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Aparelho bucal que obriga usuário a mastigar direito ajuda a emagrecer

Thamires Andrade

Do UOL, em São Paulo

20/02/2013 07h00Atualizada em 01/07/2015 17h35

"Dispositivo bariátrico intrabucal": um nome difícil para um aparelho bem simples que promete reduzir a quantidade de comida ingerida ao obrigar o usuário a mastigar mais. De acordo com o ortodontista Gerson Köhler, membro da Abor (Associação Brasileira de Ortodontia), estudos divulgados por institutos e universidades americanas revelam que o aparelho reduz em 23% a ingestão de alimentos, o que significa 533 calorias a menos por refeição.

Feito de resina acrílica, o dispositivo deve ser colocado no palato (céu da boca) 15 minutos antes das refeições. "Como o espaço na boca diminui, a pessoa não consegue deixar de mastigar de 20 a 30 vezes cada bocado, sem contar que não é possível colocar um pedaço muito grande", explica Köhler.

A saciedade, que pode ser alcançada mais rápido quando a pessoa mastiga mais vezes, é determinante para quem busca emagrecer. "O cérebro demora 20 minutos para registrar que o estômago está cheio, portanto se a pessoa come muito rápido, sem mastigar direito e sentir a textura dos alimentos, ela enche o estômago e ingere até 30% a mais de calorias", declara Köhler.

O membro da Abor defende que o aparelho, que não causa nenhum tipo de malefício para a saúde bucal, pode ser usado socialmente, pois não gera constrangimento. "Ninguém nota que a pessoa está usando algo, é bem fácil de colocar e dá para conversar", destaca o ortodontista, que leva em consideração que é necessário um período para se adaptar, já que a boca é sensível.

Já o protesista Guilherme Lopes, da clínica Sorriso Moema, diz que o aparelho pode causar, sim, desconforto. "A pessoa não consegue falar direito; ele não machuca, mas incomoda, pois a língua está acostumada a encostar no céu da boca e como o espaço dessa região fica menor com o aparelho, é mais difícil se adaptar", relata.

Tratamento multidisplicinar

Aliado no processo de emagrecimento, o dispositivo bariátrico é indicado para pacientes que comem muito rápido e tem sobrepeso, ou seja, IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 25. "Ele também não pode ser usado por crianças, adolescentes e pacientes com transtornos alimentares, como bulimia e anorexia", destaca Köhler.

Mas os interessados no novo método não devem procurar primeiro pelo ortodontista. "É um tratamento multidisciplinar. Endocrinologista, nutrólogos, nutricionistas encaminham o paciente para confeccionar o aparelho, que é totalmente personalizado, e demora menos de uma semana para ficar pronto", aponta Lopes. "O dentista também tem que acompanhar uma vez ao mês quem está usando o aparelho para verificar se está adaptado corretamente", completa Köhler.

Por determinações do Conselho Federal de Ortodontia, os especialistas não divulgam o preço do aparelho. Mas Köhler diz que "o custo-benefício é acessível".

A disciplina para usar a invenção e se alimentar corretamente permanece como peça fundamental no processo de emagrecimento. "É preciso que o paciente tope mudar seus hábitos e seguir as recomendações alimentares do endocrinologista ou do nutricionista, bem como o tempo de uso do aparelho. Senão nada adianta", avisa Lopes.

Para Köhler, o aparelho é ótimo para fazer com que a mastigação pare de ser negligenciada. "É preciso mastigar devagar, apreciar o sabor e textura dos alimentos, pois isso ajuda a emagrecer. Sempre digo: não sinta inveja das pessoas magras, seja uma delas", finaliza.