Topo

Taís Araújo: "No Brasil, a cor do meu filho faz pessoas mudarem de calçada"

Taís Araújo - Reprodução/TVGlobo
Taís Araújo Imagem: Reprodução/TVGlobo

do UOL, em São Paulo

16/11/2017 11h20

Em um discurso feito no evento fechado de palestras TEDxSão Paulo em agosto, mas divulgado para o grande público apenas na última terça, 14, Taís Araújo falou sobre a experiência de criar seus filhos no Brasil.

Veja também

Nele, a atriz fala sobre o racismo e a misoginia que poderão ser obstáculos para o desenvolvimento de João Vicente, de 6 anos, e Maria Antonia, de 2, frutos de sua relação com Lázaro Ramos.

"Quando eu engravidei do meu filho, eu fiquei muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de viver situações vivenciadas por nós mulheres. Certo? Errado. Porque meu filho é um menino negro. Liberdade é um direito do qual ele não vai poder usufruir", afirmou.

Ela ainda continua elaborando como, quando João for adolescente, a sua cor poderá torná-lo um infrator aos olhos da sociedade. "No Brasil, a cor do meu filho é o que faz que as pessoas mudem de calçada, segurem suas bolsas, blindem o seus carros".

Para Taís, os desafios que Maria Antonia experimentará podem ser ainda maiores. "A vida dele só não vai ser mais difícil que a da minha filha. Quando eu penso os riscos que ela corre simplesmente por ter nascido mulher e negra, eu fico completamente apavorada". 

Ela, que é Defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres, então cita os dados do Mapa da Violência 2015: o homicídio contra negras aumentou 54% nos últimos dez anos; enquanto a incidência do mesmo crime contra mulheres brancas diminuiu 9%.

A atriz pediu no evento maior ação do governo e da iniciativa privada para diminuir situações de desigualdade racial e entre gêneros e promover a diversidade. Taís afirmou que não perde as esperanças em criar seus filhos no Brasil e concluiu. "Os meus filhos são crianças ainda, eu não sei qual será a condição sexual deles. O que eu desejo para eles é o que eu desejo para toda criança, seja branca, negra, indígena, heterossexual, homossexual, trans... Eu desejo que eles cresçam livres, cheios de amor e coragem. Que sejam crianças potentes".