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Mulheres de 18 a 24 transam mais cedo e falam mais de sexo. Mas fazem menos

Mariana Gonzalez

Colaboração para Universa, de São Paulo

06/07/2023 04h15

Mulheres da geração Z, de 18 a 24 anos e que nasceram praticamente junto com a internet, tendem a começar a vida sexual um pouco mais cedo do que as gerações anteriores. Segundo a pesquisa "Prazeres Universa + Tech4sex", enquanto 38% das brasileiras têm a primeira relação sexual entre os 15 e os 17 anos, este percentual sobe para 51% entre as mais jovens.

"Ao mesmo tempo, é uma geração que está transando menos do que as anteriores, ou pelo menos com menor frequência", percebe a psicóloga e sexóloga Michelle Sampaio, especialista em Sexualidade Humana pela USP (Universidade de São Paulo).

Para ela, esse comportamento ilustra a forma como a geração Z encara o sexo: em geral, são menos adeptos do casual e buscam uma relação com significado —não necessariamente um relacionamento sério, mas afetivo, com alguma conexão.

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A pesquisa "Prazeres Universa + Tech4sex" entrevistou 1.000 mulheres com mais de 18 anos entre os dias 26 de maio e 1º de junho de 2023. São mulheres de todas as regiões do Brasil, variados níveis escolares e diferentes orientações sexuais, raças e contextos familiares. As entrevistas foram feitas pela internet.

Tanto a sexóloga quanto os dados apontam que a geração Z encontra essas conexões na internet, mas que, diferentemente das millennials, não recorre aos aplicativos de namoro, como Tinder e Bumble; encontram essas conexões em fóruns de conversa e em grupos e chats de redes sociais.

"A falta de interesse é o quesito mais votado entre as mulheres que não utilizam aplicativo de relacionamento (37%). Os perfis que se destacam são das mais jovens, de 18 a 24 anos (45%)", conclui a pesquisa.

Elas não entram na internet para buscar intencionalmente relacionamentos afetivos ou sexuais, mas acabam encontrando ali seus parceiros ou parceiras.

"É uma geração que nasceu na internet e vive totalmente entrelaçada com o meio virtual. Por isso eles não estão buscando a internet para falar sobre sexo ou para procurar parceiros, eles vivem na internet, como uma extensão de qualquer outro ambiente. Essa é a forma de eles se relacionarem socialmente em todos os aspectos, amizades, trabalho, estudos e, claro, sexo", fala Michelle Sampaio.

Imagem: Arte UOL

Ela conta a Universa um episódio que ilustra bem como, para a geração Z, o limite entre o real é menos definido: "Atendi uma pessoa que chegou à consulta me contando que tinha vivido a primeira relação sexual. Quando pedi que me contasse a experiência, entendi que ela tinha feito sexo virtual. Mas ela entendeu como uma experiência sexual como qualquer outra, afinal teve uma troca, a exposição do corpo, ela atingiu o orgasmo na presença de outra pessoa".

Cadê a educação sexual?

Mayumi Sato, diretora de marketing da E-sapiens, que comanda o portal Sexlog, defende que, quanto maior o acesso dos mais jovens a uma quantidade incalculável de conteúdo sobre sexo e sexualidade, mais necessário o papel dos adultos -sejam pais, professores ou outros cuidadores.

"A internet tem muita informação de qualidade, mas muita informação desprezível, até nociva. Não é possível negar a sexualidade de um adolescente, fingir que ele não vai em busca disso. Mas, da mesma forma que a gente não deixa as crianças participarem de certos assuntos, ou modera o vocabulário quando elas estão por perto, na internet é preciso fazer o mesmo", fala Mayumi.

Michelle Sampaio corrobora, e defende que o papel dos pais é justamente orientar esse adolescente e ajudá-lo a filtrar tantas informações.

"Os pais não podem de forma alguma se isentar dessa educação em sexualidade. Eles tem que estar ali pra modelar o conteúdo absorvido e conversar sobre isso" -e isso não deve ser difícil, já que, segundo a pesquisa "Prazeres Universa + Tech4sex", as mulheres entrevitadas que pertencem à geração Z são as que mais consideram importante falar sobre sexo.

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