câncer, mas muitos desses estudos sobre o assunto conseguiram apenas mostrar uma associação--e não uma causa direta de câncer.

Fazendo a nossa parte

De acordo com a pesquisadora, a genética também desempenha seu papel nesses casos. "No entanto, ao fazer escolhas mais inteligentes quando se trata de dieta e exercício, além de evitar hábitos nocivos, como o tabagismo, podem ajudar a pessoa a evitar esse tipo de situação".

Bernard ainda indicou que já está buscando identificar novos compostos anticancerígenos em suas pesquisas, que poderiam parar os efeitos do FGF2. Publicado na revista Oncogene, o estudo foi financiado pelo National Institutes of Health.