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"Somos um casal de três e no nosso namoro tudo é mais e melhor"

Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Helena Bertho

do UOL, em São Paulo

22/05/2017 04h00

Os youtubers Tuy Potasso, 24, e Biel Vaz, 27, estão juntos há cinco anos, mas há quatro meses passaram a contar com mais um membro na relação: o vendedor Zac Villa, 21. Agora eles são um "trisal" e contam como funciona esse namoro fora dos padrões.

"Temos tudo que relacionamentos têm: ciúmes, saudades e muito amor"

"Desde o começo da nossa história, eu e Biel temos um relacionamento um pouco fora do padrão. É que antes de começarmos, eu nem pensava em namorar exatamente porque não me imaginava presa, tendo de reprimir meus desejos. Mas acabei conhecendo o Biel, me apaixonei e precisei lidar com essa questão.  

Logo no primeiro mês, um amigo veio nos visitar, começou a rolar um clima e nós dois ficamos com ele juntos. Gostamos e decidimos que nosso relacionamento poderia funcionar melhor assim, num modelo que chamamos de liberal: nós podemos ficar com outras pessoas, mas sempre juntos. Funcionou muito bem para nós: não precisamos reprimir nossos desejos, mas temos certeza do amor que temos um pelo outro.

"Dá para amar outra pessoa sem deixar de nos amar"

A chegada do Zac em nossas vidas foi uma surpresa. Biel o conheceu no ano passado pela internet e passamos um tempão nos falando pelo WhatsApp, até que em dezembro nos encontramos pessoalmente pela primeira vez. Era um encontro com os seguidores do nosso canal e depois fomos para a balada. Eu achei a energia do Zac ótima e lá já ficamos os três.

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Uma semana depois, saímos outra vez e eu já estava meio encantada. Tanto que falei: 'Zac, a gente corre o risco de eu me apaixonar por você', meio que na esperança de tomar um fora. Mas ele me respondeu dizendo que iria se entregar!

Daí não teve mais jeito, começamos a sair sempre os três juntos, de mãos dadas, gostosinho, e fomos nos apaixonando cada vez mais. Eu e Biel já havíamos antes nos apaixonado por outra pessoa, os dois ao mesmo tempo, em uma história que não deu certo. Então a gente sabia que era possível amar outro sem que deixássemos de nos amar.

Conversamos entre nós dois sobre isso e também falamos para ele, mas como Zac sempre foi monogâmico, ele estava resistente no começo. Até que um dia, no karaokê, ele foi cantar a música 'Quem de Nós Dois", de Ana Carolina e, olhando para nós, mudou a letra para "Quem de Nós Três". Foi de arrepiar, sua primeira declaração! Foi questão de dias até oficializarmos o namoro. Veja bem: o namoro entre os três e não só meu com os dois!

"Para decidir, votamos. Não tem como empatar"

Já se passaram quatro meses desde então e nosso relacionamento está cada vez melhor. Conversamos sobre tudo, assim não ficam confusões. A parte mais fácil é decidir o que vamos fazer: é só votar, não tem como dar empate. Mas é claro que nunca fazemos algo que possa incomodar um dos três. Já é mais complicado lidar com as inseguranças, porque tem mais coisas envolvidas.

Às vezes eu me sinto deixada de lado, por exemplo. Morro de medo de o Zac decidir que é gay e desistir de mim. Mas ele também fica inseguro se eu e Biel ficarmos com outras pessoas. Então o caminho é sempre conversarmos sobre tudo, para ninguém se machucar.

Mas, de maneira geral, é uma delícia. Saímos juntos, sempre de mãos dadas, vamos ao cinema ou ver amigos. Dormimos os três na mesma cama, tudo como casais tradicionais fazem, só que a três.

Tem muito amor envolvido! Mesmo quando um dos três está meio torto, continua o amor: têm ainda os outros dois para ajudar. Sem falar que tem mais carinho, mais possibilidades de assunto, de gostos, de perspectivas de vida...

