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Taise Spolti

Alimentação e gastrite: entenda a relação e como melhorar sintomas

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

13/06/2021 04h00

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Não é de hoje que vivenciamos pessoas perto de nós reclamando da tal 'queimação' e dor no estômago. Mas quando vemos alguém tendo uma crise, como foi o caso do surfista Chumbo, que pediu pela eliminação no programa "No Limite" após ter sintomas de uma crise de gastrite, é comum que as pessoas fiquem espantadas e se surpreendam com a força que essa doença pode ter, causando um grande desconforto e trazendo riscos à saúde física e emocional. Não à toa o participante teve sua vaga no reality comprometida devido à dificuldade mental e às dores físicas causadas pela doença, impossibilitando-o de se manter concentrado em uma competição.

Após esse episódio, tem-se falado bastante sobre a gastrite e úlcera péptica, que infelizmente atacam grande parte da população e estima-se que os números tendem a aumentar, devido ao estilo de vida e alimentar do brasileiro.

A gastrite é uma doença do trato gastrintestinal, ocorre no estômago e se dá pelo rompimento da integridade da mucosa, devido a anormalidades, sejam infecciosas, químicas ou neurais. A infecção mais diretamente ligada à gastrite é a por Helicobacter pylori, o H.Pylori, que você já deve ter ouvido falar. Mas além dela estão os hábitos do indivíduo. Ao longo da vida e dos danos causados à mucosa vão se formando pequenos rompimentos e irregularidades no estômago.

Os sintomas de uma gastrite também estão ligados ao humor e ao sistema neurológico do indivíduo, que pode conhecer e passar pelo que chamamos de gastrite nervosa. Chamada de dispesia funcional, nesse tipo de gastrite não há qualquer elemento inflamatório ou alteração física no estômago, porém gera tanto desconforto quanto a crônica ou aguda.

Aliás, a gastrite crônica é o problema. Diferente da aguda, que envolve um tratamento intensivo direcionado àquele período curto de tempo e que pode ser curada, a crônica é uma condição que se instala como inflamação contínua e requer que o indivíduo se mantenha fiel aos hábitos e orientações dadas pelos profissionais.

Sintomas

  • Queimação (não é em todos pacientes);
  • Dor aguda na região superior do abdome;
  • Náuseas e vômitos podem acompanhar o desconforto;
  • Saciedade precoce, ou seja, é comum que a pessoa se sinta 'cheia' ou 'estufada' imediatamente após começar a comer, e isso pode levar à redução e perda de apetite.

O que causa

Além da infecção por H.Pylori, o que causa a gastrite é a má alimentação, tabagismo, álcool, uso contínuo de anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno (atenção mulheres que utilizam constantemente por causa das cólicas menstruais) e aspirina. O uso dessas substancias que mencionei estão relacionadas à redução da proteção da mucosa contra o ácido do estomago, além de estimular a formação de mais ácidos, ou seja, você aumenta a produção e diminui a proteção.

O ambiente do estômago deve ser ácido, pois a maioria dos micro-organismos patogênicos não resiste a ambientes assim. Já os micro-organismos positivos para a nossa saúde são capazes de suportar esse ambiente e contribuir para a saúde e microbiota intestinais. Justamente por ser um ambiente que deve suportar o ácido é que existe essa mucosa, e quando se instalam doenças que agridem essa mucosa, os problemas iniciam, como no caso da gastrite.

Existe uma outra condição não tão comum que é a gastrite autoimune, na qual o sistema imune produz anticorpos que destroem as próprias células gástricas da mucosa.

O que fazer para prevenir ou manter o controle da doença?

Em primeiro lugar, evitar consumo elevado de álcool, fumo e uso contínuo de medicamentos sem prescrição. Mas o que pode mais auxiliar o nosso organismo a manter o problema controlado ou evitá-lo é uma alimentação a base de fibras, que conseguem absorver o suco gástrico e auxiliar nessa proteção a mucosa.

Priorize alimentos com casca, reduza a ingestão de gorduras (isso vale para qualquer alimento gorduroso, como carnes ou outros preparos), diminua o consumo de café, fracione as refeições por período não tão prolongado e coma quantidades menores, favorecendo o total esvaziamento gástrico.

Aumente também a ingestão de água, para que o ambiente interno do estômago se beneficie da hidratação, ajudando na remoção de impurezas e toxinas. Alimentos ácidos devem ser consumidos em pouca quantidade e durante a refeição, e não antes ou depois. O consumo de um pouco de limão, abacaxi ou vinagre durante a refeição auxilia a manter o ambiente ácido e reduzir a produção natural do ácido do estômago, pois o ambiente já estará preparado.

Para quem já possui a doença e a controla com alimentação e bons hábitos, outra dica muito importante é a mastigação. Quanto maior e melhor for o processo de mastigação, menos esforço o estômago terá para quebrar, digerir e metabolizar aquela refeição. Então mastigue lentamente e bastante antes de engolir, e evite tomar água durante a refeição.