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Torre medieval é restaurada em vilarejo "de peregrinos" na França

No quintal é possível observar parte da estrutura original da torre em Montvalent - Andrea Wyner/ The New York Times
No quintal é possível observar parte da estrutura original da torre em Montvalent Imagem: Andrea Wyner/ The New York Times

Caroline Ednie

The New York Times, Montvalent, França

25/01/2015 09h00

A torre medieval que se ergue sobre o rio Dordogne, em uma pequena vila no sudoeste da França, era uma ruína romântica, habitada apenas pelos pombos. A casa adjacente “estava quase habitável”, diz Pamela Marshall, de 63 anos, uma das atuais proprietárias. “Mas a torre esteve vazia por décadas, provavelmente, não tem sido ocupada desde o século 19”. Ainda assim, Pamela e seu marido Richard, de 66 anos, que nos anos 1970 salvaram um celeiro arruinado perto dalí, se entusiasmaram.

“O celeiro era maravilhoso para as férias de verão, mas sentimos que era hora de procurarmos um local que pudéssemos usar no inverno também”, resume Pamela. Assim, a vila que já foi ponto de parada na rota de peregrinação a Santiago de Compostela, na Espanha, foi instantaneamente atraente. “Há uma atmosfera em Montvalent que é difícil de descrever, mas que me fez parar e prestar atenção. Há uma sensação histórica real neste lugar com o qual eu estou, talvez, mais sintonizada do que a maioria das pessoas”, acrescenta.

E Pamela continua: “Nós provavelmente éramos a família ideal para comprar esta propriedade. Eu sou arqueóloga especializada em construções, Richard é advogado e nosso filho Mark é arquiteto”. O trio começou comprando a casa adjacente em 2002, por US$ 75 mil. Eles teriam adquirido a torre na mesma ocasião, porque as duas construções dividem uma mesma parede, mas era complicado.

Pelo fato de estar abandonada há muito tempo, descobrir quem era o proprietário da torre não foi fácil. No final eles tiveram que pedir permissão a 11 descendentes da família a qual ela pertencia – o mais velho com mais de 80 anos e o mais novo com menos de cinco – para providenciar a compra, que finalmente ocorreu em 2006, por US$ 31 mil. Foi quando o trabalho realmente começou.

Tocando os pombos

Mark Marshall e seu sócio, James Daykin, do Daykin Marshall Studio, em Londres, aceitaram o desafio de descobrir o que deveria ser restaurado, o que precisava ser reconstruído e o que poderia ser uma reinterpretação contemporânea. “Ficou decidido que todo o acabamento seria removido até chegarem ao material original do século 15. Nós também concordamos em não reconstruir qualquer coisa sem evidências arqueológicas”, conta a matriarca.

Informações extraídas de precedentes locais e do que restou da torre foram compiladas para criar um modelo em computador que guiou a escultura das pedras que estavam faltando que, por sua vez, foram usados para reconstruir os dois andares e meio que haviam desaparecido.

Contudo, havia duas fachadas em ruínas, que tiveram de ser reinventadas, sem qualquer evidência histórica. Como James explica: “Tivemos muito mais âmbito arquitetônico para criar algo contemporâneo, mas não queríamos que isso fosse uma grande bravata de design declarada – apesar de sermos jovens arquitetos em início de carreira, naquela época, e com muita exuberância juvenil”. 

Uma ponte de concreto branca agora funciona como a entrada traseira da casa. A fachada foi recortada para criar um terraço com vista para os jardins abaixo e o telhado moderno ecoa as formas das coberturas medievais ao redor. Foi um projeto de quatro anos que custou mais de US$ 400 mil, mas no que diz respeito à Pamela Marshall, foram tempo e dinheiro bem gastos: “É excitante morar em uma casa do século 15 com uma parte magnífica do século 21 que é moderna, impressionante e sem igual e que não compromete a integridade da construção original”.