Bebês veganos: mães contam como alimentam filhos sem nada de origem animal
Motivadas pelo respeito e compaixão aos animais, elas se tornaram veganas e estenderam a dieta sem derivado animal aos filhos. “A interação da minha filha com os animais não é no prato, mas brincando com eles”, diz a assistente parlamentar Mônica Buava. A veterinária Caroline Rodrigues Szulczewski afirma que o filho está crescendo saudável e “sabendo que animal sente igual a gente”. A seguir, as duas mães explicam como criam seus bebês veganos.
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"Ele fala que vegano é amigo dos animais"
Caroline Rodrigues Szulczewski, 34, vegana, e mãe do Romeo, de 2 anos e 7 meses: “Sou vegetariana há mais de 15 anos e me tornei vegana quando o Romeo nasceu. Amamentei até 1 ano e 6 meses por livre demanda e iniciei a fase de introdução alimentar com frutas. As refeições dele incluem cereais e tubérculos, todos os tipos de feijões (principal fonte de proteínas) e vegetais, legumes e verduras. De vez em quando, ele come lanches, pizza, doces, fast-food e até comida japonesa, tudo vegano.
Do jeito dele, o Romeo entende a nossa alimentação e pergunta: ‘Esse é vegano? Tem leite da ‘Mu’? Tem ovo da galinha?’. Ele também fala que o leite é do bezerrinho e que vegano é amigo dos animais, eu me encho de orgulho. No ano passado ele começou a frequentar uma escola que, apesar de não ser vegana, foi bem receptiva e respeitou a nossa escolha. Quando algum coleguinha faz aniversário, eles me avisam e eu faço um bolo vegano para ele.
No dia a dia, preparo a lancheira dele com frutas, água de coco, castanhas, arroz integral com homus, biscoito de tapioca, pasta de amendoim e outros alimentos. Fazer tudo isso dá trabalho, tem que cozinhar, se organizar, ser prioridade, mas é muito mais fácil, simples e barato do que se imagina e vale muito a pena.
Meu filho toma vitamina B12 por orientação médica e nunca teve problemas de saúde. Desde bebê é acompanhado por pediatra, nutricionista e nutrólogo. Romeo está crescendo saudável, bem nutrido. Eu e meu marido, Bruno, explicamos para ele que se ele ama os nossos cachorros tem que respeitar também a porquinha, a vaca e a galinha. Assim como os humanos, todos os animais merecem respeito, amor e liberdade”.
"Não quero que ela veja as pessoas comendo animais e achar que é normal"
Mônica Buava, 32, vegana há 13 anos, e mãe da Marina, de 1 ano e 8 meses: “Não precisei fazer nada de diferente na minha gestação por ser vegana. Amamentei a Marina exclusivamente até os seis meses e ainda hoje ela mama leite materno, mas só na hora de dormir. Ela já tomou leites vegetais, de aveia, soja, avelã, arroz e castanha, não como substituto ao meu leite, mas como mais uma opção de bebida. Ela tem três refeições principais e adora feijão, sopa de abóbora e cogumelos. Sempre que saímos, levo uma marmita para ela.
Na educação, eu e meu marido Guilherme pensamos que seria positivo a Marina frequentar uma escola vegana para ela não ver as pessoas comendo animais e achar que isso é normal. Visitamos várias escolinhas, até gostamos de uma no nosso bairro, mas eles mantinham aves engaioladas e achamos que isso era demais. Acabamos encontrando uma escola vegetariana, cuja proposta pedagógica também nos agradou. Pretendemos matriculá-la lá esse ano, quando ela completar dois anos.
Nossa filha sempre esteve dentro dos parâmetros de crescimento e seu desenvolvimento cognitivo é ótimo. Com 11 meses ela começou a andar e com 1 ano e 4 meses a falar. Recentemente, começou a suplementar a vitamina B12 por prevenção.
A Marina ainda não entende que é vegana, mas já mostramos a ela o que é comida. Ela adora animais e, por enquanto, seria incapaz de compreender que uma parte da sociedade consome eles mortos. A interação dela com os animais não é no prato, mas brincando com eles. E esperamos que continue assim”.
O que dizem os pediatras
Segundo a pediatra da clínica Nutrindo Ideais Bianca Mello Soto, que é vegetariana estrita, é possível uma criança ou bebê ser vegano sem prejuízo para a saúde, desde que haja acompanhamento, orientação e suplementação adequados. “Eu fortemente recomendo a alimentação vegana, mas com cuidado de substituir corretamente as proteínas e suplementação, além de uma dieta baseada em alimentos integrais/naturais. Nenhuma criança precisa de leite de vaca para receber cálcio ou de carne animal para receber ferro. É um grande mito acreditar que precisamos de derivados animais para sermos saudáveis”, afirma a médica.
A pediatra Ana Zollner, do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria de São Paulo, discorda. “Se tomarmos como base a ingestão de carne, temos a maior fonte de ferro conhecida. Existem outros alimentos, como os vegetais verdes escuros, que são fonte de ferro. Entretanto, o aporte adequado para a criança em crescimento exige a ingestão de uma quantidade muito maior para suprir a necessidade posta, quando comparamos a carne e os vegetais”, diz.
Ainda de acordo com Ana, toda dieta restritiva sem motivo de doença, intolerância ou alergia comprovada, deve ser evitada na infância pelo risco de desnutrição proteico-calórica, de macro e de micronutrientes. “Qualquer fonte nutritiva deficiente nos primeiros anos de vida pode causar problemas no crescimento e desenvolvimento da criança. Radicalismos de todas as formas devem ser evitados."
Bianca, porém, vê benefícios desse tipo de alimentação na infância. “Uma dieta vegana bem orientada e balanceada diminui o risco de alergias, como dermatite, rinite, sinusite, bronquite, e doenças crônicas. Isso é facilmente notado na prática. Tenho algumas crianças alérgicas no consultório que melhoraram absurdamente ao excluir derivados animais da alimentação”.
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