Falta de empatia com par do filho não é motivo para pais impedirem namoro
O filho adolescente começar a namorar já é por si só uma situação difícil para alguns pais. Quando os adultos não têm empatia com o escolhido pelo jovem, o cenário para potenciais conflitos está criado e é preciso diplomacia para lidar com a situação.
O fato é que não adianta implicar e demonstrar antipatia pelo namorado ou namorada. Atitudes para separar o casal --como proibir encontros, falar mal da pessoa ou ainda não dar o recado de que o outro ligou-- não somente são ineficientes (o mais provável é que o jovem se afaste dos pais) como imaturas. É o que explica a psicóloga Letícia Guedes, doutoranda em psicologia na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás. “O responsável pode não querer conviver com a pessoa, mas prejudicar a relação é inaceitável. O pai tem de respeitar a escolha do filho”, diz.
Segundo a psicóloga, diante da tentação de adotar um comportamento autoritário, como proibir o namorado em casa, é preciso pesar as consequências. “Não seria melhor aceitar a convivência e descobrir quem é essa pessoa, do que obrigar o filho a só namorar fora de casa?”, declara Letícia.
A escolha é dele, a análise é sua
Antes de julgar o outro é preciso refletir. Há realmente algo de errado com a pessoa? De acordo com os psicólogos, muitas vezes, os pais não têm qualquer motivo concreto para não gostar dos namorados dos filhos.
O problema é aceitar que as crianças cresceram e estão trilhando seus próprios caminhos. “Porém, ao decidir pelo adolescente o que é mais adequado para ele, os pais estão subestimando sua capacidade de decisão e postergando o seu amadurecimento”, afirma a psicóloga especializada em terapia familiar Estela Noronha, mestre em psicologia clínica pela PUC de São Paulo.
Ainda que faça a escolha errada, o jovem tirará uma lição do relacionamento. “O adolescente está em um momento de experimentação, e os pais devem garantir a ele o direito de arriscar e falhar, pois é assim que se aprende”, diz o psicanalista Ricardo Portolano, professor do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
Vale interceder quando a relação coloca o adolescente em risco, por exemplo, ao se envolver com um dependente químico ou uma pessoa violenta. “Nessas situações, é preciso conversar, mostrar as consequências do envolvimento e os reais motivos de preocupação”, diz Estela.
Se mesmo assim, o filho ignorar os conselhos, a autoridade paterna deve entrar em ação. “Aqui é a hora de uma intervenção mais drástica. Vale considerar mudança de escola, clube ou cidade para afastar o adolescente do perigo e, dependendo da gravidade, até buscar ajuda de polícia e assistente social”, afirma a psicóloga.
Respire fundo e sorria
Sem perigo iminente, o melhor mesmo é aceitar a chegada de uma nova pessoa na família e ser gentil, o que não é sinônimo de muita intimidade, mas de educação e respeito. “Os pais podem sugerir conhecer a família do namorado. Não para conviver, mas para saber quem são e quais valores possuem. Isso vai ajudar a desenvolver confiança”, diz Letícia.
Também auxilia na aceitação lembrar-se do seu passado como adolescente. Provavelmente, suas decisões nem sempre agradaram aos seus pais. E como você se sentiu na época quando eles não o apoiaram? A resposta o ajudará a não cometer os mesmos erros. “Não adianta querer julgar o adolescente com os valores de um adulto. É preciso se colocar no lugar do filho”, diz Portolano.
Em meio ao conflito, pais e mães não devem se esquecer de que o bom relacionamento com o filho deve ser preservado a todo custo. “A adolescência é uma fase de transição na qual, por mais que o jovem negue, ele precisa de um norte. Os pais não podem abandoná-lo, porque, caso o filho se machuque, será bom tê-los como ombro amigo”, fala Estela.
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