Aos seis meses, grávida de quíntuplos espera parto no hospital
Uma gravidez de múltiplos, seja de gêmeos ou trigêmeos, pode ser fonte de ansiedade para algumas famílias. Imagine, então, uma gestação de quíntuplos. Para muitas pessoas, a primeira imagem que vem à cabeça são cinco bebês chorando, mamando e precisando trocar fralda, tudo ao mesmo tempo. Karina Bárbara Barreira, 35, e João Biagi Júnior, 36, futuros pais de cinco crianças, vivem à espera sem se preocuparem como será a rotina depois da chegada dos filhos.
"A gente não fica pensando que precisaremos trocar muita fralda ou acordar durante toda a noite. Teremos de fazer o que os bebês precisarem e ficaremos craques nisso. Não pensamos em como será o momento de dar banho em cinco, para tudo se dá um jeito", afirma, calmamente, a mãe, que está na 24ª semana e internada de forma preventiva em uma maternidade de São Paulo.
Tanto Karina quanto Júnior seguem o lema "viver um dia de cada vez" e têm mantido a emoção sob controle. "Claro que a ansiedade existe, mas quero deixar para sentir isso no dia (do nascimento), pois senão vou ficar doida aqui", fala a mãe. O pai diz que ainda não conseguiu imaginar os cincos bebês correndo pela casa. "No início, quando achávamos que seriam trigêmeos, imaginava-os fazendo bagunça, mas agora essa imagem travou na minha cabeça."
Karina dará à luz quatro meninas –sendo duas gêmeas idênticas– e um menino e os pais ainda não chegaram a um consenso sobre os nomes. "Estamos começando a pensar nisso, mas não temos nenhum definido. Cada hora, um de nós fala um nome e pergunta se o outro gosta ou não, quando os dois curtem, separamos para decidir depois", diz Júnior.
A descoberta
O casal esbanja alegria de ter engravidado de forma natural de cinco bebês ao mesmo tempo. Há 15 anos juntos, Karina e Júnior tentavam engravidar há cinco anos, sem sucesso. "A médica disse que ela tinha óvulos com pouca qualidade e recomendou que a gente tentasse a fertilização. Ela saiu arrasada do consultório, mas a convenci de ouvirmos a opinião de um outro especialista, que disse que o problema era que a parede do útero dela estava muito fina."
Karina iniciou então um tratamento com hormônio para espessar a parede do útero e retornou ao médico, que calculou o período fértil e orientou que o casal intensificasse as relações sexuais nesses dias. "No quarto mês, a minha menstruação, que sempre foi regulada, atrasou, mas eu não tinha coragem de fazer o teste e lidar com a frustração de dar negativo. Depois de uma semana, fiz o de farmácia e, na sequência, o exame de sangue, que comprovou que eu estava grávida", afirma a futura mãe.
Uma semana depois, o casal realizou o primeiro ultrassom, em que apareceram três bebês. "Como eu queria ter gêmeos, pulei de felicidade quando descobri", declara Júnior. Karina, no entanto, ficou muito assustada com a situação. "Estava feliz, mas tomei um susto. Pensava: 'só pedi um e vieram três, meu Deus', meu corpo tremia todo e não conseguia nem levantar da maca", fala.
Quando a gestação completou três meses, eles retornaram para fazer outro ultrassom. "O médico olhava assustado para a tela, o que me deixou nervoso", afirma Júnior. Foi então que eles descobriram que esperavam cinco bebês. "Não acreditava, briguei com o médico, disse que não faria mais nenhum ultrassom, pois, cada vez que a gente fazia o exame, descobriam mais bebês."
A família não acreditou quando os dois contaram a novidade. Segundo Júnior, eles mostravam o laudo para convencer que não estavam brincando. "Alguns se assustaram na hora, mas todos estão muito contentes. Agora vão ter de ajudar, pois perguntavam o tempo todo quando a gente teria um filho", afirma Karina.
Preparativos
Com a descoberta que esperavam quíntuplos, a rotina de Karina e Júnior virou uma correria devido aos exames e consultas médicas, o que fez com que não tivessem tempo de preparar a casa para receber os bebês.
"A única coisa que está certa é o quarto das crianças, pois uma empresa nos presenteou com um dormitório completo. Fiquei muito feliz pelo carinho e estou supercuriosa para ver o resultado. Acho que o arquiteto vai ter de quebrar a cabeça para colocar os cinco berços no local", diz Karina.
Depois que o caso saiu na imprensa, o casal também recebeu muitas doações de roupas, fraldas e produtos de higiene. Até um bufê ofereceu comidas e bebidas para o chá dos bebês. "Estava marcado para este mês, mas, como fui internada, a festa vai ser diferente. No fim do ano, vou fazer um evento com os bebês presentes", declara Karina.
A mãe e o pai ainda não têm um plano traçado de como será a vida da família em sete. "Sei que no começo minha mãe e minha sogra estarão mais perto, aquela coisa de avó querer estar presente, mas depois a gente vai ter de se adaptar a cuidar dos cinco com apenas quatro braços", afirma Karina.
Quando descobriu que a mulher esperava três filhos, logo no início da gestação, Júnior comprou um carro para facilitar o transporte das crianças e de Karina para as consultas e exames. "Assim que descobri que eram cinco, vi que o carro não me servia mais. Agora estou pensando em comprar uma van, pois, além de levar a família, também posso usar o veículo para trabalhar", conta o futuro pai, que está desempregado.
Internação preventiva
Apesar de serem de Santos, no litoral sul paulista, o casal precisou vir para São Paulo, pois a cidade não tinha estrutura para o parto. “Nós queríamos ter os nossos filhos em Santos, escrever essa história com a cidade e também ficar perto da família, mas, infelizmente, não foi possível”, afirma Júnior.
“O médico que acompanhou a gente em Santos tinha orientado que a Karina fosse internada de forma preventiva, pois, a partir de agora, os bebês vão crescer mais e ela começará a ganhar peso. Como ela pode sentir dores e problemas respiratórios, o médico achou melhor monitorá-la 24 horas”, declara Júnior.
Para passar o tempo, a futura mãe tem feito as mesmas coisas que fazia em casa, pois ela está afastada do trabalho desde o segundo mês de gestação. “Tenho respondido as mensagens da nossa página do Facebook 'Vem Quíntuplos por Aí', jogo no celular, leio livros, vejo televisão, converso muito com o Júnior e também dou uma voltinha até o berçário.”
Preparação para o parto
De acordo com Raimundo M. Melo Nunes, coordenador da ginecologia do hospital Sepaco, onde Karina está internada, por ser uma gravidez de quíntuplos, a gestação dificilmente completará 40 semanas. "A expectativa é que ela chegue até 32 semanas –8 meses– e tudo indica que dará certo, pois a gestação da Karina está estável. Ela está recebendo progesterona (hormônio), para melhorar a circulação materna e evitar que o útero se contraia, e um medicamento para acelerar a maturidade pulmonar dos bebês", explica Nunes.
Os bebês também estão estáveis, segundo o médico, e pesam cerca de 400 gramas cada um, número adequado para o tempo gestacional. Para se preparar para a vinda dos quíntuplos, o centro obstétrico do hospital começou a fazer simulações de como o parto cesárea será feito, já que estarão presentes, pelo menos, cinco neonatologias (pediatras especializados em recém-nascidos) e quatro obstetras.
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