Vai se separar? Veja como amenizar o impacto nos filhos de acordo com idade

Os filhos da advogada Débora Monteiro, 50 anos, tinham oito e 11 anos quando ela decidiu se separar do marido. No entanto, a vontade de esperar as crianças crescerem foi maior que o desafeto entre o ex-casal, que decidiu aguardar cinco anos para que, finalmente, morasse em casas separadas.
Quando recebeu a notícia, a filha, então com 16 anos, apoiou a mãe. O mais novo, com 13, deu de ombros. “Ele disse ‘a vida é de vocês, não tenho nada a ver com isso. Se vocês estão felizes assim, para mim está bom’. Fiquei aliviada e consegui dar continuidade ao processo com tranquilidade”, garante Débora.
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A Universa ouviu três especialistas em separação de casais para entender qual a melhor forma de falar sobre o divórcio com filhos de diferentes faixas etárias. A psicóloga e especialista em terapia do luto Carla Salcedo garante: independentemente da idade, a separação os afeta diretamente. Contudo, há formas de minimizar os efeitos dessa mudança.
De zero a dois anos
Carla afirma que, quando os pequenos ainda são bebês, são muito apegados à mãe. “É preciso tomar bastante cuidado para que o processo de separação não seja conflituoso. Se houver brigas e discussões, a criança vai captar o estado emocional da mãe e sofrer”, garante a especialista.
“Tratar a separação com agressividade vai fazer com que a criança cresça lidando com frustrações de forma agressiva e irritadiça”, explica. A psicóloga diz, ainda, que a presença da pessoa que sair de casa deve ser frequente na rotina do bebê, para que ele não sinta uma quebra brusca no dia a dia.
De três a seis anos
A neuropsicóloga e mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano Deborah Moss diz que crianças de três a seis anos já conseguem entender, com limitações, o que está acontecendo. “Para comunicar o divórcio, os pais podem usar livros educativos e até mesmo bonecos de fantoche. Essas ferramentas vão explicar, com linguagem acessível, que mamãe e papai continuarão sendo os pais daquela criança, mesmo não sendo mais um casal”.
“Os pais precisam enfatizar, ainda, que a criança não é responsável por aquela decisão. Muitas vezes, atitudes do filho se tornam estopim para uma briga, e isso faz com que as crianças entendam que são elas que fazem os pais brigarem”. Segundo a especialista, o filho precisa saber que o divórcio foi uma decisão dos adultos.
De sete a 12 anos
De acordo com a psicóloga e terapeuta cognitiva comportamental Lívia Marques, o diálogo é o melhor remédio para tratar a separação com crianças de sete a 12 anos. “Não avise sobre o divórcio de um dia para o outro. Faça um trabalho com o filho, explique como vai ser a rotina após a separação e tranquilize-o dizendo que quem sair de casa – mãe ou pai – vai continuar participando da vida dele.”
“Os pais devem demonstrar muito respeito um pelo outro, mesmo que haja chateações. A criança não pode ser exposta a um ambiente de guerra entre o ex-casal. Não exponha aos filhos as coisas erradas que o outro fez, mas converse. A conversa é sempre essencial para que ele se sinta parte de uma família, mesmo com os pais morando em casas separadas."
De 13 a 16 anos
Nessa faixa etária, há um afastamento natural por parte dos filhos em relação aos pais. Por isso, Carla orienta que, se a separação acontecer nesse período, eles devem se aproximar ao máximo das crianças.
“A separação não pode estimular o distanciamento. Os pais têm que se preocupar em fazer atividades com as crianças periodicamente, destinar um tempo a elas. Quando o filho chegar à casa da pessoa com quem ele não vive, pergunte a ele sobre a semana, o que aconteceu de legal, alegrias e tristezas”, explica. “A linha de comunicação é a melhor forma de evitar traumas nos adolescentes.”
Lívia acrescenta que a conversa sobre os motivos da separação precisa ser clara e objetiva, detalhando como será a rotina com aquele jovem dali para frente.
Mais de 16 anos
Segundo Deborah, quando os filhos têm 16 anos ou mais, a clareza deve ser a maior possível. “Dependendo da relação de amizade com o jovem, os pais podem contar detalhes do que aconteceu, de como chegaram a essa decisão, caso ele queira saber”, diz a especialista.
“Se a criança perguntar o que houve, explique, sem colocar alguém na posição de vilão ou de mocinho. Trabalhe o respeito entre o ex-casal sempre.”
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