Postura correta ao amamentar evita problemas para o bebê; aprenda cinco posições
Engana-se quem acha que o bebê é como um cachorrinho, que mal acaba de nascer, se aninha na barriga da mãe e começa a mamar. O recém-nascido tem muito a aprender. "Os bebês nascem com o reflexo da sucção: quando alguma coisa toca o céu da boca deles, começam a sugar", diz a enfermeira sanitarista Celina Valderez Feijó Köhler, conselheira em amamentação da UNICEF/Organização Mundial da Saúde. "Entretanto, para mamar, ele terá de aprender a abrir bem a boca, a praticar a preensão do mamilo e de boa parte da aréola", explica ela.
Não existe uma única posição para amamentar, mas algumas regras básicas devem ser respeitadas. O corpo do recém-nascido precisa ficar alinhado. Ele não deve ficar virado, dobrado para frente ou para trás, causando desconforto. O lactente deve ser acomodado de frente para a mama, com o nariz apontado para o mamilo e o queixo tocando o peito ou quase (leia mais sobre a importância da pega abaixo). "A proximidade com o corpo da mãe é muito importante. O bebê deve ser levado até a mama e não o contrário", diz a pediatra Maria Beatriz Reinert do Nascimento, da Maternidade Darcy Vargas, em Joinville (SC), e membro da IBCLC (Internacional Board of Lactation Consultant Examiners).
A mão também precisa estar confortável. Ela deve encontrar uma posição na qual se sinta bem. "Se ela sofreu uma cirurgia cesariana, por exemplo, pode colocar o bebê atravessado, na horizontal, sem que os pés toquem a barriga dela; a mãe também pode dar de mamar deitada", diz o pediatra Marcus Renato de Carvalho, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e co-autor do livro "Da Gravidez à Amamentação" (Ed. Integrare).
A importância da pega
Mais do que a posição do bebê em relação ao corpo materno, é fundamental que sua boca esteja bem posicionada no seio. "A boca do bebê deve abocanhar o bico e parte da aureola, principalmente a porção inferior. Ela deve estar bem aberta, com os lábios rebatidos para fora, tipo peixinho", descreve a enfermeira obstétrica Márcia Regina da Silva, responsável pelo curso de gestante do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.
Além disso, a parte de cima da aureola deve ficar mais visível do que a de baixo, e é indicado que o queixo toque a mama. Aliás, as mamas devem estar bem macias e não cheias demais. Do contrário, o bebê só conseguirá abocanhar o mamilo, e não toda a aureola.
Mamar não dá gasesExiste a ideia de que, se o bebê não estiver bem posicionado ao mamar no peito, ficará com gases e, consequentemente, terá cólicas. Mas não é verdade. |
Algumas técnicas ajudam o recém-nascido a encontrar a pega correta. "A mãe pode fazer cócegas e estimular o bebê passando o mamilo nos lábios e na bochecha do lactente. Isso faz com que, por instinto, ele abra a boca, num reflexo de apreensão", explica Marcus Renato de Carvalho. "Quando abrir, a mãe introduz o seio". Se ele não pegar certo da primeira vez, a mãe deve retirar o bico e colocá-lo novamente da forma correta.
A dica principal que vai para a mãe é: tenha calma. Mamar é uma novidade, tanto para o recém-nascido quanto para a mulher. Com o tempo –e esse tempo é curto, acredite– os dois se adaptam, até que amamentação se torne um momento prazeroso para ambos.
Desenvolvimento do bebê
A amamentação fortalece e ajuda a moldar os ossos da face do bebê e garante o crescimento correto dos rosto da criança. Isso porque a sucção exige o trabalho muscular na proporção correta. O mesmo não se pode dizer da mamadeira. Se o furo for muito grande, o esforço para mamar é pequeno, o que contribui para o baixo desenvolvimento muscular.
De acordo com a dentista Adriana Mazzoni, especializada em ortopediatria, a melhor posição para amamentar é a ortostática robin (popularmente conhecida como clássica ou madona - veja no álbum de fotos). Ela permite que o bebê tenha bastante contato com a mãe e perceba o mundo ao seu redor --já que um lado da criança toca o corpo da mãe e o outra está voltado para o ambiente.
O mais importante, porém, é que a mulher lembre-se de variar o lado que o bebê fica posicionado nas mamadas. "Quando amamentado no peito, a mãe acaba trocando, na mesma mamada, o bebê de uma mama para a outra. Quando é alimentado com a mamadeira, a mulher às vezes se esquece de trocar a posição do bebê, o que faz com que um lado do rosto se desenvolva mais do que o outro. Para estimular a musculatura, estrutura óssea e dentição de maneira simétrica, é preciso variar os dois lados".
Adriana explica que não é necessário mudar o tipo de posição para dar de mamar, mas apenas inverter a criança quando for trocar o peito. Portanto, se você e a criança estão adaptados à posição clássica, por exemplo, não é preciso tentar nenhuma outra. "O bebê é sensível e precisa de rotina. Ele gosta que seja sempre igual, só trocando de lado sempre", diz. Mas é importante que a cabeça do bebê fique reta, pois na hora de deglutir o leite, se ele estiver muito deitado, por exemplo, a posição da língua fica errada e isso pode trazer problemas na fala futuramente, segundo Adriana. A dentista afirma, ainda, que o aleitamento materno é tão importante que fortalece até a musculatura cervical do bebê, o que não acontece quando a alimentação é feita com uma mamadeira.
O conforto da mãeNão é apenas o bebê que tem de se sentir bem na hora da mamada. A mãe também. Veja dicas: |
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