Topo

Primeiro sistema nacional de identidade da Índia ajuda mulheres

Ativistas dos direitos da mulher na Índia - Raveendran/AFP
Ativistas dos direitos da mulher na Índia Imagem: Raveendran/AFP

Saritha Rai

da Bloomberg

13/12/2017 10h16

A Índia adotou seu primeiro sistema de identificação nacional, que está ajudando a empoderar as mulheres do país e a impulsionar o uso dos serviços bancários, de acordo com a primeira pesquisa do programa nacional Aadhaar.

Veja também

Praticamente todos os lares do estado do Rajastão, no Oeste do país, têm pelo menos uma conta bancária, e a maioria tem várias, desde a introdução do programa Aadhaar, disse o Centro para o Desenvolvimento Global em um relatório. Apesar dos avanços, ainda há problemas na autenticação digital para o sistema biométrico, que agora cobre mais de 1,1 bilhão de pessoas, ou 15 por cento da população mundial.

O Aadhaar foi implementado para melhorar a eficiência dos pagamentos de assistência social, que representam mais de US$ 60 bilhões em gastos anuais, substituindo dinheiro em espécie por transferências bancárias e subsídios. O programa atribui um número único de 12 dígitos a cada usuário, que está associado à sua íris, às suas impressões digitais e às suas características faciais. Embora o programa tenha sido elogiado por reduzir a fraude e evitar vazamentos, ele tem sido criticado por não prestar atenção suficiente a questões como privacidade e segurança de dados.

A pesquisa foi realizada em parceria com a consultoria MicroSave e entrevistou 633 famílias em zonas rurais e urbanas do Rajastão. O grupo representava diversas categorias de renda e propriedade e 64 por cento dos entrevistados eram mulheres.

"A obrigatoriedade de realizar pagamentos de assistência social a chefes de família mulheres está mudando a dinâmica e as antigas hierarquias a nível local", disse Anit Mukherjee, membro de política do Centro para o Desenvolvimento Global e um dos autores do estudo. "Em muitos vilarejos as mulheres estão se organizando para ir em grupos ao banco, é uma mudança visível", disse ele em entrevista por telefone.

A pesquisa incluiu seções sobre inclusão financeira, empoderamento, experiência do usuário e conhecimento.

No Rajastão, estado conhecido como patriarcal, o requisito de que o chefe de família fosse mulher impulsionou um enorme aumento do uso de serviços bancários e 66 por cento das chefes de família abriram uma conta porque não tinham nenhuma antes do cadastramento.

No entanto, os homens ainda controlam o uso dos telefones celulares, pois apenas cerca de um terço dos domicílios tinha uma chefe de família que sabia ler e escrever mensagens de texto.

"O que estava faltando no debate até agora eram dados", disse Mukherjee. "Queríamos passar das evidências informais aos dados concretos, criando um método mais rigoroso de avaliação de políticas."

A pesquisa também encontrou gargalos na infraestrutura tecnológica com mais de 25 por cento dos participantes dizendo que foram necessárias três ou quatro tentativas para conseguir fazer a autenticação. Cerca de 4 por cento disseram que não conseguiram fazer a autenticação a tempo para ter acesso aos benefícios.