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10 lições das famosas que viveram o auge nos anos 90 e mandam bem até hoje

Heloísa Noronha

Colaboração para Universa

15/05/2019 04h00

Os anos 1990 estão na moda de novo: são tema de novela, de tendências na passarela e nas ruas e até do retorno de certos artistas, como Dido e a dupla Sandy & Junior. Sandy, aliás, é uma das mulheres selecionadas nesta lista que aponta dez mulheres que se destacaram na época e que continuam mandando bem até hoje.

Madonna: reinventar-se sempre, acomodar-se jamais

Os anos 1990 serviram para Madonna provar ao cenário musical que é mestra em reinventar-se visualmente: loira fatal dos anos 30, gueixa, dominatrix, prostituta e até a icônica primeira-dama argentina Evita foram algumas das personagens encarnadas por Madonna. Ela iniciou a década provocando polêmica --vide o clipe de "Justify my Love" (1990) e o álbum de fotos "Sex" (1992)-- e a encerrou com um dos trabalhos mais elogiados de sua carreira, o disco "Ray of Light" (1998). Com elementos da música eletrônica e várias canções confessionais, como "Nothing Really Matters", a cantora celebrou as mudanças que o nascimento de sua filha Lourdes Maria, em 1996, impuseram à sua vida. Desde então, Madonna não deixou de explorar novos ritmos e estilos em seu trabalho. Recentemente, tem aguçado a curiosidade dos fãs ao divulgar aos poucos "Madame X", seu novo álbum, ainda sem data de estreia.

Sandy: discrição à margem de polêmicas

Marcadas para agosto, as apresentações extras em São Paulo e no Rio de Janeiro da turnê "Nossa História", em comemoração aos 30 anos da dupla Sandy & Junior, comprovam o quanto a cantora, ao lado do irmão, ainda mexe com as emoções dos fãs. A dupla iniciou a carreira em 1990 e encerrou a parceria em 2007. Durante o período em que cantaram juntos gravaram sucessos memoráveis, como "Vâmo Pulá!" e "Imortal" do álbum "As Quatro Estações" (1999). Ao longo de sua jornada, Sandy vendeu mais de 20 milhões de álbuns no Brasil e acumulou vitórias e indicações a prêmios musicais, inclusive ao Grammy Latino. Perfeccionista e discreta, Sandy enfrentou várias especulações sobre sua vida sexual --tirada de contexto, sua fala sobre prazer no sexo anal durante uma entrevista à extinta revista "Playboy", em 2011, lhe rendeu muita dor de cabeça. Apesar da pressão, a cantora sempre procurou se manter à margem de polêmicas e sensacionalismos e procura manter Theo, seu filho com o músico Lucas Lima, longe dos holofotes.

Letícia Spiller: jogo de cintura para lidar com críticas

Ela estreou na TV como Paquita "Pituxa Pastel" no "Xou da Xuxa", em 1989, na Rede Globo. Em seguida cursou teatro e participou do programa "Os Trapalhões" e da novela "Despedida de Solteiro" (1993). Letícia tinha começado a cursar a Oficina da Globo, projeto de formação de atores, quando foi convocada para um pequeno papel na em "Quatro por Quatro" (1994). Com a desistência de Adriana Esteves de interpretar uma das protagonistas, a loira agarrou com unhas e dentes a chance de se destacar na pele da cabeleireira Babalu. A personagem foi um dos grandes destaques da trama de Carlos Lombardi e teve seu estilo "girlie" muito copiado pelas garotas na época. Embora tenha sido alvo de muitas críticas no início de "Suave Veneno" (1999) pela interpretação caricata da vilã Maria Regina, ao longo do enredo a atriz não se deixou abater e conseguiu reverter a impressão. Ao final, foi considerada um ponto alto da novela. De lá para cá, Letícia se consagrou também no teatro e desde "Sol Nascente" (2016) vem se arriscando a cantar. Recentemente, foi tida como uma das poucas coisas boas da novela "O Sétimo Guardião" e acabou pagando mico no programa "Encontro" ao errar letra de uma música em espanhol --como é de seu feitio, levou na esportiva e admitiu o fiasco.

