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Perca a vergonha de ir à academia e não estrague seu plano de emagrecer

Sabryna Estanek começou a se exercitar fora da academia, mas acabou se matriculando em uma - Arquivo pessoal
Sabryna Estanek começou a se exercitar fora da academia, mas acabou se matriculando em uma Imagem: Arquivo pessoal

Luiz Franco

Do UOL, em São Paulo

22/11/2013 07h02

A vergonha está entre os motivos que mais afastam as pessoas das academias no Brasil, segundo a Acad (Associação Brasileira de Academias). Porém, essa barreira, que parece simples de ser superada, pode causar problemas sérios na vida de homens e mulheres, principalmente por impedir que tenham uma rotina mais saudável.

O medo de frequentar esse ambiente, na maioria das vezes, está associado à vergonha que a pessoa sente de seu corpo. Ela teme ser ser alvo de algum tipo preconceito. Mas, apesar da dificuldade que muita gente tem, não é impossível superar o desconforto.

O empresário Antonio Cavalcante, 48, não ia à academia por se achar muito gordo. Para ele, esse tipo de lugar era só para magros. Mas a necessidade de eliminar peso para melhorar a saúde o motivou a perder a timidez. Resultado: ele, que pesava 126 quilos, hoje está com 81, tornou-se maratonista e mudou de vida.

"Não tenho nem como mensurar a mudança, pois vivia em um mundo só meu, o de gordo. Tudo melhorou. Não tomo mais remédio para regular a pressão ou para pré-diabetes e até minha performance sexual é outra".

Cavalcante procurou uma clínica especializada em obesidade para fazer acompanhamento. "Mas o principal foi ter determinação para cuidar da minha saúde", conta ele, que, atualmente, corre seis meia-maratonas (21 quilômetros) e duas completas (42 quilômetros) por ano.

Para a psicóloga Sâmia Hallage, especialista na área esportiva, o bloqueio que algumas pessoas têm em relação a frequentar academias prejudica, além da saúde, outras partes da vida, mas há alternativas para se adaptar.

"Uma possibilidade é a pessoa buscar uma atividade fora da academia, para ir se adaptando, e depois passar a frequentar uma. Existem trabalhos personalizados para quem não se sente bem em um clube", diz a psicóloga. Ter um personal trainer é outra saída, já que fica ao lado do aluno, orientando-o e fazendo com que ele interaja melhor com o ambiente. "Caso a pessoa não se adapte, exercícios ao ar livre são uma boa alternativa", explica ela.

  • Arquivo pessoal

    O empresário Antonio Cavalcante não ia à academia por se achar muito gordo

Foi justamente começando a se exercitar sozinha que a advogada Aline Corrêa, 29, acabou com a vergonha. Pesando 93 kg, ela comprou um DVD com aulas para fazer em casa. Dessa forma, perdeu 5 kg e se sentiu mais confiante.

Ela começou a frequentar a academia em horários menos concorridos e, aos poucos, foi fazendo as aulas e, com elas, algumas amizades. Depois, começou a fazer musculação e dança. Hoje, está pesando 70 kg, pretende eliminar mais cinco e passou do manequim 48 para o 40.

"Meu maior medo era que as pessoas estivessem zombando de mim. Eu achava que seria discriminada. Isso sempre atrapalhou minha vida, pois eu me sentia mal, até depressiva. Eu me via como uma derrotada por não conseguir ir à academia. Chegou uma hora que resolvi que tinha de largar a vergonha. Eu precisava mudar minha vida", conta.

"Quando quebrei essa barreira venci não só o medo de ir para academia, mas vários outros: passei a me relacionar melhor com as pessoas, acreditar mais em mim, saber que sou capaz de realizar aquilo que me proponho a fazer... Confio mais em mim mesma".

Para a estagiária em Segurança do Trabalho, Sabryna Estanek, 28, os exercícios individuais também ajudaram, mas a mudança só veio após uma bronca da médica endocrinologista e a própria vontade de mostrar que era capaz de superar a obesidade.

Sabryna esqueceu sua aversão à academia e eliminou 31 kg (hoje, ela pesa 69 kg). "Eu andava de bicicleta e fazia caminhadas. Consegui perder dez quilos, mas vi que precisava de algo mais intenso e entrei na academia". 

Segundo Matheus Wanzo, formado em educação física e instrutor de academia, o professor tem papel fundamental na inclusão dos alunos que sofrem com essa dificuldade.

"O professor pode ir se aproximando mais do aluno, deixando-o à vontade na academia, conversando bastante com ele e envolvendo outros frequentadores nas conversas. Isso faz com que tenha contato com os demais, mesmo que de forma indireta. Quanto mais a pessoa interagir e participar, mais chances tem de perder a vergonha", disse.