Professora intimida universitária que levou filha para sala de aula
Na última quinta-feira (1º), a estudante de letras da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Nina Bitencourt usou seu perfil no Facebook para relatar a humilhação e o constrangimento que sofreu por parte de uma professora da instituição ao chegar com sua filha, Anya, de cinco anos, para assistir a uma aula na graduação.
"Entrei na sala, dei oi e fui seguindo para me sentar. A professora me olhou com um ar de incredulidade e, sem sequer responder o cumprimento, iniciou um sistemático questionário sobre a minha filha: 'Ela vai entrar na aula?', 'Ela pode assistir aula?', 'Ela não vai se chatear e incomodar a aula?', 'Tu não tem creche pra deixar ela?', 'Nenhum parente pode ficar com ela pra ti?', 'Tem certeza?'. Respondi pacientemente às perguntas e expliquei que ela estar ali comigo era o modo de garantir minha permanência na universidade", escreveu na publicação, que já conta com mais de 13 mil compartilhamentos.
Mesmo depois de justificar a necessidade da presença da filha, a professora voltou a indagar se Nina não poderia ter deixado a criança com outra pessoa para assistir à aula. A universitária não aceitou o assédio e resolveu sair da sala, enquanto alguns colegas recriminavam a atitude da educadora e tentavam intervir na situação.
"A maternidade e o quanto ela causa a exclusão da mulher no mercado de trabalho, na escola e na universidade é uma pauta que grita por visibilidade dentro dos movimentos sociais. Eu vou perder a cadeira, não tem condições de seguir assistindo aula com uma pessoa dessas. O que alguém assim pode me ensinar? Entrei grávida na universidade e estou quatro semestres atrasada do tempo de ter me formado, sou mãe e preciso trabalhar nos horários que a UFRGS disponibiliza as aulas. O questionamento que quero deixar é: quantas mães não assistiram aula por causa dos seus filhos hoje? Quantas mães não conseguiram emprego por causa dos seus filhos hoje? E quantas mais serão excluídas por serem mães amanhã?", escreveu.
Após a publicação do relato, Nina recebeu muitas palavras de apoio, mas também críticas com argumentos de que “universidade não é lugar de criança”. “Universidade não é lugar de criança mesmo, mas é lugar, sim, de mulher e de mãe. A realidade da minha cidade é a de município que mais falta vaga em creche pública no Rio Grande do Sul. O Estado é de um dos que menos possui vaga em todo o Brasil. Qual a alternativa? Que a mãe falte na aula? Que a mãe largue o curso e fique em casa cuidando dos filhos? A alternativa de vocês é que as mulheres que se tornam mães sejam excluídas da universidade?”, refletiu em uma nova publicação em sua página na rede social.
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