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Como Isis Valverde: alta 24h após parto deve ter equipe médica à disposição

Natália Eiras

Da Universa

23/11/2018 04h00

No Brasil, uma mãe que teve um parto natural fica internada no hospital, em média, por dois dias. Por isso, muita gente se surpreendeu quando Isis Valverde deixou o Perinatal de Laranjeiras, no Rio de Janeiro (RJ), pouco menos de 24 horas após o nascimento de seu primeiro filho, Rael, na noite da segunda-feira (19). De acordo com especialistas, é possível sair da internação tão rapidamente, mas a mãe vai precisar de acompanhamento médico bem próximo.

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"Após um parto natural sem nenhuma intercorrência, a recuperação da mulher é bastante rápida. É como se ela tivesse feito bastante esforço físico", diz Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, de São Paulo (SP). "É preciso acompanhar o sangramento uterino, mas se o órgão estiver contraindo dentro da normalidade, a mãe pode estar pronta para ir para casa 24 horas após o parto".

Em países como a Inglaterra e a Irlanda, é comum mulheres receberam alta logo após o parto. Tanto que, em maio, a Duquesa de Cambridge Kate Middleton deixou o hospital apenas sete horas após o nascimento de seu terceiro filho, Louis.

No Brasil, a internação de 48 horas é usada para monitorar de perto o bebê, segundo Albertina Duarte Takiuti, ginecologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A BCG, vacina contra tuberculose, pode ser aplicada ainda nas primeiras 24 horas, enquanto o teste do pezinho pode ser feito em qualquer laboratório. Acompanhar as funções do bebê, porém, é crucial nos primeiros dois dias. "Neste tempo, é preciso verificar todos os parâmetros do bebê. A gente fica atento se o bebê está mantendo o peso, se ele está amarelado, como está a saúde dele", explica.

Com uma equipe médica por perto, seja no hospital ou em casa, este trabalho é contínuo e a mãe pode, ainda, ser orientada sobre a amamentação eficiente e aprender a higienizar corretamente o cordão umbilical que ainda não caiu. "As enfermeiras podem ajudar bastante nesta fase", fala Nogueira.

No entanto, mesmo que estejam sob supervisão médica contínua, todo este protocolo pode ser feito no conforto do lar caso a mãe esteja com a saúde em ordem e o bebê esteja se desenvolvendo bem. "O pediatra precisa fazer a visita diária, assim como o obstetra. É uma alta monitorada durante toda a primeira semana", pontua Albertina. A mãe terá, ainda, que ir e voltar do médico muitas vezes.

Os primeiros dias do recém-nascido vão requerer cuidados como visitas controladas de familiares, mas o ambiente não precisará passar por processos complexos para ficar estéril. "Precisa apenas ser um lar saudável e ventilado. Como qualquer um que uma criança merece", diz Nogueira.

De acordo com Albertina, a equipe médica perfeita para fazer este acompanhamento teria um pediatra, um obstetra, um neonatologista e um enfermeiro. Mas ela sabe que este tipo de serviço requer um bom convênio médico ou bastante dinheiro. "Um homecare pode ser bem caro e nem todo hospital, mesmo o particular, tem condições de dispor uma equipe para ir até a casa da paciente", fala a ginecologista. "Todo mundo tem direito de deixar o hospital em 24 horas, mas tem o dever de ter este monitoramento. Isis não teria recebido alta se não tivesse essa equipe disponível".