Daniela Mercury: visibilidade para causas que importam

A ex-cantora de barzinhos em Salvador (Bahia) nos anos 1980 ganhou notoriedade em 1991 com o seu primeiro álbum solo, com seu nome. No ano seguinte, conquistou o Brasil inteiro com o disco "O Canto da Cidade", um dos pioneiros do movimento da Axé Music no Brasil. Ao longo das últimas décadas, Daniela construiu uma carreira musical à base de diversos ritmos eletrônicos e ajudou a impulsionar o Carnaval baiano. Em 2013, a artista anunciou publicamente seu relacionamento com a jornalista Malu Verçosa e, desde então, tornou-se uma ativista pelos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros).

Xuxa: sem medo do envelhecer diante do público

Uma das celebridades brasileiras de maior prestígio e reconhecimento no exterior, Xuxa viveu o auge de sua carreira nos 1990, quando chegou a apresentar programas de TV no Brasil, na Argentina, na Espanha e nos Estados Unidos simultaneamente, atingindo cem milhões de telespectadores diariamente. Responsável por inspirar o trabalho de várias apresentadoras de programas infantis, como Angélica e Mara Maravilha, Xuxa se tornou um ícone da cultura pop nacional e coleciona números grandiosos. Seu filme "Lua de Cristal", por exemplo, foi um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema da década, com 4,8 milhões de espectadores. Desde 1991, Xuxa também aparece com frequência na lista de personalidades mais bem pagas do mundo do entretenimento da revista "Forbes". Em 2014, ela rompeu de forma amigável o contrato com a Rede Globo após quase 30 anos de parceria. Desde 2015, ela apresenta o reality show "The Four Brasil" na Rede Record. No início desse ano, ao postar uma foto sem maquiagem no Instagram, foi criticada por fãs e recebeu o apoio de diversas famosas, como Bruna Linzmeyer, Letícia Colin e Alice Wegmann. Afrontosa e sem medo de se mostrar como é de verdade, dois meses depois Xuxa postou a imagem novamente para divulgar o lançamento do livro "Xuxa - Edição Limitada para Colecionador".

Erika Palomino: cultura acima de tudo

Em um tempo sem memes e stories, a jornalista e consultora de moda ajudou o leitor da "Folha de S.Paulo" a entender como funcionava a cena eletrônica paulistana através de sua coluna "Noite Ilustrada", que teve início em 1992. E não só isso: em seus textos cheios de gírias e palavras do então chamado "mundinho fashion" --como "uó", "carão", "tombar" e "bas fond", que depois se tornaria "bafão", só para citar algumas-- Erika permitiu que as pessoas compreendessem melhor o universo gay e das drag queens, que na época saíram do armário em profusão e, apesar do preconceito e do estranhamento, nunca mais voltaram para lá. Sua visão foi documentada no livro "Babado Forte" (1999). Com o declínio da música eletrônica nos anos 2000, ela passou a se dedicar a projetos envolvendo moda e comportamento, sempre militando pela cultura (sobretudo a de rua) e pela causa LGBT. Em fevereiro desse ano, Erika decidiu topar um novo desafio em sua carreira: topou o convite Alê Youssef, Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, e assumiu a diretoria do Centro Cultural São Paulo, complexo na capital paulista que oferece várias atividades com entrada franca ou ingressos bastante acessíveis.

Alanis Morissette: das letras raivosas à realidade da maternidade

Ex-atriz de programas infantis de TV no Canadá, onde nasceu, Alanis ganhou o mundo em 1995 com "You Oughta Know", dedicada a um ex que a trocou por outra e perguntava se a "atual" também fazia sexo oral no cinema como ela. A música integrou "Jagged Little Pill", álbum de estreia mais vendido por uma mulher ao redor do mundo, com mais de 33 milhões de exemplares vendidos pelo planeta. Ganhadora de 7 Grammy's e de inúmeros prêmios do meio musical, Alanis até hoje é considerada uma das mulheres mais influentes do rock. Em 2018, participou da produção de um musical da Broadway inspirado no disco e iniciou uma turnê de sucessos antigos pela América do Norte. Grávida do terceiro filho, recentemente fez um show no Texas (EUA) ostentando um belo barrigão e costuma falar abertamente em entrevistas sobre o fato de ter enfrentado a depressão em gestações anteriores. A vida a dois e a maternidade, aliás, são suas recentes e constantes fontes de inspiração para novas letras.

