Saiba quais são as espécies mais adequadas ao cultivo em locais expostos ao vento forte
Quem vive em apartamento - sobretudo em andares altos - e já tentou cultivar plantas em varandas e sacadas, sabe o quanto o vento forte pode atrapalhar os planos de ter uma área verde e exuberante. Isso ocorre porque, de maneira geral, rajadas intensas e persistentes prejudicam o desenvolvimento fisiológico dos vegetais, além de causarem danos físicos a galhos e folhas.
A boa notícia é que cada planta reage de maneira distinta à ação das correntes de ar. Portanto, é possível manter um jardim bonito em locais sujeitos à ventania. Basta escolher as espécies mais adequadas, geralmente de folhas rígidas e pouca altura, capazes de suportar essa condição ambiental adversa. Quase sempre a adoção de variedades resistentes é suficiente para garantir o “verdinho” doméstico. Caso essa medida não seja suficiente, é possível recorrer às barreiras quebra-vento, sejam elas de acrílico, bambu trançado ou vime, para proteger os cultivares.
“Para áreas expostas às rajadas, são indicadas espécies com folhas firmes como cica (Cycas revoluta), moreia (Dietes bicolor) e buxinhos (Buxus sempervirens)”, recomenda o paisagista Eduardo Luppi (www.eduardoluppi.com.br). Pleomelis (Dracaena reflexa), agaves (Agave americana) e fórmios são outros exemplos de plantas ornamentais que podem ser bem aproveitadas em locais com vento intenso. O fórmio, inclusive, sobrevive quando mantido em uma jardineira horizontal colocada junto à grade da varanda.
Para quem não abre mão de flores, a paisagista Greice Peralta, do Shopping Garden (www.shopgarden.com.br), sugere espécies rústicas e bastante resistentes, como jasmim amarelo (Jasminum mesnyi), lavanda (Lavandula sp), azaleia (Rhododendron simsii) e jasmim manga (Plumeria rubra).
A ação do vento
Os ventos, de forma geral, são benéficos para as plantas ao auxiliar a polinização e ajudar no controle da temperatura e do fluxo de gás carbônico. O problema é quando a intensidade e a persistência são excessivas.
Nesses casos, os ventos comprometem o crescimento das plantas ao afetar a transpiração e a absorção de CO2, bem como pelo efeito mecânico que exercem sobre folhas e ramos, esclarecem o geógrafo Sebastião Resende e o engenheiro agrônomo Joaquim Carlos Resende Júnior, ambos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Alguns estudos indicam que danos microscópicos começam a surgir nas folhas, quando expostas a ventos com velocidades superiores a 3,5 metros por segundo.
A ventania também tem outro efeito negativo: faz a água proveniente das regas evaporar mais rápido, podendo levar a planta à desidratação. “Por isso, se a planta está em um local ensolarado e que recebe muito vento, é preciso molhá-la de maneira mais abundante”, afirma a paisagista Daniela Sedo (www.danielasedo.com.br).
Segundo ela, a adubação adequada também é crucial para garantir que a planta passe sem danos causados por condições extremas. “O ideal é realizar a adubação a cada dois ou três meses, nunca deixando passar mais tempo que isso”, recomenda.
Como perceber se a planta está sofrendo com o vento?
Quando os cuidados com a escolha e plantio da espécie não são condizentes com as condições ambientais, os resultados são visíveis. A jabuticabeira (Myrciaria cauliflora) plantada em vaso, quando mantida em ambientes sujeitos a ventos fortes, fica com poucas folhas e dá pouco fruto, mesmo quando adubada. Já a primavera (Ipomoea quamoclit) responde à condição climática crítica com folhas miúdas e nenhuma floração.
Para identificar se a planta está sofrendo com o vento intenso, a paisagista Greice Peralta recomenda observar se as folhas estão filetadas, parecendo com uma franja. “A quebra de galhos, queda de uma quantidade significativa de folhas, até mesmo o tombamento, confirma que estas espécies não são resistentes ao vento”, diz Greice.
O vento excessivo também pode ter relação direta com a maior ocorrência de doenças nas plantas. Isso porque ele contribui para transportar fungos e vírus de uma muda para outra. “Além disso, ao enfraquecê-la, o vento deixa a planta mais suscetível a contrair certas enfermidades e pragas, como ferrugem, pulgão e cochonilha”, finaliza Sedo.
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