"Descobri que meu marido tinha outra família e três amantes"
Vanessa Olivera,41, em depoimento para o UOL
Ele era o homem dos sonhos. Um coreano gato, educadíssimo e carinhoso. Falando português muito bem, mas com um sotaque engraçado, me acompanhou até o carro quando me conheceu na imobiliária de uma amiga e, já de cara, me convidou para jantar. O que rolou, minha amiga, foi a descrição de um desses filmes de romance. Jantar gostoso, papo que vai fácil, só elogios, flores e presentes.
Eu tinha encontrado meu príncipe encantado e o que vivi nos seis meses seguintes fez com que eu me sentisse uma princesa. Ele vivia na cidade vizinha a minha, mas era como se fosse meu vizinho. A gente se via durante a semana, pelo menos uma vez, e na sexta-feira à noite quando nos encontrávamos era para só se soltar na segunda de manhã. Uma delícia! E desde o começo eu contei para ele do meu passado, que já havia sido garota de programa, e ele não se incomodou!
Claro que eu caí de amores, completamente apaixonada por ele. Que parecia estar na mesma. Juras de amor, promessas e até discussões sobre filhos já rolavam: ele queria, eu não. Quis conhecer minha família e vivia frequentando os eventos. Mas eu não pude conhecer a sua, pois seus pais, além de estarem da Coréia do Sul, eram muito conservadores e talvez não gostassem de mim dado meu passado.
Com seis meses desse amor intenso, decidimos morar juntos. Larguei tudo e fui para sua cidade, com a promessa de que um dia nos casaríamos na igreja e tudo. Nossa! E lembrando agora, tenho até vergonha de pensar, mas na época aquilo era tudo para mim. Ele disse para eu parar com o meu trabalho e topei. Eu fazia café pro marido, cozinhava e vivia em função da gente. E, olha, era bom!
Descobri a primeira traição, mas perdoei
Foi mais ou menos no fim do nosso primeiro ano juntos que ele começou a dar um sinais de que tinha alguma coisa ali. Para começar, tinha essa história de que eu não podia falar com seus pais. Mas como você apaga o passado? Isso só me deixava culpada. E ele vivia ao telefone, teoricamente com a família, só que falando coreano. Então eu não tinha a mínima ideia do que ele falava de fato.
Além disso, aquele homem superdócil, de repente começou a mostrar um lado mais agressivo. Um dia, não conseguia montar o ventilador novo, perdeu o controle e chutou a peça longe. Eu fiquei em choque, ele nunca tinha dado nenhum sinal de violência!
Mas a coisa ficou feia mesmo foi em um dia em que ele foi para o trabalho e esqueceu o celular em casa. Quando apitou com novas mensagens, eu acabei vendo e, para minha surpresa, eram de uma mulher. Anotei o número de fiquei quieta.
Dias depois, ele teve uma viagem de trabalho. Liguei para o tal número. “Alô, alô?”, dizia uma voz feminina. Até que outra voz perguntou: “Com quem você está falando?”. Uma voz masculina com sotaque que eu conhecia muito bem. Viagem de trabalho coisa nenhuma, amiga. Ele estava me traindo! Respirei fundo, contei para a mulher que ele era casado e desliguei.
Eu saí de casa, voltei para a minha cidade e fiquei na fossa. Chorava, sofria e não queria fazer nada. Enquanto isso, ele implorando para voltar, pedindo desculpas e fazendo mil juras de amor. Quase dois meses depois, eu acabei perdoando. Eu era apaixonada por ele e, bem, devia ter sido só um deslize.
Voltei para casa e tentamos colocar a relação de volta no lugar. Até conseguimos, ele voltou a ser o príncipe encantando mas eu, bem... Agora eu estava com um pezinho atrás. A confiança tinha sido quebrada, né?
Mesmo assim, ficamos bem por quase mais um ano inteiro. Mas, gente, eu não sou boba. Comecei a prestar atenção que algumas histórias de viagem a trabalho dele não colavam, que às vezes seu telefone ficava desligado. Alguma coisa estava errada...
Três amantes e outra família!
Até o dia que achei Viagra na pasta dele. Bem, ele podia estar usando comigo, mas meu sexto sentido mandou fazer algo. Contei as pílulas logo que achei e esperei. Ele viajou a negócios e, quando voltou, fui contar de novo. Tiro e queda: faltava um comprimido, amiga. Ele estava me traindo de novo.
Mas dessa vez eu queria saber de tudo! E dali uns dias ele iria para a China, negociar roupas para a loja dele. Então esperei que fosse embora e chamei uma amiga que entendia de tecnologia para me ajudar a fuçar o computador dele.
E eu, inocente, achando que ele tinha uma amante, fiquei de queixo caído com o que encontrei. No seu e-mail, troca de mensagens com três outras mulheres, em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba! Três amantes! Está bom para você? Não, tem mais!
Ele tinha um arquivo em casa, onde dizia guardar documentos de trabalho. Pois bem, chamei um chaveiro e abriu. Sabe o que achei ali? Cartas, documentos e fotos da família que meu marido mantinha em outro país. Ele era casado com uma coreana e tinha dois filhos, que viviam nos Estados Unidos. Provavelmente, era com eles que ele conversava em coreano na minha frente esse tempo todo!
Nos tornamos amigas para superar essa história
Fiquei chocada com tudo o que descobri, mas decidi não deixar passar em branco. A primeira coisa que fiz fui avisar a todas elas o que estava acontecendo. Elas provavelmente estavam na mesma que eu: sendo feitas de trouxas. Mandei e-mail para a esposa e as amantes do meu “marido”, contando tudo, com fotos e cópias de tudo que achei. Ah! E “sem querer” enviei também para todos os clientes e fornecedores da loja dele.
A esposa nunca respondeu, mas as outras mulheres me retornaram e todas combinamos de terminar com ele. O problema é que uma delas não aguentou e mandou mensagem para o cara de pau, que encurtou a viagem e voltou correndo para conversar comigo.
Primeiro foram pedidos de desculpas, tentativas de se justificar, dizendo que me amava. Até que soube do e-mail para os clientes. Aí ele ficou nervoso, perdeu o controle e acabou partindo para cima de mim. Pois o denunciei na polícia por violência e cortei todo o contato. E olha que foram ainda meses de mensagens pedindo para voltar.
Mas a história foi tão chocante, que nem consegui ficar mal. Me senti foi livre! Acabei me tornando amiga das amantes dele, com quem mantive contato e trocava e-mails para contar como andava a vida. Todas seguimos em frentes, livres do peso desse mentiroso e fizemos questão de cortar todo o contato com ele.
E fazendo do limão uma limonada, transformei tudo o que vivi em trabalho: escrevi um livro sobre homens como meu ex, os “Psicopatas do coração”. Porque olha, pra mentir desse jeito, só sendo psicopata.
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