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Número de mulheres na Câmara sobe para 18%; aumento é menor do que em 2018

Carla Zambelli, do PL, foi a mulher mais votada para uma vaga na Câmara dos Deputados, com 946.244 votos -  GUSTAVO SALES/CâMARA DOS DEPUTADOS
Carla Zambelli, do PL, foi a mulher mais votada para uma vaga na Câmara dos Deputados, com 946.244 votos Imagem: GUSTAVO SALES/CâMARA DOS DEPUTADOS

De Universa, em São Paulo

03/10/2022 12h57

A bancada feminina na Câmara dos Deputados vai aumentar a partir do ano que vem. Nas eleições de domingo (2), 91 candidatas foram eleitas, o equivalente a 18% das vagas na casa. A média atual é de 15% de mulheres deputadas federais, ou 77 cadeiras.

Ainda que o pleito mostre um avanço, o aumento foi de menos de 20% —em 2018, foi de 50%, como explica a pesquisadora Hannah Maruci, doutoranda em ciência política pela USP (Universidade de São Paulo).

"Se a conta era de que o Brasil vai levar 120 anos para atingir a paridade de gênero na política, agora, esse número é ainda maior", diz. "É um aumento muito aquém do que a gente precisava. Nosso cenário ruim era manutenção do crescimento de 50% para chegar a essa paridade."

Entre os partidos que mais elegeram mulheres estão o PL, com 17 nomes, e a federação liderada pelo PT, com 21 deputadas (17 do PT e 3 do PCdoB).

Mulheres foram as mais votadas para a vaga de deputado federal em oito estados brasileiros: Bia Kicis (PL-DF), Caroline de Toni (PL-SC), Natália Bonavides (PT-RN), Yandra de André (União-SE), Silvye Alves (União-GO), Alessandra Haber (MDB-PA), Socorro Neri (PP-AC) e Detinha (PL-MA).

A Câmara dos Deputados também terá um novo mandato com mais representatividade. A partir do ano que vem, ocuparão a casa duas deputadas federais trans, duas indígenas e uma afroindígena.

"Essa representatividade tem que ser comemorada porque não havia nenhuma mulher trans, e elegemos mulheres progressistas. Ao mesmo tempo, estarão isoladas em um ambiente conservador", analisa Hanna.

Eleita em Minas Gerais, Duda Salabert (PDT) foi votar neste domingo com colete à prova de balas, devido ao número de ameaças que tem recebido. "Temo pela vida delas e pelo que elas vão passar agora, eleitas", diz a pesquisadora.

Hannah ainda comenta o novo cenário do Congresso como um todo. "O crescimento da extrema direita, em todos os âmbitos foi muito maior do que esperado", analisa. "A gente tenta se prender ao aumento da diversidade, mas o cenário geral aponta para um futuro de retrocesso nos direitos das mulheres, direitos sexuais e reprodutivos e da população LGBT."

Senado diminui bancada feminina

No Senado, a próxima Legislatura vai começar com dez mulheres. Hoje, são 12 mulheres, seis finalizam o mandato no final deste ano e não voltam em 2023, e quatro senadoras foram eleitas nas eleições de domingo.

As eleitas foram Damares Alves (Republicanos-DF), Professora Dorinha (União-TO), Teresa Leitão (PT-PE) e Tereza Cristina (PP-MS). "Todas mulheres brancas e três de direita", pondera Hanna.