E, claro, mais possibilidades no sexo! Mas, mais do que pela variedade, é mais gostoso porque somos três pessoas que se amam se dando prazer!

Tuy, Biel e Zac, montagem - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal
"A pior parte é o preconceito"

A única coisa ruim que rola é mesmo o preconceito. As pessoas olham para nós na rua, olham feio. E a sociedade não está preparada para um trisal. Já viu promoção de cinema que dá três ingressos? É sempre para dois!

Minha mãe, quando contei, me expulsou de casa. Ela achou tudo um absurdo. Mas quando percebeu que era sério, que eu não largaria o Zac, me pediu para voltar e tem tentado aceitar e entender nossa relação. Minha avó, que também mora com a gente, apesar de não entender, aceita. Ela adora o Zac, faz bolo para ele e trata superbem.

Ela é um exemplo de como a gente gostaria que os outros nos tratassem. Para muita gente, parece que o relacionamento a três é baseado apenas em sexo, mas é baseado nas mesmas coisas que qualquer relacionamento. A gente fica com saudade, a gente manda mensagem, a gente tem ciúmes. E, principalmente, a gente se ama."

Tuy Potasso, 24

"Encontrei mais uma pessoa que posso amar e confiar"

"Eu e a Tuy temos já o relacionamento longo, moramos juntos, trabalhamos juntos. Não é que a gente procurou por um relacionamento a três, mas a gente sempre esteve aberto para o que acontecesse. Tanto que em 2014 nós dois nos apaixonamos pelo mesmo cara e surgiu pela primeira vez percepção de que dava para nos apaixonarmos por alguém sem deixar de nos amar.

Então, quando conhecemos o Zac, vimos que ele era legal e fomos nos apaixonando, simplesmente rolou. E, para mim, tem sido muito legal. A gente encontrou alguém que se encaixa em nossa vida, que corresponde ao que nós dois gostamos. Engraçado que eu achava que isso era quase impossível de acontecer. Para duas pessoas se encontrarem já é tão difícil, imagina então três na mesma vibe... E de repente aconteceu!

Está certo que temos, sim, algumas coisas que são diferentes. Mas, como em qualquer relação, é questão de estarmos interessados em fazer funcionar e nos esforçarmos para isso. No fim das contas, tudo só melhorou, porque encontrei mais uma pessoa que eu posso amar e confiar, para cuidar de mim".

Biel Vaz, 27

Biel, Tuy e Zac - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

"Nunca fui tão feliz em um relacionamento"

"Eu sempre fui monogâmico e também me considerava gay, apesar de sentir atração por mulheres. Então quando conheci o Biel e ele me disse que estava em um relacionamento, achei que era adultério e não quis mais falar com ele. Mas ele explicou que tinha esse relacionamento liberal, me apresentou a Tuy e nos tornamos amigos virtuais.

Quando saímos, ficamos e eu comecei a gostar dos dois. Para mim, foi bem difícil assimilar as coisas. Como eu podia estar sentindo isso?

Mas eles agiam com tanta naturalidade, que eu pensei: 'eu estou apaixonado por ela, eu estou apaixonado por ele e os dois, apaixonados por mim ao mesmo tempo. Por que não arriscar? Pode dar errado, mas também pode dar certo'. E decidi tentar.

No começo, havia muita insegurança. Eu entrei em um relacionamento que já estava construído fazia quase cinco anos! Eu ficava inseguro, achando que era só um ficante para eles. Mas com muita conversa e paciência a gente foi entendendo que não tem isso de namorar um casal. Na verdade, era como se eles tivessem parado o relacionamento deles para começar um novo comigo.

A gente está criando nossas regras, eles estão tendo paciência comigo e eu, aprendendo a controlar meus ciúmes, já que nunca vivi um relacionamento liberal.

E, olhe, para ser sincero, eu nunca estive tão feliz em um relacionamento como agora. É um romance mesmo, de ir juntos para casa, de ir ao cinema, é tudo muito gostoso."

Zac Villa, 21

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