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Mulher perde a guarda do filho de 8 anos por não conseguir fazer o menino emagrecer

Do UOL Ciência e Saúde*

Em São Paulo

29/11/2011 18h55

O caso de um menino de 8 anos tirado da família por pesar mais de 90 kg nos EUA reacende o debate sobre a validade de se tirar a guarda de uma criança obesa dos pais quando estes são incapazes de fazê-la perder peso.

O garoto, de Cleveland, foi enviado para um abrigo em outubro, depois que autoridades afirmaram que sua mãe não estava se esforçando o bastante para controlar o peso da criança. Por causa da obesidade, o menino pode desenvolver doenças como diabetes e pressão alta. Estatísticas mostram que crianças de 8 anos pesam, em média, 27 quilos.

Aproximadamente 2 milhões de crianças norte-americanas são extremamente obesas, ou seja, apresentam peso bem acima do padrão considerado saudável.

O condado de Cuyahoga (que tem Cleveland como sede) decidiu que a incapacidade da mãe é uma forma de negligência médica. A mudança de custódia foi determinada por um julgamento, depois de 20 meses de trabalho do serviço de assistência à criança da região junto ao menino e sua mãe.

Segundo o médico Naim Alkhouri, do Cleveland Clinic Children’s Hospital, não há uma resposta fácil quando se trata em definir de quem é a culpa em casos de obesidade. “Não é apenas dos pais ou da criança”, afirmou à Agência Associated Press. “A obesidade é uma epidemia nos EUA. Como sociedade, nós somos todos responsáveis.”.

Segundo o médico, não basta encorajar certas crianças a praticarem exercícios e comerem de forma mais saudável, pois existe um componente psicológico forte envolvido. "Debater a questão é algo positivo”, afirmou.

O alerta sobre o peso do garoto foi feito no ano passado depois que a mãe o levou para o hospital com problemas respiratórios. Ele foi diagnosticado com apneia do sono, doença caracterizada por pausas respiratórias e que pode ser relacionada à obesidade.

São poucos os casos nos EUA de pais que perderam a custódia dos filhos por causa da obesidade. Um artigo publicado no Journal of the American Medical Association em julho afirma que mandar a criança para um abrigo muitas vezes é mais ético do que encaminhá-lo para a cirurgia de redução de estômago.

O especialista em obesidade David Ludwig, do  Children's Hospital Boston, acredita que não se trata de culpar os pais, mas agir em prol do interesse da criança quando seus pais não são capazes de fazê-lo.

Para Norman Fost, médico especialista em ética pela Universidade de Wisconsin, o abrigo não irá curar o garoto, mas pode ajudar. “O objetivo é fazer com que ele fique menos obeso”. Uma perda de peso discreta poderia aliviar o problema da apneia, que ameaça a saúde da criança.

A mãe do garoto diz que tentou fazer o menino emagrecer. “Querem fazer parecer que eu sou pouco saudável e não amo meu filho”, alegou ao jornal local The Plain Dealer.

O defensor público Sam Amata informou que a remoção da custódia pode ser contestada porque o garoto não está em situação de perigo iminente.

* Com informações da Associated Press