Ela criou franquia de comida saudável e já faturou mais de R$ 90 milhões
A paulista Camila Miglhorini, 39 anos, juntou o conhecimento no mercado de franquias e em administração com a vontade de fazer algo mais alinhado ao seu propósito para criar, em 2013, a Mr. Fit, rede de fast food saudável que hoje conta com mais de 500 franquias espalhadas pelo Brasil e uma em Portugal. Em 2021 o faturamento foi de R$ 90 milhões e, este ano, a perspectiva é chegar a mais de R$ 100 milhões.
O caminho para chegar até aqui não foi simples. Quando decidiu abrir a empresa, Camila não tinha capital e foi em busca de parceiros. Ela já havia feito toda a lição de casa para empreender, com pesquisa de mercado para saber se sua ideia tinha espaço, visitas a praças de alimentação em shoppings e entrevistas com potenciais clientes, mas se deparou com o preconceito. "Falei com mais de 20 pessoas e todas disseram não. Ouvia frases como 'você é muito nova para empreender' e 'ninguém gosta de comida saudável'", conta.
Segundo ela, era nítido que as pessoas não queriam investir por falta de conhecimento. "O Brasil é um país preconceituoso e, nós, mulheres, ainda sofremos com isso", diz. Até hoje, mesmo com o sucesso da empresa, ela ouve comentários nessa linha, mas, diferentemente do início, Camila procura não se abalar. "Já me perguntaram se o negócio era do meu namorado", exemplifica.
Para driblar situações como essa, ela aposta na combinação de sangue frio, controle emocional e convicção do potencial da empresa e de suas próprias capacidades. "Não me importava com os 'nãos', pois sempre acreditei no negócio e tracei um plano muito bem estruturado para fazer dar certo", afirma. O que ajudou também, diz, foi aprender a lidar com as emoções que podem surgir nesses casos. "Já fiz cursos de gestão emocional e me preparei para enfrentar diversos tipos de situações."
Planejar para crescer
Um dos pontos centrais para o sucesso da empresa foi contar, desde o começo, com um planejamento de curto, médio e longo prazos. "Desde o início sabia que gostaria de tornar a empresa em uma rede de franquias. Assim, já no primeiro contrato com um fornecedor, busquei um que atendesse todo o Brasil", diz Camila.
Tão importante quanto isso é ouvir atentamente não só o cliente como também os franqueados. "A escuta ativa é fundamental para saber o que funciona em cada cidade, pois cada uma tem sua cultura e seus hábitos alimentares. Em São Paulo, o consumo de salmão é maior do que em São Luís, por exemplo. E só consigo saber dessas particularidades para adaptar os cardápios ouvindo os franqueados", afirma.
Aliás, para montar o menu, antes de abrir as portas do primeiro restaurante, Camila realizou uma degustação com alguns amigos. "Estar aberto a ouvir o time, os clientes e os parceiros é crucial. Já vi muita empresa fechar ao longo desses anos por não praticar isso."
Outro pilar importante é criar um modelo de negócio que atenda a diferentes perfis. Hoje a rede possui três marcas (Mr. Fit Home, Mr. Fit Café e Mr. Fit Fast Food) e oito modelos de negócios para dar oportunidade tanto para grandes empreendedores quanto para os pequenos, com investimento entre R$ 6 mil e R$ 90 mil.
Na prática, há o formato tradicional de franquia, aquela instalada em aeroportos, ruas e shoppings, que pode ser loja ou quiosque, e o modelo home office, criado durante a pandemia de covid-19, que é a revenda de produtos ultracongelados produzidos pela franqueadora e entregues para o franqueado. Este modelo pode ser implantado em casas, academias, clínicas e mercados, além de por meio da venda por aplicativos como iFood. "Um dos meus objetivos é dar condições para as pessoas empreenderem", afirma.
Pandemia exigiu adaptação
O poder de adaptação é mais um pilar essencial para o sucesso da Mr. Fit. Em 2020, ano em que começou a pandemia da covid-19, Camila precisou se readaptar. Com lojas fechadas em shoppings e aeroportos, ela decidiu criar o modelo Mr Fit Home. Para isso, investiu R$ 2 milhões em uma fábrica própria, localizada no município de Cosmópolis (SP), para preparar cerca de seis mil itens por dia, entre marmitas, lanches e sucos prensados a frio e atender as microfranquias home office. "Se eu não tivesse um modelo de negócios adaptável, teria perdido muito", diz.
Agora, o plano é seguir com esse modelo e abrir duas lojas por mês a partir de junho, além de expandir para outros países.
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