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Saiba identificar os sinais de que algo não vai bem com seu filho na escola

Falta ou excesso de apetite e sono intranquilo podem indicar que algo está errado na vida escolar - Thinkstock
Falta ou excesso de apetite e sono intranquilo podem indicar que algo está errado na vida escolar Imagem: Thinkstock

Ivonete Lucirio

Do UOL, em São Paulo

06/09/2012 07h54

Deixar a criança sob os cuidados de uma creche ou escola é, em geral, uma boa opção para os pais que não podem passar o tempo todo com seus filhos. Muitas vezes, a única. Mas é preciso ter atenção aos sinais físicos e comportamentais que a criança dá quando o estabelecimento não consegue cumprir bem o seu papel.

Creches, berçários e escolas de educação infantil oferecem vantagens, como equipe de profissionais treinados, respaldo educacional e eliminação da necessidade de babá. Apesar disso, a criança pode se mostrar infeliz por várias razões: não se adaptar à instituição, estar sendo negligenciada ou sendo vítima de maus-tratos.

“Mudanças de comportamento são o primeiro indício de que algo não vai bem. Elas podem se manifestar na alimentação ou no sono. A criança pode ainda se tornar mais chorosa ou violenta”, diz a psicóloga Ana Laura Schliemann, da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Ao notar alterações comportamentais, os pais devem investigar o que pode estar acontecendo. Veja quais são as principais pistas de que algo está errado.

Como detectar problemas

Apareça na escola sem avisar e em horários diferentes;

Suspeite dos estabelecimentos que não permitem a entrada dos pais em horários livres;

Observe como os cuidadores ou professores falam a respeito das crianças;

Converse com outros pais sobre o que eles acham da escola;

Criem momentos de brincadeiras com as crianças e façam dramatizações do ambiente escolar. Eles podem representar o papel do aluno e a criança o do professor ou cuidador e vice-versa;

Evite perguntar de forma que possa influenciar na resposta da criança. Ela pode perceber sua ansiedade e responder o que acha que os pais gostariam de ouvir. Isso induz a conclusões erradas.

Alterações do sono
A criança que enfrenta problemas de qualquer tipo fica mais agitada, o que prejudica o sono. São comuns os despertares noturnos, seguidos ou não por crises de choro. “É importante checar também o quanto ela está dormindo na escola”, diz Rita Romaro, doutora em psicologia clínica pela USP (Universidade de São Paulo). Dormir pouco durante o dia não significa dormir bem à noite, principalmente no caso dos bebês. Pular as sonecas do dia pode deixá-los irritados e dificultar o sono da noite.

Falta ou excesso de apetite
A alimentação está intimamente ligada às emoções da criança. Se ela estiver infeliz ou com medo de algo, certamente, vai mudar seus hábitos alimentares. O mais comum é parar de comer, mas o contrário também pode acontecer: a alimentação exagerada provocada pela ansiedade. Vale a pena prestar atenção, também, se a criança fica com medo ao ser alimentada, indício de que pode estar sendo forçada a comer na escola.

Medo
“Mostrar-se com medo das pessoas, assustada, encolhendo-se diante da aproximação de um adulto pode indicar que a criança esteja sendo maltratada de alguma forma”, afirma Rita Romaro.

Marcas no corpo
Esse é um dos pontos mais importantes a serem observados. Hematomas, arranhões e mordidas são provocados, normalmente, pelos amiguinhos do berçário ou da escola. “Mas pode significar que a instituição não lida bem com a agressividade das crianças. Não sabe como controlá-las”, diz Rita. A hipótese de haver algum funcionário agressor não pode ser descartada e precisa ser investigada.

O melhor momento para observar  o corpo do seu filho é no banho e o ideal é que você aja naturalmente. Segundo Ana Paula Cuocolo Macchia, do ABC Aprendizagem, Centro Pedagógico Interdisciplinar, em Santo André, na Grande São Paulo, caso a criança perceba que os pais estão procurando algo, ela pode desenvolver o sentimento de que o corpo corre sérios riscos.

Ausência de cuidados básicos
Segundo a neuropediatra Lívia Cunha Eklis, da Unisa (Universidade Santo Amaro), em São Paulo, há sinais corporais que podem demonstrar que a escola não está cuidando bem da criança. “Preste atenção se o nariz está cheio de secreção, se as mãos do seu filho estão sujas quando ele chega em casa, se há vermelhidão no corpo, assaduras ou picadas de insetos na pele”, diz a especialista.

Choro
Chorar é um sinal bastante importante e que pode aparecer a qualquer momento. Insegurança e irritação são alguns de seus significados. A manifestação se torna mais preocupante se a criança se mostrar arredia e chorosa na porta da escola, demonstrando que não quer ficar no lugar.

É bastante comum que seu filho chore nos primeiros dias em que vai para a escola, por não querer se separar de você. Se ele já estava ambientado e começa a apresentar esse comportamento, pode significar a existência de algum problema.

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Desenvolvimento
A máxima de que cada criança tem seu ritmo é verdadeira, mas é esperado que ela sente por volta dos seis meses de idade, comece a engatinhar com cerca de nove meses e a andar e a falar por volta de um ano. Clique aqui para saber mais sobre o desenvolvimento da criança até os dois anos.  

Caso essas etapas demorem  a acontecer, é possível que seu filho --principalmente se ele ficar em período integral na escola-- não esteja sendo devidamente estimulado. Por exemplo: se fica muitas horas deitado, pode demorar mais para sentar ou engatinhar.
 
Cara fechada
A falta de sorrisos de seu filho também pode ser uma pista de que algo está fora do trilho. “Crianças infelizes ou abusadas psicologicamente passam a sorrir menos”, afirma Ana Paula Cuocolo Macchia, do ABC Aprendizagem, Centro Pedagógico Interdisciplinar, em Santo André, na Grande São Paulo.

Evite atitudes precipitadas
Se perceber que a criança está realmente desconfortável ou descontente, não procure o estabelecimento sem antes investigar melhor. Muitas vezes, a culpa não está ali. Em primeiro lugar, é preciso prestar atenção no que ocorre fora do ambiente escolar. “A instituição não é responsável por toda alteração negativa no comportamento da criança. O ambiente familiar tem um grande peso também”, explica Rita Romaro.

Mesmo que a causa esteja dentro da escola, nem sempre representa negligência ou má conduta. “Às vezes, a criança está recebendo menos atenção porque entrou um aluno novo ou um colega está doente, exigindo mais cuidados”, diz Lívia Cunha Elkis. Outras vezes, a criança está triste porque um amiguinho saiu da escola. Isso pode gerar estresse e mudança de comportamento. Nesses casos, converse com o responsável pela instituição para ajeitar as coisas.