Cientista inventa app para quem deixa a pílula, mas método é questionável
A física nuclear suíça Elina Berglund queria parar de tomar pílula anticoncepcional, mas não encontrava nenhum método contraceptivo eficiente. Ela, então, criou um algoritmo que deu vida ao aplicativo Natural Cycles, que monitora as taxas de fertilidade femininas diariamente sem hormônios. O produto ainda não foi testado no Brasil e seu método é questionado por médicos no país.
Ao contrário da tabelinha, o aplicativo funciona com mensuração de temperatura, que ajuda a determinar em qual fase do ciclo a mulher está. Para que o Natural Cycles faça o cálculo do ciclo menstrual, basta colocar um termômetro basal embaixo da língua toda manhã e, posteriormente, registrar na plataforma.
O aplicativo manda um alerta: cartão vermelho nos dias mais férteis e cartão verde quando não há risco de fecundação na relação sexual.
Na opinião de Flávia Fairbanks, ginecologista do Hospital das Clínicas da USP, a iniciativa de um novo método para auxiliar as mulheres que não querem usar hormônios anticoncepcionais é boa, no entanto, o serviço ainda é muito novo e não dá para extrapolar os resultados obtidos nos estudos internacionais a longo prazo.
"Não dá para incentivar que as pacientes abram mão de outros métodos e só sigam o aplicativo, por exemplo. É preciso mais pesquisas para confirmar se a eficácia dele é alta como a empresa diz. Outra coisa importante é fazer estudos também com as mulheres brasileiras, até para entender se elas se comportam iguais as europeias ou não, já que mudanças no estilo de vida podem prejudicar a eficácia do aplicativo", afirma.
Cristina Carneiro, ginecologista e obstetra, destaca que o método de mensurar a temperatura basal não é novidade, mas sim, o aplicativo para fazer esse controle. "As desvantagens não são exatamente do aplicativo, mas do próprio método. As principais são que a temperatura deve ser medida sempre no mesmo horário e a mulher não pode ter realizado qualquer esforço, se tiver levantado da cama durante a noite pode haver alteração na temperatura basal”, exemplifica.
Para Flávia, toda novidade tem um impacto positivo para a população, ainda mais essa área, que, segundo ela, não trazia novidades há décadas, mas é preciso ter cautela. "As pessoas podem usar o aplicativo como mais uma ferramenta, além de outros métodos contraceptivos como a camisinha. Ele pode ajudar a entender o período fértil e a conhecer o próprio corpo ", afirma.
Depois de mais estudos realizados e eficácia comprovada, Flávia acredita que a ferramenta será utilizada tanto por quem quer evitar a gestação como por quem quer engravidar. “Quem não quer, conseguirá reconhecer o período e se protegerá de todas as formas. E para quem quer ficará mais fácil identificar o período fértil”, fala.
De acordo com a empresa, o aplicativo já tem mais de 150 mil usuárias em 161 países. O pacote anual do aplicativo custa US$ 4,20 mensais com o termômetro basal incluso. O site entrega no Brasil.
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