Religião inspirada em Star Wars tem templo e "crentes na Força"
Se você perdeu a fé nas religiões tradicionais ou busca uma nova filosofia de vida, que tal considerar a doutrina criada exclusivamente para a saga Star Wars? Por mais estranha que possa parecer, a crença baseada nos filmes tem reunido pelo mundo, além de fãs da franquia, jovens e pessoas com os mesmos princípios.
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O oitavo episódio de Star Wars – Os Últimos Jedi estreou em dezembro no Brasil e, apesar do título do filme anunciar o declínio de seus heróis, a ordem de cavaleiros do bem Jedi, fora das telonas o que se acompanha é o crescimento desse grupo como o de uma nova religião relacionada a ele: o Jediísmo (lê-se Jedaísmo).
"Desde que a saga Star Wars começou a ser exibida, na década de 70, surgiram os primeiros interessados na religião Jedi, que começou a ser levada a sério e com estrutura de crença entre final dos anos 90 e início de 2000", explica Eduardo Ruiz, 45 anos, que se considera um discípulo Jedi.
Entenda o Jediísmo
O ano de 2001 foi decisivo para o surgimento do Jediísmo. No Reino Unido, um censo nacional questionou a religiosidade da população e, para espanto geral, 390 mil pessoas se declararam Jedi, ou "crentes na Força". Para quem não sabe, na franquia "Força" é o poder metafísico que se conecta com todos os seres vivos da galáxia, um tipo de deus ou mover interior.
Muitos encararam o resultado da enquete como brincadeira, inclusive as próprias autoridades, mas foi o suficiente para que minorias ao redor do mundo formassem conselhos para elaborar doutrinas e fundar igrejas Jedi.
O primeiro templo surgiu na Inglaterra em 2007, na casa do químico Daniel Jones, que também dedica seu tempo como escritor de livros sobre Jediísmo.
No Brasil, muitas pessoas demonstram interesse no assunto, mas não existem templos ou academias físicas. "Por aqui, diferente do que ocorre na Europa ou nos EUA, a religião é encarada mais como uma filosofia ou estilo de vida discutido pela internet ou em eventos que reúnem os fãs", explica Ruiz, que também coadministra a Ordem Jedi Brasil, que mantém um site e uma página no Facebook para ajuntar fiéis e debater os ensinamentos da crença.
George Lucas é o "papa" do Jediísmo
É preciso encarar o cineasta George Lucas, criador da saga Star Wars, como autoridade máxima do Jediísmo, mas compreender que levitar pedras e dominar a mente de outras pessoas é fantasia cinematográfica.
Patrick Day-Childs, membro do conselho da igreja Jediísta no Reino Unido, em recente entrevista ao jornal britânico "The Daily Telegraph" explicou que o mais importante é desenvolver a espiritualidade, praticar o bem e conviver harmoniosamente com todas as formas de vida. "Simplesmente nos baseamos em princípios éticos e morais de diversas religiões como o cristianismo, budismo e taoísmo”, acrescenta Ruiz.
Ainda segundo o Jedi, praticar é fácil, basta conversar e trocar informações com os que já conhecem e vivenciam a Força há mais tempo, além de combater o lado sombrio dentro de si e estar ciente de que todos, independentemente de sexualidade e cor de pele, são iguais. "Esse conhecimento é transmitido de diversas maneiras. Indico assistir os filmes para ter uma ideia geral até ler os livros de Star Wars e O Código Jedi, onde o assunto é tratado com mais detalhes".
Quanto à estrutura do Jediísmo, os líderes ou mentores surgem espontaneamente ou são eleitos pelos demais membros, mais para fins de organização das comunidades virtuais do que hierarquia, embora os níveis de aprendizado sejam divididos em padawan (aprendiz), cavaleiro e mestre.
Ordem Jedi quer conquistar millennials
A Ordem Jedi tem tudo para conquistar a geração millennial, que cada vez mais tem se distanciado das religiões tradicionais.
Outro censo, realizado no Reino Unido em 2011, revelou, àquela altura, que o Jediísmo era a sétima religião mais popular do país, com mais seguidores do que o rastafarianismo, o paganismo, humanismo e a cientologia juntos. Só a igreja do britânico Daniel Jones tem cerca de 500 mil membros, com mais de 30 mil pessoas se registrando todos os dias, e uma comunidade virtual bastante interativa.
É um fenômeno que também tem crescido em países como Canadá, Austrália e Nova Zelândia. "No Brasil, uso o Facebook como termômetro e tenho percebido um aumento expressivo de interesse nas pessoas, que nos procuram para participar do grupo e virar Jedi", revela Ruiz, que diz não saber o número exato de seguidores da religião no país, mas comemora as quase 4 mil curtidas de sua página na rede social e o apoio da família, que sente que é algo "do bem".
Fontes: Eduardo Ruiz e Marcos Lohmann, administradores da Ordem Jedi Brasil, Daniel Jones, fundador da Jedi Church e sites The Daily Telegraph, ordemjedi.com.br, jedichurch.net e templeofthejediorder.org
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