Como encarar os desafios de gravidez de Helô, personagem de "A Lei do Amor"
![Na trama das 21h, Helô (Cláudia Abreu) quer engravidar de Pedro (Reynaldo Gianecchini) - Divulgação](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/21/2017/01/13/na-trama-das-21h-helo-claudia-abreu-quer-engravidar-de-pedro-reynaldo-gianecchini-1484340438443_v2_900x506.jpg)
Em cena da novela “A Lei do Amor”, exibida pela Rede Globo na faixa das 21h, Helô, personagem de Cláudia Abreu, revelou que deseja engravidar de Pedro (Reynaldo Gianecchini). A notícia revoltou Tião (José Mayer), seu ex-marido e vilão da trama, que acredita que, por estar acima dos 40 anos e por ter tido uma gravidez tubária no passado, ela jamais conseguirá.
Tião está errado. Apesar de uma nova gestação nessas condições ser mais difícil, não é impossível. A idade da mulher, dizem os especialistas ouvidos pelo UOL, atrapalha mais do que a complicação na gestação anterior.
“A gravidez tubária danifica uma das trompas. Se a tuba remanescente for normal, as chances de ocorrer uma nova gestação natural são de cerca de 50%, porém, com risco de 10% de recorrência do quadro. Acima dos 40 anos, as chances de engravidar se reduzem para 15 a 20%”, explica Daniel Suslik Zylbersztejn, médico do setor de Reprodução Humana da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e assessor médico do laboratório de análise seminal do Grupo Fleury.
Helô teve um embrião fora do útero
Chama-se gravidez ectópica a presença de um embrião fora da cavidade uterina. “Em 99% desses casos, o embrião aloja-se na trompa, criando uma gravidez tubária, mas em 1% das vezes pode estar na cavidade abdominal”, explica Márcio Coslovsky, ginecologista especialista em reprodução humana e diretor médico da clínica Primordia, no Rio de Janeiro. Nessas situações, a gestação não pode evoluir.
Se a gravidez tubária não for descoberta a tempo, a tropa pode se romper com o crescimento do embrião, causando hemorragia interna que pode até colocar a vida da mulher em risco.
Como é a nova gravidez agora?
Se não houver comprometimento da outra tuba, uma gravidez natural é possível, embora possa ser mais demorada. “Não se pode controlar por qual ovário a mulher vai ovular em cada mês, algumas ovulam pelo mesmo lado por vários meses seguidos e pode acontecer de ser exatamente o lado em que a trompa foi retirada”, afirma Coslovsky.
Mas acima de 40 anos, diz o médico, a mulher não tem tempo a perder. Para mais facilidade e segurança, pode-se propor um tratamento de fertilização in vitro (FIV).
“Na FIV, diz, Zylbersztejn, as trompas não participam. “O embrião é formado no laboratório e transferido diretamente para dentro da cavidade uterina. Entretanto, pode se mover para dentro de uma das tubas e não conseguir sair, promovendo uma nova gravidez ectópica. Estudos recentes mostram que a transferência de embriões criopreservados (congelados) reduzem o risco de isso acontecer”, afirma.
Tratamento da gravidez ectópica envolve cirurgia
"'A escolha do tipo de tratamento para a gravidez ectópica depende do estado clínico da mulher, do desejo de ter uma gestação posterior, do grau de evolução da gravidez e da localização do embrião." A conduta mais frequente é a cirurgia de salpingectomia, que promove a retirada inteira da tuba que contém o embrião para evitar hemorragia, explica o médico.
“Nos casos em que haja a presença de um embrião sem batimentos cardíacos e o nível de HCG seja menor do que 5000 UI/L, pode-se usar o medicamento Metotrexato”, diz.
Quando uma paciente apresenta uma gravidez ectópica, explica, a outra trompa também pode estar comprometida, pois as doenças atacam as tubas de uma maneira bilateral. Portanto, é preciso descartar o problema antes de tentar engravidar naturalmente de novo.
Por que acontece?
Daniel Zylbersztejn explica que, após a fecundação, a tuba é responsável por levar o embrião recém-formado para dentro do útero, onde irá se alojar e se desenvolver. “A trompa não é um túnel simplesmente, mas uma estrutura extremamente complexa, contendo cílios na sua parte interna que agem ativamente para ajudar o embrião em seu caminho.”
Quando esta estrutura ciliar está comprometida, diz, o embrião não consegue chegar até ao útero e acaba por se implantar dentro da própria tuba ou simplesmente interrompe seu desenvolvimento por não encontrar o ambiente mais adequado, provocando nas mulheres apenas um leve atraso menstrual que, na verdade, tratava-se de uma gravidez inicial que não evoluiu.
DST, tabagismo e infecções: as causas
As principais causas de problemas nas trompas, segundo o médico, são o tabagismo, cirurgia e doença inflamatória pélvica, mais conhecida como DST (doença sexualmente transmissível). “A paciente com DST pode apresentar sintomas como febre, corrimento vaginal fétido e até abcesso tubário, em que é necessário o tratamento cirúrgico e uso de antibióticos, ou não ter nenhum sintoma”, diz.
De acordo com Márcio Coslovsky, a clamídia é a principal responsável por essas infecções que podem levar a obstruções das trompas. “Essa bactéria tem uma predileção pelas trompas e pode causar um tipo de entupimento absoluto ou relativo. Antigamente, a gonorreia era a causa principal do problema. Há também casos em que a mulher tem uma malformação de nascença”, diz.
Na maioria das vezes, diz o especialista, a obstrução das trompas só é descoberta quando a mulher tenta engravidar e não consegue ou quando a gravidez tubária já aconteceu. “Se a gravidez não acontece naturalmente, um dos exames pedidos pelo médico é a histerossalpingografia, que verifica anomalias nas trompas”, diz.
Beta HCG (exame que detecta a presença do hormônio gonadotrofina coriônica humana, somente produzido na gestação) baixo ou subindo pouco é sinal de que algo está errado. “Com cerca de cinco a seis semanas de gravidez, o saco gestacional deve ser visível dentro da cavidade uterina no exame de ultrassom”, diz Zylbersztejn.
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