Aceitação gay aumenta em muitos países; Brasil dá passos lentos

A Assembleia Nacional da França, o equivalente à Câmara dos Deputados brasileira, aprovou recentemente a lei que autoriza homossexuais a casarem e adotarem crianças mesmo diante de oposição da Igreja Católica e de grupos conservadores –falta o aval do Senado.
No Reino Unido, a Câmara dos Comuns também deu sinal verde para a união entre indivíduos do mesmo sexo e o texto seguiu para a Câmara dos Lordes. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama afirmou no seu discurso de posse para o segundo mandato no final de janeiro: "Nossa jornada não estará completa até que nossos irmãos e irmãs gays sejam tratados como qualquer pessoa diante da lei".
Nos Estados Unidos, o casamento entre pessoas de mesmo sexo é permitido em nove estados, mas não em nível federal. No final de 2012, esse tipo de união foi validada nas urnas em Washington, Maryland e Maine, um fato inédito nos Estados Unidos.
"Mesmo assim, em diversas partes do país houve juízes contrariando a decisão do Supremo", conta o sociólogo Antonio Sergio Spagnol, da Universidade Estácio, em São Paulo. Estados como São Paulo, Alagoas, Piauí, Bahia, Espírito Santo, Sergipe e Ceará, além do Distrito Federal, já permitem o casamento civil entre homossexuais, garantindo benefícios como direito à herança.
Em maio de 2011, por pressão da bancada de religiosos no Congresso, a presidente vetou o chamado kit-homofobia, material elaborado pelo Ministério da Educação com propósito de incentivar, entre estudantes do ensino médio, a aceitação da diversidade sexual. "Trata-se de uma homofobia institucional", diz o antropólogo Luiz Mott, que é fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia), organização que levanta anualmente dados sobre a violência contra o meio LGBT no Brasil.
Por causa da violência, os homossexuais procuram se manter no anonimato, segundo sociólogo
Criminalização da homofobia
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) acredita que há uma limitação no legislativo e no executivo. Segundo Willys, não há políticas públicas estaduais e municipais a favor dos gays. "Isso depende da alocação de recursos. Em dez anos de governo do PT, a bancada do partido nunca se mobilizou para votar um projeto pró-LGBT".
Ele e sua colega Érika Kokay (PT/DF) apresentaram uma proposta de emenda constitucional que legaliza o casamento civil para os de mesmo sexo. "Não ter acesso ao casamento é não ter acesso a inúmeros direitos, é ser um meio cidadão e isso não existe", diz Wyllys. Segundo ele, o matrimônio gay teria um forte impacto contra a homofobia, ampliando o conceito de família ao incluir as homoafetivas além de afirmar a laicidade do estado.
Grandes índices de violência
De acordo com o documento, estamos em primeiro lugar no ranking mundial de assassinatos homofóbicos, contabilizando 44% das ocorrências no globo. "Infelizmente, a maior visibilidade de LGBT tem provocado esse crescimento da violência", acredita Luiz Mott, do GGB. Mott também aponta o dedo para homofobia por parte de pastores evangélicos.
A diferença entre tolerância e aceitação
Tolerância, no entanto, não é sinônimo de aceitação. Beijo gay em novela, nem pensar. "Li numa reportagem que pesquisas realizadas pelo Globo mostram rejeição do público. A pessoa pode ser homossexual, mas beijar, não”, arremata Spagnol.
"Em São Paulo, por exemplo, há regiões da cidade mais flexíveis, onde os gays podem andar de mãos dadas. Em outras, isso não é possível". Luiz Mott acrescenta: "De Norte a Sul, ainda se repete que viado tem que ser morto". Por isso, segundo ele, é preciso cautela para sair do armário.
"Uma vez vi um travesti sendo espancado na avenida São Luís, no centro de São Paulo, e notei que três pessoas assistiam a cena rindo como se aquilo fosse normal e merecido. Temos muito a caminhar", finaliza Spagnol.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso do UOL.