Assim como a fimose, problema nos testículos precisa ser tratado nos bebês

Se você é mãe de um menino, certamente já deve ter ouvido falar da fimose, bastante comum entre garotos. Além dela, há outro problema que afeta cerca de 2% a 5% dos bebês nascidos a termo e até 20% a 30% dos prematuros que merece atenção: a criptorquidia, quando os testículos estão escondidos e não descem para o local certo.
“Na maioria das vezes, os testículos foram formados normalmente, mas não desceram corretamente para a região da bolsa escrotal. Podem estar dentro da cavidade abdominal, no canal inguinal ou na região supraescrotal”, explica Paula Presti Popoutchi, pediatra e endocrinologista pediátrica do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
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Ausência de um ou dos dois testículos
Embora grande parte da migração dos testículos ocorra no período gestacional, é comum que a descida completa ocorra até quatro a seis meses após o nascimento. Pode descer só um testículo (criptorquidia unilateral) -- o tipo mais frequente --, ou nenhum (criptorquidia bilateral), que corresponde a cerca de 10% dos casos.
Segundo Henrique de Mattos Canto, cirurgião pediátrico-videolaparoscopista do Hospital São Luiz, de São Paulo, o bebê não sente dor ou qualquer outro sintoma com a ausência dos testículos na bolsa escrotal. “Os pais não devem se desesperar”, diz. A criptorquidia é detectada em exame físico feito após o nascimento. Em alguns casos, é preciso fazer ultrassonografia, teste específico com hormônio e videolaparoscopia -- cirurgia em que se coloca uma câmera por meio de um pequeno corte no abdome.
Infertilidade e câncer de testículo
“Os testículos têm a função de produzir hormônios sexuais e espermatozoides. Para que façam isso de maneira adequada, eles precisam permanecer na maior parte do tempo numa temperatura cerca de 1ºC abaixo da temperatura corporal. É por essa razão que eles se alojam na base do escroto”, afirma o médico Henrique. Além disso, sua descida é importante para evitar problemas como hérnia inguinal, torção, trauma testicular e aumento da incidência de infertilidade e câncer de testículo.
Segundo estudos, 30% a 50% dos pacientes com criptorquidia unilateral têm mais chances de ficarem inférteis. “A fertilidade é quase sempre normal”, diz a endocrinopediatra Paula. Nas criptorquidias bilaterais, a possibilidade de infertilidade é maior, podendo atingir 70% a 75% dos homens. Já na associação com câncer testicular, há risco até 22 vezes maior em criptorquídicos.
Tratamentos
Existem dois tipos de tratamento, que irão variar dependendo do tipo de criptorquidia. A cirurgia (orquidopexia) é o procedimento mais utilizado e a recomendação é de que ocorra entre os 6 e 12 meses de vida. De acordo com o médico Henrique, a correção cirúrgica é feita sob anestesia geral e consiste em descer os testículos e fixá-los no local de destino, a base escrotal. “Na maioria das vezes, é necessário apenas um dia de internação, com excelente recuperação, sem grandes cuidados pós-operatórios e prescrição de analgésicos”, comenta. Segundo a endocrinologista pediátrica Paula, há casos em que o tratamento é realizado com o hormônio HCG, o qual estimula o amadurecimento do testículo, podendo auxiliar no deslocamento natural do mesmo para a bolsa escrotal.
Após o posicionamento dos testículos no lugar certo, o paciente terá vida normal, mas precisará fazer um acompanhamento anual para evitar complicações, entre elas, a detecção precoce de um eventual câncer de testículo.
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