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Deputada fez parte de conselho que orientou Lula: 'Foco é garantir a posse'

Codeputada estadual eleita pelo PSOL, Simone Nascimento fazia reuniões com Lula ao lado de outras liderenças de movimentos sociais - Reprodução
Codeputada estadual eleita pelo PSOL, Simone Nascimento fazia reuniões com Lula ao lado de outras liderenças de movimentos sociais Imagem: Reprodução

De Universa, em São Paulo

31/10/2022 16h54

No primeiro discurso após ser eleito presidente da República na noite deste domingo (30), Lula (PT) estava cercado de apoiadores e lideranças políticas. Nas imagens do discurso, uma jovem negra está ao lado do presidente na eleição: é Simone Nascimento, coordenadora do MNU (Movimento Negro Unificado) e eleita codeputada estadual em São Paulo com a Bancada Feminista do PSOL.

De Pirituba, periferia da zona norte de São Paulo, Simone é jornalista e militante do movimento negro. A Universa, explicou que estava ao lado do presidente eleito por integrar o conselho político da campanha de Lula.

Composto por movimentos populares e entidades da sociedade civil, como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), UNE (União Nacional dos Estudantes) e CMP (Central de Movimentos Populares), o conselho se reunia com o presente durante toda a campanha para alinhar discursos, pautas e aconselhar o petista.

"Me senti fazendo parte de um momento histórico, mas todos nós fizemos história ontem com a eleição mais importante desde a redemocratização", afirma. "Me senti muito feliz, como mulher negra periférica, com a vitória de Lula. É o início de um novo período depois de tempos difíceis. Estamos ansiosos e com muita esperança."

Simone à direita, entre Lula e Alckmin, no discurso logo após o resultado final da eleição - Reprodução - Reprodução
Simone (à direita, entre Lula e Alckmin) no discurso logo após o resultado final da eleição
Imagem: Reprodução

Simone assistiu à apuração do resultado das eleições com uma delegação de partidos e representantes internacionais —enquanto Lula estava em uma sala reservada com sua mulher, Janja, e lideranças políticas e partidárias. Após a vitória consolidada, o petista cumprimentou os militantes e demais presentes.

"Ao final da apuração, ele foi nos encontrar antes de fazer declaração pública para imprensa. Estava recebendo abraços, parabéns. Era um momento de alegria, sem muitos discursos. Estavam muitos felizes com a vitória", conta.

Discurso de Lula representa "compromisso" com agenda dos movimentos sociais

Simone avalia que o primeiro discurso de Lula como presidente eleito foi assertivo e representa os compromissos com o conselho político que o petista.

"Ele falou da necessidade de dirigir o país para todos os brasileiros e fez acenos importantes, como o retorno do Minha Casa Minha Vida, sobre a vida das mulheres, criação do Ministério dos Povos Originários. Também se comprometeu com vários compromissos democráticos para se alinhar com a Constituição."

Em seu primeiro discurso, Lula garantiu que assumirá bandeiras como o combate à desigualdade de gênero e ao racismo.

É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres e garantir que elas ganhem o mesmo salário que os homens ganham no exercício de igual função. Enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e as mesmas oportunidades. Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam Lula, em discurso após vencer a eleição

"Me marcou muito a fala dele de que o racismo precisa ser extirpado do Brasil e que ninguém tem que ser tratado de maneira diferente por não ser branco. Isso mostra compreensão das desigualdades e do preconceito contra a população negra e indígena no Brasil. Achei isso fundamental."

Foco agora é garantir que Lula tome posse

Para Simone, os movimentos sociais devem colocar "foco em garantir a posse de Lula". Sobre o silêncio de Jair Bolsonaro (PL), que foi o primeiro presidente desde a redemocratização a não cumprimentar o eleito logo após o anúncio do resultado, ela afirma que é preciso analisar, com cautela, as movimentações políticas das próximas horas. "Ele deve respeitar os resultados nas urnas."

Nos próximos quatro anos, Simone vai atuar com as colegas da bancada feminista na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). A candidatura recebeu mais de 259 mil votos em São Paulo —o Estado será governado por Tarcísio, aliado de Bolsonaro que derrotou Fernando Haddad (PT) com 55,27% dos votos.

"O que fez da bancada um fenômeno, para além dos cincos nomes fortes que compõem a candidatura, foi a forma de fazer campanha que reuniu a força popular de muitos movimentos feministas e antirracistas, de mobilidade urbana, soberania alimentar em muitas cidades no Estado. Queremos ser porta-voz das lutas dos bairros e cidades na Assembleia Legislativa", diz.