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Quem são as poderosas do jantar misterioso da ministra Cármen Lúcia

Pedro Ladeira/ Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/ Folhapress

Helena Bertho

do UOL

04/10/2017 17h41

Na terça-feira (3), seis das mulheres mais poderosas do judiciário brasileiro se reuniram para jantar. Em um cenário em que a baixa presença feminina nas altas esferas do poder é constantemente questionada, um encontro como esse despertou a curiosidade geral. Quem organizou o jantar foi a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, mas se havia uma pauta específica em debate, ninguém sabe, por enquanto.

"A ideia era reunir as mulheres que acabaram de assumir seus cargos e ela convidou também outras mulheres que ocupam funções relevantes", disse ao UOL a assessora da Ministra, Mariangela Hamu, e ainda ironizou: "Falaram de ponto-cruz, de bordado".

Mas se o motivo do jantar permanece um mistério, saiba um pouco mais sobre as mulheres ali reunidas. Elas comandam três dos cinco tribunais mais importantes do pais, dentre outros órgãos, e são pioneiras em seus cargos.

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Imagem: Agência Brasil
Cármen Lúcia – Presidente do Supremo Tribunal Federal

Hostess do jantar, a mineira se formou pela PUC-Minas em 1977 e foi procuradora do Estado de Minas Gerais entre 1983 e 2006, quando foi indicada por Lula ao STF. Foi a segunda mulher a se tornar ministra no órgão. Em 2009, passou a atuar no Tribunal Superior Eleitoral, do qual se tornou a primeira presidente mulher em 2012.

Ao longo de sua atuação, já decidiu em diversos temas polêmicos, como o reconhecimento da união afetiva como entidade familiar ou a permissão para interrupção da gravidez em casos de anencefalia do feto, sendo favorável em ambos os casos. É defensora de maior presença de mulheres e igualdade no judiciário. "Não nos deixam falar, então nós não somos interrompidas", disse em uma sessão em maio.

Laurita Vaz - Nelson Jr./ASICS/TSE - Nelson Jr./ASICS/TSE
Imagem: Nelson Jr./ASICS/TSE
Laurita Vaz – Presidente do Superior Tribunal de Justiça

Nascida em Anicuns, no interior de Goiás, Laurita foi a primeira mulher a presidir o Superior Tribunal de Justiça. Sua carreira em órgãos públicos começou em 1978, dois anos depois de se formar advogada pela PUC-GO, quando assumiu cargo de promotora de justiça do estado. Em 84, tornou-se procuradora da República no Ministério Público Federal, órgão onde teve diversas promoções. Até que em 2001 foi nomeada ministra do Superior Tribunal de Justiça pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2016, assumiu a presidência do órgão.

Ao longo de sua carreira, julgou casos famosos. O de maior repercussão talvez tenha sido em 2014, quando deu uma liminar favorável ao pedido de um padre para que fosse interrompida a gravidez de um feto anencéfalo, que morreu logo após o parto. Foi ela também que decidiu pela aplicação da Lei Maria da Penha no caso de agressões de Dado Doallabela a Luana Piovani, também em 2014.

Grace Maria Fernandes Mendonça é a nova ministra da Advocacia-Geral da União (AGU) - Gil Ferreira/STF - Gil Ferreira/STF
Imagem: Gil Ferreira/STF
Grace Mendonça – Advogada Geral da União

Também primeira mulher de seu cargo, Grace assumiu a Advocacia Geral da União em setembro de 2016, órgão no qual atual desde 2001. A mineira nasceu em Januária, mas fez a faculdade em Brasília, no Centro Universitário do Distrito Federal.

Entre suas defesas mais relevantes, se destaca uma de 2012, quando defendeu que a Lei Maria da Penha perante o Supremo. Na época, a constitucionalidade da lei era questionada e Grace argumentou que ela não feria o princípio de igualdade e teve seus argumentos acolhidos.

Figura em ascensão no poder, Grace foi um dos nomes cotados para substituir Alexandre Moraes na pasta da Justiça do governo Temer, no início deste ano.

11.set.2014 - Ministra Cristina Peduzzi, do TST, e ex-conselheira do CNJ - Gil Ferreira - 11.set.2014/Agência CNJ - Gil Ferreira - 11.set.2014/Agência CNJ
Imagem: Gil Ferreira - 11.set.2014/Agência CNJ
Maria Cristina Peduzzi – Ministra do Tribunal Superior do Trabalho

Foi criada em Bagé, no Rio Grande do Sul e se mudou para Brasília em 1975, onde concluiu sua graduação em direito. Atuou como advogada até 2001, quando foi nomeada por Fernando Henrique Cardoso ao TST.

Foi procuradora da República em 1984 e conselheira do Conselho Nacional de Justiça, entre 2013 e 2015. Foi também professora da Universidade de Brasília, do Centro Universitário de Brasília e da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, onde hoje é professora.

Por três vezes, Raquel Dodge disse que é necessário defender o devido processo legal, isto é, a atuação sem atropelos - Foto: José Cruz/Agência Brasil - Foto: José Cruz/Agência Brasil
Imagem: Foto: José Cruz/Agência Brasil
Raquel Dodge - Procuradora Geral da República

Mais uma pioneira, Dodge é a primeira mulher da chefia da PGR e foi escolhida para o cargo em junho deste ano por Michel Temer e é hoje principal responsável pelo futuro da Lava Jato. Filha de advogado e nascida no interior de Goiás, Raquel viveu em diferentes cidades do país, acompanhando a carreira do pai, até mudar para Brasília.

Formou-se direito pela Universidade de Brasília e com mestrado em Harvard, entrou para o Ministério Público em 1987. Seu trabalho é conhecido pelas ações de combate à corrupção e também pela atuação ligada a direitos humanos, principalmente nas questões indígenas e trabalho escravo.

Cristina Machado – Procuradora-Geral do Tribunal de Contas da União  - Reprodução/ Site Oficial do TCU - Reprodução/ Site Oficial do TCU
Imagem: Reprodução/ Site Oficial do TCU
Cristina Machado – Procuradora-Geral do Tribunal de Contas da União

A mais nova a assumir seu cargo, Cristina assumiu a chefia o Ministério Público junto ao TCU no dia 27 de setembro e também é a primeira mulher a ocupar seu cargo. Ela é formada em direito pela PUC de Campinas e fez doutorado na Argentina.

Trabalhou em escritórios no Rio de Janeiro e São Paulo e foi também procuradora da Fazenda Nacional, até que ingressou no TCU em 1995. Ao longo da carreira no órgão, ocupou os cargos de procuradora, até 2010 e de subprocuradora-geral.