Taís Araújo: voz e rosto do protagonismo negro

Desde que ficou conhecida pelo público com apenas 18 anos de idade, através do papel-título da novela "Xica da Silva" (TV Manchete, 1996), Taís é uma forte influência entre mulheres das mais diferentes idades, etnias e classes sociais. Ao encarnar a escrava sedutora que vira nobre, aliás, ela abriu caminho para várias outras atrizes negras conquistarem personagens de destaque em novelas brasileiras. Hoje, Taís costuma falar abertamente sobre questões como racismo, feminismo e relacionamentos. Nunca escondeu ter ficado abalada com as críticas que sofreu por sua atuação "Viver a Vida" (2009). Escalada para viver a primeira protagonista negra no horário nobre da Globo --e a primeira Helena negra do autor Manoel Carlos--, Taís era uma grande promessa. A personagem, no entanto, foi rejeitada pelo público em detrimento da Luciana de Alinne Moraes. Anos depois, a atriz confessou que pensou que sua carreira terminaria ali. Enganou-se: em 2012 viveu Maria da Penha em "Cheias de Charme", grande sucesso global das 19h. Em 2017, a artista foi nomeada Defensora dos Direitos das Mulheres Negras pela ONU Mulheres Brasil e estrelou a lista de personalidades negras mais influentes do mundo no Mipad 100 (Most Influential People of Africa Descent). No mesmo ano, Taís fez uma palestra emocionante sobre as dificuldades que os negros desde a infância sofrem diariamente no Brasil no evento TEDx São Paulo que viralizou e repercutiu no Brasil inteiro. No momento, se prepara para apresentar a próxima temporada do programa "Popstar", com estreia prevista para setembro.

Sandra Bullock: carisma que atravessa gerações

Sandra Bullock - Manuela Scarpa/Brazil News - Manuela Scarpa/Brazil News
Sandra Bullock, atração do “Supercine”, da Globo
Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News

Em 2018, ao estrelar o controverso "Bird Box" na Netflix, Sandra conquistou uma nova legião de fãs por conta da sua dedicada interpretação da angustiada Malorie. O que parte do público "millenial" do serviço de streaming não sabia é que "a moça de Bird Box" despontou como a queridinha dos Estados Unidos nos anos 1990, ao participar de produções românticas como "A Casa do Lago" (1992) e "Enquanto Você Dormia" (1995) com a mesma versatilidade com que atuava em filmes de ação como "Velocidade Máxima - 1 e 2" (1994 e 1997). Vencedora do Oscar de Melhor Atriz de 2010 por "Um Sonho Possível" e eleita a mulher mais bonita do mundo em 2015 pela revista "People", a atriz também se dedica a causas humanitárias, tendo feito doações em grandes somas de dinheiro para vítimas de terremoto no Haiti e no Japão. Com o sucesso de "Bird Box", Sandra fechou uma nova parceria com a Netflix para a assinar a direção da adaptação da HQ "Reborn".

Winona Ryder: retorno em grande estilo

Dona de uma beleza delicada, porém marcantes, Winona fez parte do casting de vários filmes icônicos dos anos 1990, como "Minha Mãe é uma Sereia", "Edward Mãos de Tesoura", "Drácula de Bram Stocker" e "Caindo na Real". A fama e o excesso de trabalho a levaram a passar um período internada por causa de ataques de ansiedade e depressão. Em 2001, foi presa após furtar roupas em uma loja de Beverly Hills, escândalo explorado exaustivamente pela imprensa e que levou à criação de camisetas divertidas com a frase "Free Winona!". A própria atriz posou com a peça para a capa da revista "W", em 2002. Após um período de trabalhos pouco relevantes, Winona retornou aos holofotes com a série "Stranger Things", da Netflix, na qual interpreta Joyce. A terceira temporada estreia em julho. Em 2021, ela volta ao cinema com a sequência de "Os Fantasmas se Divertem" (1988), um dos primeiros sucessos de Tim Burton.