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Puberdade: entenda as mudanças e não subestime as angústias do seu filho

Resultado das alterações hormonais da puberdade, a acne angustia meninos e meninas - Getty Images
Resultado das alterações hormonais da puberdade, a acne angustia meninos e meninas Imagem: Getty Images

Louise Vernier e Suzel Tunes

Do UOL, em São Paulo

17/05/2015 07h25

A música “Não Vou me Adaptar”, de Nando Reis, bem poderia ser uma descrição da puberdade. “Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia” e “eu não tenho mais a cara que eu tinha” são percepções comuns a muitas crianças a partir dos oito ou nove anos, quando estão ingressando na adolescência. Essa fase de transição é marcada por uma série de mudanças físicas e pode ser perturbadora. Ela fica mais fácil com a ajuda dos pais, por isso vale estar bem informado e preparado para conversar sobre as dúvidas e medos que atingem os filhos, tornando a transição mais tranquila.

Tratar o assunto com naturalidade facilita muito. “Falar de pênis ou vagina é a mesma coisa que falar de pé, nariz. São partes do corpo”, afirma a psicóloga Elizabeth Monteiro, autora do livro “Criando Adolescentes em Tempos Difíceis” (Editora Summus). Mas é importante saber o momento certo para entrar no assunto.

“Geralmente, os próprios filhos perguntam. Responda apenas o que está sendo questionado. Mais do que isso, é nossa ansiedade falando mais alto”, diz Ivete Gattás, coordenadora da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Fundamental também é nunca fazer brincadeiras com as transformações ou subestimar a angústia do filho. “O que para nós é só uma espinha, para o adolescente, pode ser um monstro”, afirma Andrea Hercowitz, hebiatra (médico especializado em adolescentes) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

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Veja o que acontece com meninas e meninos durante a puberdade e ajude-os a lidar com a fase:

Meninas

O primeiro sinal da puberdade feminina costuma acontecer entre oito e 13 anos: é o chamado “broto mamário”, um pequeno “botão” sob o mamilo, que pode ser doloroso ao toque. Depois de seis meses a um ano, enquanto as mamas continuam se desenvolvendo, surgem os primeiros pelos pubianos e só depois disso (mais uns seis a 12 meses) os pelos sobre as axilas.

Com a puberdade, começa também o estirão de crescimento, que dura uns dois anos. As meninas, que na infância cresciam cerca de cinco centímetros por ano, passam a ganhar, em média, oito centímetros anuais. Pouco antes do fim dessa fase, o corpo de menina começa a dar lugar à silhueta de mulher. “A cintura afina, o quadril fica mais largo e a garota ganha mais massa muscular”, explica Marcelo Iampolsky, professor de hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo.

A primeira menstruação (menarca) costuma vir cerca de dois anos após o aparecimento do broto mamário. E as meninas ainda crescem de cinco a sete centímetros em um período de até dois anos após a menarca.

Meninos

Nos garotos, a puberdade começa mais tarde, em geral, entre nove e 14 anos, e seu primeiro sinal é mais discreto. “Trata-se do aumento do testículo que, quando atinge cerca de quatro centímetros cúbicos (tamanho equivalente a uma uva), marca o início da transição”, explica o hebiatra Iampolsky. O pênis permanece infantil nesse primeiro momento.

Seis meses depois, aparecem os primeiros pelos pubianos, seguidos pela penugem nas axilas e, só dois anos depois disso, aparecem pelos no rosto. Enquanto isso, os testículos continuam se desenvolvendo até atingirem o volume definitivo, que varia de 15 a 25 centímetros cúbicos.

O crescimento do pênis –inicialmente, em comprimento e depois em espessura– começa por volta de oito meses a um ano depois do início da puberdade, acompanhado do aumento da estatura. Tanto meninos quanto meninas têm dois anos de estirão. Eles chegam a crescer de dez a 12 centímetros por ano.

A voz do garoto também ficará mais grossa. Isso acontece porque, durante o estirão, o aumento do hormônio testosterona e do hormônio do crescimento (GH) provoca o desenvolvimento da laringe.

Assim como a primeira menstruação da menina indica a maturidade sexual, o garoto também vivenciará um marco importante: a primeira ejaculação, chamada de espermarca. Ela ocorre depois que o pênis aumentar em comprimento e diâmetro. “É nessa fase também que o garoto começa a ganhar massa e força muscular”, afirma Iampolsky.

Como ajudar seu filho quando:

1 - Cabelo e pele estiverem oleosos

A causa é a maior atividade das glândulas sebáceas, estimuladas pela ação de hormônio masculino tanto nos meninos quanto nas meninas. Deve-se evitar água muito quente na higienização. Ela retira a camada de oleosidade natural e estimula a pele a produzir mais gordura.

2 - Aparecerem espinhas

A acne é um processo inflamatório desencadeado pela obstrução do folículo piloso (onde nasce o pelo) e presença da bactéria Propionibacterium acnes, que se prolifera e causa inflamação. Além de manter a pele limpa, com sabonete suave e água fria, uma consulta ao dermatologista pode ajudar, sobretudo nos casos mais graves.

3 - O suor for excessivo e cheirar mal

As glândulas sudoríparas também são hiperestimuladas na puberdade. Por isso, os jovens suam muito nas axilas, pés e mãos. Com as roupas e sapatos mais úmidos em contato com o meio ambiente, surge o mau cheiro. Roupas de algodão ou de outros tecidos que deixem a pele “respirar” são mais indicadas, e o desodorante é permitido desde que seja um produto adequado à faixa etária.

4 - Surgirem estrias

A causa está no estirão de crescimento. “As formas físicas mudam muito em um curto espaço de tempo e as estrias podem aparecer”, diz Iampolsky. Manter a pele hidratada ajuda a prevenir o problema, mas, se elas surgirem, os especialistas orientam buscar ajuda enquanto elas ainda estiverem vermelhas (mais recentes), pois existem tratamentos que evitam ou diminuem as marcas definitivas.

5 - Aumentar o apetite

“O organismo precisa de mais energia durante o estirão, o que dá mais fome”, afirma Andrea. Mas isso pode ser conflitante com o medo de ganhar peso. A dica é manter uma alimentação saudável e equilibrada e fazer a maioria das refeições em casa.