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Chamada de 'nordestinazinha' por ex-chefe, ela fatura R$ 105 mi com empresa

A empresária Meire Medeiros fundo o Grupo MM, um dos maiores do país no setor de eventor - Divulgação
A empresária Meire Medeiros fundo o Grupo MM, um dos maiores do país no setor de eventor Imagem: Divulgação

Roseane Santos

Colaboração para Universa

05/02/2022 04h00

Meire Medeiros, 61, nasceu na cidade de Santo Antônio, a 40 km de Natal (RN). Filha mais velha de pais comerciantes, foi criada com cinco irmãos. Aos 15, foi a São Paulo passar as férias escolares com um tio que morava na capital paulista. "Me encantei pela cidade e decidi que não voltaria. Mandei uma carta para minha família avisando, mas, na semana seguinte, meu pai veio me buscar de ônibus", relembra Meire, rindo.

O sonho se concretizou após alguns anos, quando ela mudou definitivamente para a cidade. Teve dezenas de trabalhos, engravidou entre alguns deles e, em certo momento, decidiu criar a própria agência de eventos. Ao visitar um ex-chefe e lhe contar a novidade, ele, sem pestanejar, respondeu: "Isso não vai dar certo. Você é só mais uma, uma 'nordestinazinha' que veio aqui para servir a gente". Hoje, sua empresa, a MM, é uma das maiores do Brasil na área de eventos corporativos. Em 2021, registrou faturamento de R$ 105 milhões.

Anos depois após abrir o negócio, que foi fundado em 1993, voltou a esse mesmo lugar, que estava quase quebrando, e em uma reunião com a pessoa que fez o comentário preconceituoso, fez questão de mostrar o tamanho que sua empresa tinha atingido.

"Ao me candidatar para uma vaga, informaram que não aceitavam nordestinos"

Logo que chegou a São Paulo, Meire se candidatou a uma vaga de trabalho, mas descobriu pela agência de empregos que "não aceitavam nordestinos". Sem desistir, conseguiu o primeiro trabalho com venda de assinaturas de uma revista, feito de porta em porta. Nesse período, ficou grávida da filha, Ana Carolina Medeiros, hoje com 35 anos, e, ao voltar de licença-maternidade, outra amiga a incentivou a seguir um caminho diferente: trabalhar com vendas durante eventos em hotéis.


"Decidi mudar de área e consegui emprego em um hotel. Pouco depois, fui chamada pela diretoria para conversar sobre uma redução salarial, já que ganhava muito bem. "Mas meu gerente sabia que não aceitaria a proposta e já havia ligado para uma amiga dele em outro hotel. No dia seguinte, já estava empregada novamente. Passei a trabalhar com eventos corporativos em um hotel em Santos [SP] como diretora de vendas", conta.

"Precisava aprender muita coisa. Naquela época, me perguntavam sobre projetor, por exemplo, e eu respondia: 'O que é isso?'. Transformei tudo em aprendizado: fazia e aprendia. Esse era meu grande desafio e acho que é essa minha grande história", conta.

Pandemia exigiu adaptações dos serviços

O talento para área foi sendo cada vez mais reconhecido, até que Meire percebeu que poderia criar sua própria agência. Foi então que surgiu o Gurpo MM. "Queria saber se eu realmente existia no mercado", diz. A empresária começou a atender empresas como o Banco Nacional, que comprado pelo Itaú Unibanco, que continua seu cliente. No primeiro ano da empresa, Meire realizou 330 projetos e ainda atende companhias que seguem com ela há 28 anos, desde a abertura da empresa.

O Grupo MM é uma agência de eventos conhecida como B2B, que cuida de todos os passos, do começo ao fim, para que o cliente tenha seu evento realizado, seja uma convenção, treinamento, premiação ou qualquer outro tipo de configuração nacional e internacional.

Hoje, está entre as maiores do país em seu segmento. Mas, para manter o equilíbrio, foi preciso muito planejamento e organização. Meire conta que, com a empresa, já enfrentou diversas crises econômica. Um dos aprendizados mais importantes, como empreendedora, foi saber separar o dinheiro dela do da sua empresa. Pensar no futuro também é fundamental para investir no próprio negócio e para evitar problemas mais sérios em situações de instabilidade financeira.

Um dos maiores desafios nesse sentido, ela conta, foi a pandemia. "Vi que precisava começar algo do zero. Com a Ana, minha filha, surgiu a ideia de realizar eventos on-line."

Com as adaptações, o tempo de cada palestra nos eventos foi reduzido e foi necessário a implementação de tecnologia de realidade aumentada para os lançamentos de diversos produtos, entre outras soluções. Outra novidade foram nas chamadas lives interativas, nas quais cada cliente recebe em sua casa um kit relacionado ao tema do evento on-line, o que gera uma sensação de interatividade. A empresa pode solicitar kits personalizados.

"Sou apaixonada pelo que faço. É um dia a dia sempre movimentado e dinâmico, todas as manhãs têm sabor de descoberta. Adoro essa vida de eventos, ela me fascina. A cada momento descubro uma coisa nova dessa área e me envolvo ainda mais", vibra Meire, contando que, no ano passado, a agência realizou mais de 1.500 eventos.



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