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Madeiras expostas ao tempo devem ter acabamento com "filtro solar"

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Karine Serezuella

Do UOL, em São Paulo

08/08/2013 07h03

Por ser um produto natural, a madeira exposta ao clima (sol, chuva, calor, frio, ar seco ou úmido) tende a apresentar alterações em sua aparência como desgaste e escurecimento de sua cor natural. Para proteger móveis, decks, pisos e outras estruturas fabricadas em madeira da ação do tempo, o material deve receber algum tipo de acabamento protetor como esmaltes, vernizes e impregnantes.

Se você pretende ter ou já possui estas peças de lenho na área externa de sua casa, veja as dicas de tratamento preventivo e manutenção que ajudam a conservá-las bonitas e ainda aumentam sua durabilidade.

Filtro solar neles!

A escolha do tipo de tratamento está relacionada diretamente com o local onde a peça fica. Quanto maior for sua exposição às ações do clima, maior deverá ser a proteção. A maioria dos esmaltes e vernizes desenvolvidos para o revestimento das madeiras repele a água e contém fungicida, entretanto, alguns produtos apresentam aditivos absorvedores de raios ultravioletas que agem como filtro solar.

Para saber qual a quantidade dessas substâncias presente na composição é preciso observar as indicações nas embalagens dos acabamentos:  simples, duplo ou triplo “filtro solar”, com ordem crescente de concentração.

"O verniz marítimo, por exemplo, tem apenas 'um' filtro solar, o que o torna mais barato devido à pequena quantidade de substância protetora", relata o gerente de marketing da Montana Química (empresa especializada em produtos para acabamento em madeira), Rafael Ferreira. Popular, o produto comumente aplicado no casco de embarcações, é menos viscoso em relação aos demais vernizes, mas não tanto que o torne impregnante, como o "stain".

Mas qual escolher?  Ferreira, recomenda o uso de substâncias com, no mínimo, duplo “filtro solar”, para o tratamento de móveis, pisos e outras estruturas de madeira que recebam sol a pino, em qualquer área mais exposta como varandas, piscinas ou, até mesmo, ambientes internos que permitam a incidência direta dos raios solares.

Além da madeira: saiba como escolher o deck ideal

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Em linhas gerais, as variadas opções de esmaltes, vernizes e impregnantes podem ser aplicadas a qualquer tipo de lenho, mas é importante atentar para as madeiras do tipo resinosa como o cumaru, a itaúba e o nó de pinus. Conforme recomenda Ferreira, no caso do uso do impregnante em qualquer dessas espécies, será necessário, primeiramente, aplicar um verniz isolante para tratamento de madeira resinosa para impedir que a resina própria do lenho migre para o produto, o que pode manchar o acabamento.

Ainda sobre espécies, a arquiteta Adriana Bijarra Cuoco recomenda as madeira cumaru, peroba e ipê para uso externo, pela resistência natural às intempéries. “A peroba é levemente mais clara, já o cumaru é mais avermelhado e o ipê é um pouco mais escuro. Mas, independente da cor, a qualidade de todas é a mesma”, garante Cuoco.

Tipos de acabamentos

1.    Esmaltes: os esmaltes para madeira, sintéticos ou à base de água, usados principalmente em portas, janelas e grades, são opções para quem prefere o acabamento liso, de cor uniforme, com possibilidade de matizes diversos e uma proteção anti-fungos. “O produto à base de água possui a vantagem de apresentar baixo odor, além de secar completamente em apenas cinco horas”, explica o gerente de produto da Suvinil, Luiz Piva.

2.    Vernizes: há um leque amplo de vernizes para madeira que repelem a água e apresentam propriedades resistentes aos raios solares, fungos e umidade. Se a proposta for manter o aspecto natural da superfície, Piva indica o verniz marítimo porque, segundo o gerente de produto, o revestimento recupera a madeira desgastada, tem poder de cobertura e realça os veios naturais da madeira.

Cuoco aconselha o mesmo verniz marítimo (no caso, o fosco é o preferido da arquiteta) porque fecha bem os “poros”, impedindo que a água entre na estrutura e proporcionando maior durabilidade ao lenho exposto ao tempo.

3.    Impregnante “stain”: apesar de ser tratado como verniz, o “stain” - nomenclatura comum de mercado -, é um impregnante indicado para aplicação sobre qualquer superfície de madeira. O presidente da Butzke (fabricante de móveis de madeira), Guido Otte, conta que o acabamento “stain” permite uma vida mais longa ao mobiliário de área externa, porque possui uma alta proteção contra efeitos das chuvas, sol e fungos, devido à penetração do produto nos veios. 

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    Os esmaltes e vernizes para madeira de áreas externas repelem a água e contêm fungicidas

Diferentes dos esmaltes e outros vernizes, o “stain”, de acordo com Ferreira, forma uma película bem fina, o que evita rachaduras e formação de bolhas no acabamento e ainda dá um aspecto mais natural à peça. “Com o “stain”, você sente a textura e relevo da madeira enquanto que, com o verniz, forma-se um filme protetor mais espesso sobre a superfície”, compara.

Aplicação

A aplicação de qualquer desses produtos citados acima deve ser realizada conforme orientações contidas nas embalagens, a fim de garantir a eficácia de suas propriedades. Contudo Ferreira dá dicas básicas: “Sempre prepare a superfície, lixando para tirar as farpas irregulares, e limpe em seguida. A aplicação deve ser no sentido dos veios do lenho e as demãos adicionais só podem ser feitas após a secagem completa da anterior, o que normalmente demora cerca de 24 horas”.

Sobre a reaplicação, o gerente de produto da Suvinil, Luiz Piva, explica que a periodicidade é determinada pelas condições em que a madeira está exposta, a qualidade ou o tipo do acabamento utilizado, entre outros fatores. “Podemos prever - como padrão médio -  uma limpeza com jato de água sob alta pressão a cada 12-18 meses, conforme maior ou menor exposição à fuligem e à poeira, e uma reaplicação do acabamento a cada dois anos, com exceção do “stain”, que deve ser reaplicado em intervalos menores de tempo ”, sugere Piva.

Por sua vez, Ferreira defende que o ideal é fazer a manutenção preventiva da madeira a cada ano e adverte sobre a necessidade de realizar uma nova aplicação, por exemplo, no deck da piscina, após este período. Quanto às áreas menos expostas ao sol (meia-sombra), o prazo pode se estender para dois anos, segundo o gerente de marketing. “No caso do verniz, é preciso remover o acabamento antigo para reaplicar o novo, já o “stain”, com o tempo, vai criando um pó, por isso, basta limpar e fazer a reaplicação do produto”, completa.

Limpeza do dia-a-dia

Embora móveis, decks, pergolados, pisos e esquadrias protegidos por esses acabamentos aguentem a lavagem cotidiana, é aconselhável somente passar um pano seco, sem adição de produtos, para a retirada da poeira, ou mesmo um pano úmido com detergente neutro para limpar um acúmulo de maior sujeira.

Para dar ainda mais durabilidade aos móveis, Adriana Bijarra Cuoco sugere cobri-los com uma capa de tecido náutico em dias de muita chuva ou quando a casa de praia ficar vazia, por exemplo, mantendo-os bonitos por mais tempo. “Costumo dizer para meus clientes que a madeira é igual ao carro. Mesmo tendo sido feito para resistir ao sol e à chuva, você guarda na garagem para proteger mais, certo?”, brinca a arquiteta.