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Estudante de 24 anos diz ter sido dopada e estuprada após festa no CE

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

08/08/2023 18h21

Uma estudante de medicina de 24 anos denunciou ter sido dopada e estuprada após uma festa realizada em Fortaleza.

O que aconteceu:

A estudante contou que estava com amigos em uma festa e teria se afastado de seu copo por alguns minutos. "Tudo estava ocorrendo bem, até que, por um instante, larguei meu copo em nossa mesa por segundos e peguei meu celular para provavelmente tirar alguma foto em minha bolsa, que tem uma espécie de trava", escreveu a jovem nas redes sociais.

Ela detalhou que tomou a bebida novamente e passou a ficar desorientada. "Me lembro apenas de flashes, uma amiga me pegando pelo braço e dizendo 'amiga, você não está bem, volte para casa que é melhor'", diz o texto. O crime teria ocorrido no dia 23 de julho.

No relato, ela descreveu que uma amiga decidiu levá-la até a saída do local da festa. Um homem teria se oferecido para colocá-la em um táxi. "Não me lembro nada desta pessoa, fisionomia, cor de cabelo, nada", disse.

Quando a estudante entrou no táxi, o homem teria entrado junto e pediu ao motorista para trocar o endereço. "O mesmo disse que iria apenas me deixar na porta do táxi para ela, quando não foi isto que aconteceu. Ele entrou no carro comigo. Lembro-me ainda dele falar o seu endereço ao taxista, quando eu, já fraca e desorientada, dizia o meu e repetia inúmeras vezes, o taxista não me ouviu e deixou-me no dele. Desde então, tudo são flashes".

A estudante contou que foi estuprada e acordou no outro dia com outros homens dormindo no mesmo quarto que ela. "Mesmo com segundos repentinos e aleatórios de consciência, eu lembro que lutei, meus dedos das mãos e pés estavam lacerados, alguns gravemente, fora partes do corpo com cortes tão profundos que davam para ver uma grande artéria. Lembro que a única palavra que falava era não, não lembro de onde estava, dele, nem de sua fisionomia".

Ao acordar, ela lembra que recolheu suas roupas e se deu conta de que o celular não estava na bolsa. "O mesmo tentou me convencer a ficar, mas não ofereceu resistência física. Não sei como cheguei no apartamento no qual estava hospedada com amigas. Lembro que contei a elas, porém não tive forças e nem coragem para ir à delegacia, tive medo de ser destratada e ridicularizada", lamentou.

Investigação

A jovem vive em João Pessoa e afirmou que realizou exames que identificaram em seu organismo uma substância conhecida como "boa noite, Cinderela". Ao UOL, a Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza afirmou que investiga o caso.

A vítima registrou um boletim de ocorrência relatando o ocorrido, mas ninguém foi preso até o momento. "A Polícia Civil do Ceará, por meio do Departamento de Polícia Judiciária de Proteção aos Grupos Vulneráveis, entrou em contato com a Polícia Civil da Paraíba. A vítima voltou para seu estado de origem logo após o ocorrido, onde também registrou boletim de ocorrência", disse o órgão, em nota.

A vítima detalhou que vai precisar tomar "muitos remédios" e que está com feridas no corpo inteiro. "Algumas estão abertas e vão precisar de pontos, coisa que ainda não tive forças de fazer".

Ainda estou sem chão, parecem que meus sonhos desapareceram, cheguei na delegacia da mulher para começar o protocolo [de vítimas de estupro] e a recepcionista ou pessoa responsável na recepção não quis me atender, foi grossa, mal educada, e nos destratou, em um momento em que me sentia humilhada. O inquérito policial já está sendo encaminhado para Fortaleza. Esperamos que tomem medidas cabíveis. (...) Este é meu depoimento, tenho 24 anos, sei me portar em festas, pois costumo frequentar algumas, sempre tomo o máximo de cuidado possível, agora terei de lidar com as consequências, como vítima sendo tratada como culpada.
Trecho de relato da vítima