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Homem é preso por assassinato de trans e aumenta índice de mortes no país

Catarina foi esfaqueada e morta em parque tradicional de São Paulo - Reprodução
Catarina foi esfaqueada e morta em parque tradicional de São Paulo Imagem: Reprodução

Marcos Candido

De Universa

18/02/2020 13h50

Um homem foi preso como suspeito pelo assassinato de Catarina da Silva, mulher trans encontrada morta próxima ao Parque do Carmo, na zona leste de São Paulo, na manhã da última quarta (14). A morte marca o início de mais um ano violento contra as mulheres trans no País.

Além de Catarina, ao menos três mulheres transgêneros foram assassinadas desde janeiro no Brasil. As mortes têm um roteiro em comum: os suspeitos usam discussões banais para justificar o crime. Em ao menos dois casos, as vítimas também trabalhavam como garota de programa. O número de casos é com base em homicídios veiculados na imprensa; o número pode ser maior.

Mortes marcam início de ano

Em Brasília, uma mulher trans de 38 anos foi morta com uma facada na barriga por um cliente contrariado. Ana Clara Lima morreu no próprio carro, a caminho do hospital.

Em São Paulo, Catarina estava em uma região de prostituição quando foi esfaqueada por um cliente. Segundo testemunhas, o suspeito se irritou ao ouvir que a Catarina não tinha troco para o programa. Sob ordem da Justiça, o homem está em prisão temporária por 30 dias.

Em Florianópolis, Isabelle Colstt também foi esfaqueada e morta. O crime aconteceu na madrugada do dia 4 de fevereiro. Isabelle tinha sido agredida por um grupo de homens 15 dias antes de ser assassinada. Dois homens fugiram em um carro preto. Já na cidade de Quilombo, em Santa Catarina, um suspeito foi preso sob suspeito de asfixiar uma mulher trans após uma briga em uma casa noturna.

Mesmo considerado como crime desde junho do ano passado, os casos também não são registrados como crimes de transfobia. Foi o que aconteceu com Isabelle, de Florianópolis, que segue em investigação pela polícia catarinense.

Número de mortes aumentou em 2019

Em 2019, 124 pessoas transexuais foram assassinadas no Brasil, segundo o dossiê "Assassinatos e violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019", feito pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e lançado hoje, Dia da Visibilidade Trans. A pesquisa foi feita em parceria com o IBTE (Instituto Brasileiro Trans de Educação).

O número apresenta uma queda em relação a 2018, quando foram mortos 163 transexuais, mas a redução não é vista como positiva pelas organizações responsáveis pelo relatório.

Segundo a instituição, dificuldade para registrar ocorrências; negação do uso do nome social das vítimas ou, ainda, o apagamento da identidade de gênero são alguns dos motivos que podem ter impedido a notificação de casos.

A queda, entretanto, ainda mantém o Brasil como líder mundial no ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo. De acordo com uma pesquisa da Spartacus International Gay Guide, revista de viagens direcionada para a população LGBT, o país caiu de 55ª para 68ª no ranking de países seguros para a população LGBTI no mundo em 2019.