Bailarino de Suzano faz vaquinha para dançar em NY
![Francisco criou uma vaquinha para conseguir participar de uma competição importante em Nova York - Beatriz Monteiro/Divulgação](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/00/2017/03/31/francisco-criou-uma-vaquinha-para-conseguir-participar-de-uma-competicao-importante-em-nova-york-1490980925201_v2_900x506.jpg)
Francisco de Assis B. Neto, 16, de Suzano, região metropolitana de São Paulo, virou bailarino por acaso. Aos 12, foi com um amigo fazer uma aula de street dance, gostou e recebeu uma oferta de bolsa da diretora da escola. Mas, para isso, teria que também se matricular no balé. Ele precisou ser convencido a aceitar a bolsa e mal podia imaginar que, anos depois, faria uma vaquinha para viajar para Nova York por ter sido selecionado para o Youth America Grand Prix, uma das maiores premiações juvenis do mundo da dança.
"Como minha família não tem muitas condições financeiras, acabei aceitando a bolsa da escola de dança e passei a dançar balé, fui o primeiro aluno do sexo masculino. Gostei tanto que não parei mais", conta.
No começo, a decisão de entrar para o mundo da dança trouxe problemas para o garoto na escola. Francisco sofreu bullying dos colegas que questionavam sua sexualidade pelo fato de ele ter optado pelo balé. "No começo foi difícil, mas lidei com o bullying numa boa, pois estava vendo que o balé ia mudar a minha vida e a da minha família", conta.
Aos poucos, os colegas entenderam a escolha do garoto e passaram a respeitá-lo. "Como estudo com as mesmas pessoas desde jovem, hoje, eles conhecem a minha história e me respeitam. Não enfrento mais esses problemas", conta.
Para Francisco, foi o compromisso com a dança que fez com que ele amadurecesse muito mais rápido do que qualquer garoto de 16 anos. "Comecei a ter responsabilidades muito cedo. A disciplina da dança é algo muito positivo para o dia a dia, em casa e na escola. Amadureci muito mais do que qualquer outro jovem que só quer saber de Facebook e Whatsapp", diz.
A rotina do garoto é puxada, já que ele treina de segunda-feira à sábado. "Durante a semana, danço das 14h às 22h e no sábado é das 9h30 às 16h. Faço aulas de balé e de dança contemporânea". Com uma agenda tão puxada, sobra pouco tempo para ficar nas redes sociais, como os jovens da sua idade. "Chego tarde em casa e quero dormir. No dia seguinte já começa tudo de novo, mas nem reclamo, pois já estou buscando o que eu quero fazer para o resto da minha vida desde que eu tenho 12 anos. Quero viver da dança", fala.
Carreira profissional
Um dos objetivos de Francisco é provar para a família que é possível sim viver de arte no Brasil. "Sou de família humilde, lá não tem essa coisa de cultura, de música e de dança. Eles acham que essas coisas não dão dinheiro", explica.
Mas o jovem quer trabalhar com o que gosta e não se imaginava fazendo algo que não seja dançar. "Gosto de dançar, quero viver disso. Vou me profissionalizar para viver dessa arte. Sei que é difícil, mas quero provar que é possível".
Para isso, Francisco conta com sua ida ao Youth America Grand Prix. Ele foi escolhido dentre 500 bailarinos. "Só 23 bailarinos foram selecionados no Brasil. Lá nós teremos aulas e tem muitos olheiros de escolas de danças renomadas. Quero muito conseguir uma bolsa de estudos".
No entanto, para conseguir participar, o jovem precisa de R$ 4.500 para arcar com os custos da viagem. Ele criou então uma vaquinha para arrecadar o dinheiro. Até o fechamento dessa reportagem, ele tinha arrecadado 54% do valor.
"Tenho esperança de que vai dar tudo certo e que vou conseguir o dinheiro necessário para viajar. Estou confiante. Tenho treinado muito e me esforçado. Sei que Deus é justo e não vou voltar de mãos vazias. Meu esforço será reconhecido", fala.
É a segunda vez que Francisco participará de uma competição fora do país. Há dois anos ele viajou para a Croácia, também por meio de um financiamento coletivo, e ficou em segundo lugar. "Foi uma grande experiência. Nunca tinha ido para fora do país. Tinha muita gente boa e treinei bastante. Quando danço sinto algo inexplicável, fico pleno", fala.
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